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"Guerra de Putin é imperialista", afirma Olaf Scholz

Rebecca Staudenmaier
24 de maio de 2022

Em entrevista à DW, em sua primeira visita à África, chanceler federal da Alemanha ressalta efeitos da guerra para segurança alimentar e diz ter alertado Putin sobre resposta que Rússia receberia se invadisse Ucrânia.

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Chanceler federal alemão, Gerhard Scholz
Chanceler federal alemão, Gerhard Scholz, falou à DW a partir de Joanesburgo, África do Sul

Dar fim à guerra da Rússia contra a Ucrânia "seria o melhor para todo o globo", declarou o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, nesta terça-feira (24/05), em entrevista à DW na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Ele condenou a decisão do presidente Vladimir Putin de travar "uma guerra muito brutal", numa "abordagem imperialista".

Em conversas diretas com Putin, o social-democrata alemão o teria alertado que a guerra "nunca terá um bom resultado" para a Rússia. Em sua opinião, as sanções internacionais estão atingindo com dureza a economia do país, e terão efeitos duradouros.

"Eles vão retroceder décadas em suas oportunidades de desenvolvimento econômico, vão sofrer e já estão sofrendo. E para sair disso, [Putin] tem que parar a guerra", frisou Scholz. O fim do conflito seria vital não só para a segurança da Europa como para a paz global.

Mais petróleo e gás e boas relações com África

Em meio à alta global dos preços de energia, gerada tanto pela guerra na Ucrânia em si quanto pelo embargo aos combustíveis russos, Scholz confirmou que a União Europeia e os Estados Unidos estão trabalhando juntos para reduzir os custos.

"Vamos ter uma situação muito difícil, considerando os preços do combustível. É óbvio que não será praticável subvencioná-los para que baixem, nem mesmo num nível global." Assim, "é necessário começarmos a incrementar o abastecimento".

Esquerda, direita, Brasil e a guerra na Ucrânia

"Estamos agora discutindo com todos esses países que exploram petróleo e gás e tentando convencê-los a aumentar suas capacidades, de forma a ajudar o mercado mundial."

Porém Scholz também expressou preocupações de caráter humanitário, em sua primeira visita ao continente africano desde que assumiu o cargo, em 8 de dezembro de 2021: "Está claro que muitos países estão sofrendo com essa guerra e com o agressor russo. E por isso estamos muito decididos a ajudá-los."

Berlim está se empenhando, por exemplo, em apoiar o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, a fim de compensar a escassez de cereais que afeta a África de modo especialmente severo.

"A Alemanha e todos os países com um passado colonialista precisam ser bem honestos e admitir que ele é parte de sua história, e que eles têm a responsabilidade de melhorar a relação com as nações, por exemplo, da África. E isso é também a base para um bom relacionamento no futuro."

Encarar o passado colonialista e se engajar para aprofundar a cooperação "é a base para um mundo multilateral", consistindo de "países que cooperam por um futuro melhor", afirmou o chanceler federal.

Antes de chegar à África do Sul, Scholz encontrou-se com líderes do Senegal, dirigiu-se às tropas alemãs no Níger. "A África é o continente vizinho à Europa, portanto é essencial nos empenharmos intensamente para ter boas relações com todos os seus Estados, assim como é importante desenvolvermos boas relações com todos os governos democráticos do globo", observou.