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Guaidó anuncia greve do serviço público contra Maduro

5 de março de 2019

Autoproclamado presidente interino se reúne com líderes sindicais de estatais sob controle do chavismo e afirma que paralisação foi proposta pelos próprios trabalhadores. Data da greve não é divulgada.

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Juan Guaidó
Guaidó anuncia greve após reunião com sindicalistasFoto: picture-alliance/dpa/sincepto/R. Hernandez

O líder oposicionista Juan Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como presidente interino da Venezuela, anunciou nesta terça-feira (05/03) uma greve no serviço público contra o governo de Nicolás Maduro. A paralisação pretende aumentar a pressão sobre o regime venezuelano.

"Vamos fazer uma greve gradual na administração pública, uma decisão proposta pelos próprios trabalhadores que não querem cooperar com o regime", afirmou Guaidó a jornalistas em Caracas.

O anúncio foi feito depois de uma reunião do líder da oposição com integrantes de vários sindicatos e representantes dos funcionários públicos. Entre os presentes estavam representantes dos funcionários do Ministério do Exterior, das empresas estatais de energia elétrica, petróleo e telefonia, todas sob o controle do chavismo.

"Produto desta reunião, vamos construir as capacidades para não continuar colaborando com a ditadura e para que os funcionários públicos não sejam obrigados nunca mais a cooperar ou ser obrigados a nada", destacou Guaidó. "O momento é agora. O momento chegou. Apoiamos os funcionários públicos para tornar efetiva essa greve, essa paralisação, e que nunca mais utilizem a nossa burocracia para oprimir o povo", ressaltou.

A data da greve não foi anunciada. Guaidó disse também que a Assembleia Nacional, de maioria opositora, realizará reuniões com as maiores centrais sindicais do país, que agrupam mais de 600 sindicatos, para planejar ações que serão anunciadas progressivamente.

"Sabemos que surgirão ameaças, perseguição", disse, após fazer uma crítica sobre o país ter hoje "indicadores de guerra", como uma diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 50% e uma inflação que superou os 2.000.000% no ano passado.

"A pressão apenas começou. O movimento social agora é que vai para às ruas", afirmou ele, sem deixar de lembrar que a "luta" dos trabalhadores é anterior à tensão política, pois no ano passado os sindicatos lideraram o maior conflito trabalhista da história do país, como dezenas de protestos.

Maduro foi reeleito com folga em maio do ano passado, mas o pleito é considerado fraudado, entre outros motivos, por conta da impossibilidade dos principais adversários participarem da disputa. Diante disso, Guaidó assumiu de forma interina e lidera várias ações para recuperar a democracia.

Retorno à Venezuela

A greve foi anunciada um dia após Guaidó, de 35 anos, retornar à Venezuela ao fim de uma turnê pela América Latina, que incluiu Equador, Colômbia, Paraguai, Argentina e Brasil, onde se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro.

Guaidó deixou a Venezuela em 22 de fevereiro, quando viajou à Colômbia para participar da tentativa de entrega de ajuda humanitária a seu país por vias terrestres, que acabou sendo frustrada pelas forças do regime de Maduro.

O presidente venezuelano ameaçou prender Guaidó se ele retornasse ao país, acusando-o de ter desrespeitado uma proibição judicial de deixar a Venezuela. Devido à ameaça, o retorno do oposicionista vinha sendo visto com preocupação por observadores internacionais.

O líder opositor, porém, foi recebido pacificamente por uma multidão de apoiadores e por embaixadores e representantes diplomáticos de vários países europeus e latino-americanos. O governo de Maduro ainda não se manifestou sobre o retorno do presidente autoproclamado.

Em seu primeiro discurso depois da viagem de Guaidó pela América do Sul, Maduro disse apenas que seu governo derrotará a minoria e convocou um "protesto anti-imperialista" para o próximo sábado, mesmo dia de uma manifestação organizada pela oposição.

Guaidó é presidente da Assembleia Nacional, órgão que representa o Poder Legislativo da Venezuela, de maioria opositora, mas cujos poderes foram suprimidos pelo regime de Maduro. Ele se autoproclamou presidente interino do país no fim de janeiro, sendo legitimado por mais de 50 países, entre eles os Estados Unidos, o Brasil e vários outros da região. Potências como China e Rússia, por sua vez, seguem respaldando Maduro. 

 CN/efe/lusa/rtr/dpa

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