Governo vai boicotar empresas corruptas
18 de março de 2002O governo da Alemanha decidiu tomar as primeiras providências em conseqüência do escândalo de doação ilegal no diretório do Partido Social Democrático (SPD), em Colônia. O presidente nacional do partido é o chanceler federal, Gerhard Schröder. O ministro da Economia, Werner Müller, anunciou a criação de um registro anticorrupção para enquadrar as empresas que paguem propinas ou façam doação ilegal a partidos políticos.
"Não somos uma república de bananas. Por isso essas firmas não devem mais receber encomenda pública", justificou o único ministro sem partido da coalizão de governo social-democrata e verde, em Berlim, nesta segunda-feira (18). Na lista de firmas condenadas a não receber encomendas estatais constam até agora somente as que não pagam os salários previstos nos acordos coletivos de trabalho.
Além da lista negra, o secretário-geral do SPD, Franz Müntefering, anunciou um agravamento da lei orgânica dos partidos para impossibilitar doações ilegais de firmas às legendas. A Alemanha ocupa o 20º lugar na lista dos países menos corruptos elaborada pela Transparência Internacional. A relação é liderada pelos países escandinavos.
Escândalo
- A iniciativa do ministro da Economia é a primeira providência do governo federal depois do escândalo em Colônia. Em depoimento na semana passada, o ex-líder da bancada social-democrata Norbert Rüther confessou ter transferido ao SPD doações anônimas de 424 mil euros (US$ 372,69 mil).Por causa do escândalo, Rüther renunciou a todos os cargos que ocupava e ao mandato parlamentar e também abandonou a política. Ele está sendo pressionado agora a revelar os nomes dos doadores anônimos, sob pena de ser preso.
Propinas
- O Ministério Público está investigando se as doações ilegais estão relacionadas com o pagamento de propinas milionárias na construção de um centro de incineração de lixo em Colônia. A imprensa denunciou, no início de março, que o SPD da cidade dividiu grandes somas de doações ilegais em pequenas parcelas e distribuiu recibos entre membros do partido.Em depoimento à Promotoria Pública nesta segunda-feira (18), outra figura-chave do escândalo, o ex-tesoureiro do SPD em Colônia Manfred Biciste admitiu ter distribuído numerosos recebidos de doações entre correligionários, sem o conhecimento deles. Nesse mesmo dia expira o ultimato da cúpula nacional do SPD para que 109 políticos do partido no Estado da Renânia do Norte-Vestfália divulguem uma declaração de honra sobre o escândalo. Os envolvidos estão ameaçados de ser cortados da lista de candidatos às eleição parlamentares e expulsos do partido.