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Governo e oposição acertam diálogo para pôr fim à crise na Venezuela

9 de abril de 2014

Em reunião preparatória, governo e oposição concordam em iniciar em breve um diálogo. Ausência de vários líderes opositores indica que um acordo não será fácil.

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Maduro durante encontro com representantes da UnasulFoto: Reuters

O governo do presidente Nicolás Maduro e a oposição venezuelana concordaram nesta terça-feira (08/04) em iniciar uma rodada de conversações para pôr fim à mais violenta onda de protestos na última década na Venezuela, durante uma reunião preliminar realizada à tarde.

Em seu programa semanal na TV, Maduro destacou que a reunião "muito importante" entre o vice-presidente Jorge Arreaza e o secretário-geral da aliança oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD), Ramón Guillermo Aveledo, é o caminho a seguir após semanas de protestos que deixaram 39 mortos e centenas de feridos.

Após o encontro preliminar desta terça, que teve a mediação de chanceleres da Unasul, governo e oposição disseram que a próxima reunião acontecerá em breve em Caracas, com representantes do Vaticano, do Brasil, do Equador e da Colômbia como facilitadores.

O presidente venezuelano afirmou que o diálogo com os adversários deverá acontecer provavelmente nesta quinta-feira, apesar das divergências políticas e ideológicas. "Nem vamos convertê-los ao socialismo bolivariano nem eles nos converterão em capitalistas", apontou Maduro.

Apesar de ver boas intenções em ambos os lados, Aveledo disse que o caminho a seguir é difícil. A ausência do líder opositor Henrique Capriles, derrotado na última eleição presidencial, e de Leopoldo López, que está preso, demonstra a divisão da oposição e dá a entender que o diálogo não é aceito por todos.

O partido Voluntad Popular, de López, divulgou nota afirmando que não participará das negociações "enquanto existirem repressão, encarceramento e perseguição". López instigou seus seguidores a permanecer nas ruas, a exemplo da deputada oposicionista cassada María Corina Machado.

Diálogo, mas sem negociação

Maduro assegurou estar totalmente de acordo com a recomendação do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva de formar um governo de coalizão, mas descartou negociar os princípios socialistas de seu governo.

Proteste in Venezuela (Bildergalerie)
Protestos já causaram 39 mortes e mais de 600 feridos nas últimas semanas no paísFoto: Federico Parra/AFP/Getty Images

Após semanas de protestos contra o governo, Lula propôs "estabelecer uma política de coalizão, construir um programa mínimo e diminuir a tensão". Maduro disse ter interpretado essas palavras como um chamado para fortalecer a "coalizão socialista" de partidos que apoia o seu governo, descartando que um possível diálogo com a oposição venha a negociar os princípios socialistas de sua administração.

"O que não existe na Venezuela é uma negociação, eu nunca vou participar de uma negociação, não tenho nada a negociar com ninguém, nem pactos nem nada disso, nem negociação nem pactos, aqui o que existe é um debate, um diálogo, que é diferente de uma negociação e de um pacto", afirmou Maduro.

O presidente venezuelano pediu ainda às instituições, às Forças Armadas e aos venezuelanos chavistas e patriotas todo o apoio para encarar o "caminho difícil do diálogo com os adversários da revolução" bolivariana.

O mandatário argumentou que os opositores tentam derrubá-lo desde o momento em que foi proclamado presidente, após haver ganhado com menos de 2 pontos percentuais de diferença as eleições presidenciais de 14 de abril de 2013, que não foram aceitas pela oposição após denúncias de irregularidades.

Protestos contra Maduro

Indagado sobre o pedido de uma anistia para libertar os detidos durante os protestos, Maduro prometeu que em seu governo "vai haver justiça, não vai haver impunidade" para os grupos responsáveis pela violência das últimas semanas.

Desde o início de fevereiro milhares de opositores de Maduro saíram às ruas das principais cidades venezuelanas para protestar contra a alta inflação, a falta de produtos básicos e a crescente violência.

De acordo com dados oficiais, os protestos resultaram em 39 mortos, 608 feridos, 81 denúncias de alegadas violações dos direitos humanos e grandes perdas materiais.

CA/dpa/lusa/rtr