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GM encolhe negócios na Europa

Martin Schrader / sv13 de junho de 2004

Maior montadora de automóveis do mundo, a General Motors enfrenta dificuldades no mercado europeu com sua subsidiária Opel. A conseqüência da crise leva a uma verdadeira ciranda de pessoal dentro dos quadros do grupo.

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Opel em Rüsselsheim: cortes anunciadosFoto: AP

Os executivos da General Motors do outro lado do Atlântico observam já há anos seus negócios na Europa com preocupação. Desde 2002, a montadora líder do mercado mundial teve que engolir um prejuízo de quase um bilhão de dólares. Apenas no primeiro trimestre de 2004, já se foram 116 milhões de dólares.

Grande parte dessas cifras registradas no vermelho provêm da subsidiária européia da GM, a Opel AG. Por essa razão, os americanos deixaram praticamente sem comemorações o último 17 de março, data que marcou os 75 anos do ingresso da GM na Opel.

Nova estratégia

Carl-Peter Forster
Carl-Peter Forster, presidente da Opel. Brevemente em Zurique coordenando os negócios europeus da GM.Foto: AP

Com o objetivo de tirar o grupo da crise em que se encontra na Europa, o presidente Richard Wagoner Jr. promove uma verdadeira ciranda nos quadros da GM no continente. Segundo informações divulgadas pela imprensa, Carl-Peter Forster, atual presidente da Opel, será remanejado para a central da GM em Zurique. Lá ele deverá assumir o cargo de diretor operacional, o segundo posto na hierarquia abaixo do presidente Fritz Henderson, que responde pela função apenas desde o último 1º de junho.

Acredita-se que o sucessor de Forster na unidade da montadora em Rüsselsheim deverá ser o atual diretor de desenvolvimento, Hans Demant. Embora os boatos não sejam nem confirmados nem desementidos oficialmente, círculos ligados aos bastidores do grupo afirmam que o remanejamento de posto de Forster deverá ocorrer ainda em junho.

A mudança condiz com a estratégia para a Europa anunciada recentemente por Robert A. Lutz, vice-presidente da GM. Lutz divulgou há pouco seus planos de, ainda este ano, centralizar o controle operacional das marcas GM na Europa – Opel, Saab e Vauxhall.

A organização central destinada a assumir o controle nesse caso seria, sem dúvida, a GM Europa em Zurique, a partir de onde os setores de produção e desenvolvimento passariam a estar intimamente ligados. Isso significa que os modelos Saab podem passar a ser produzidos nas esteiras da Opel. Para a subsidiária britânica da GM, a Vauxhall, a Opel já fornece no momento know-how tecnológico.

"Decisões difíceis"

Os planos de Lutz lembram uma estratégia já implementada dentro da concorrente Ford, por exemplo, à qual pertence, entre outras, a montadora japonesa Mazda. O econômico Mazda 3 utiliza a mesma plataforma que o Ford Focus; o Mazda 6, a mesma do Ford Mondeo. Essa forma de produção possibilita à Ford AG conter despesas.

"Muitas coisas são feitas duas, três, até quatro vezes, tudo seguindo diretrizes de competência nem sempre claras", critica Lutz em entrevista a um jornal, anunciando que a situação deve, no entanto, mudar. Na nova estrutura, estão incluídas medidas de contenção de gastos. "Temos que economizar de forma radical. Decisões mais austeras estão por vir", completa Lutz.

Conseqüências para os funcionários

Opel Zafira
ZafiraFoto: AP

Os empregos nas unidades da Opel na Alemanha podem estar, assim, na corda bamba. Desde que o programa de reestruturação da montadora intitulado Olympia entrou em vigor, no segundo semestre de 2001, houve um corte de 2500 empregos. O conselho de fábrica teme reduções de pessoal ainda maiores.

No início de junho, milhares de funcionários protestaram diante da sede da Opel, em Rüsselsheim, em prol de um melhor aproveitamento das fábricas. O pivô das manifestações foi a decisão da matriz da GM de abdicar da produção da van compacta Zafira, que até agora ainda está sendo montada em Bochum, mas corre o risco de passar para a unidade de Gliwice, na Polônia.

No momento, a fábrica da GM em Rüsselsheim tem sua capacidade explorada apenas parcialmente. A jornada de trabalho no setor de produção foi reduzida a 30 horas semanais, visando evitar o corte de 1200 empregos. Resta saber se Forster terá interesse em manter esses empregos quando, de Zurique, assumir a responsabilidade por toda a rede da GM na Europa.