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Garotas se sentem gordas, garotos de fato são

Fabian Schmidt (av)21 de março de 2016

Muitas meninas se sentem mais gordas do que são. Já, entre os meninos, é o contrário: muitos são mais gordos do que pensam, afirma relatório da OMS sobre saúde de adolescentes entre 11 e 15 anos em países desenvolvidos.

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Foto: Fotolia/Africa Studio

O mais recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre "Comportamento de saúde de crianças em idade escolar" fornece uma boa noção do que se passa nos corpos e mentes dos adolescentes dos países desenvolvidos. Para tal foram consultados cerca de 220 mil escolares entre 11 e 15 anos de idade de 42 países da Europa, assim como de Israel, Rússia, Canadá e Groenlândia.

No estudo, cujo título por extenso é Crescendo na desigualdade: Diferenças de gênero e status socioeconômico na saúde e bem-estar dos jovens, além de tópicos como peso e consumo de substâncias causadoras de dependência, a OMS procurou abordar a situação de vida geral dos jovens, da comunicação com os responsáveis à nutrição, atividades de lazer, esporte e higiene dental, passando por estresse e bullying.

Lembrando que a organização sediada em Genebra, na Suíça, desaconselha expressamente que se tracem correlações apressadas e falsas causalidades com base nos números, a DW compilou a seguir alguns dados relevantes contidos no HBSC 2016 (sigla em inglês do relatório).

Infografik Mädchen und Jungen: Wahrheit und Wahrnehmung Übergewicht Portugiesisch
Discrepância entre excesso de peso real e percebido, em adolescentes de 15 anos

Excesso de peso, real e imaginário

O número de meninos que apresentam excesso de peso é maior do que o de meninas: no Canadá, Grécia e Chipre a percentagem chega a 30%. Em grande parte da Europa, inclusive a Alemanha, a proporção ultrapassa os 20%.

Entre as jovens de 15 anos, por outro lado, somente no Canadá, Groenlândia e Chipre a proporção real de "gordinhas" alcança ou ultrapassa os 20%. Apesar disso, em quase todos os países estudados, mais de um terço das meninas acredita que precisa emagrecer urgentemente.

Comunicação com a família

Na Albânia, Grécia, Hungria e Armênia, a maioria dos rapazes sente contar com o apoio da família. No geral, a grande maioria, tanto dos meninos quanto das meninas (86% e 91%, respectivamente) afirma ter facilidade de conversar com a mãe.

Já a comunicação com o pai parece mais difícil: apenas 54% das albanesas de 15 anos entrevistadas não encontra obstáculos nesse aspecto, contra 81% dos garotos. A Groenlândia e a Ucrânia acusaram os níveis mais baixos de apoio familiar percebido.

Refeições familiares e alimentação saudável

Para as famílias portuguesas, albanesas e italianas, o jantar em conjunto ainda tem um grande valor – ao contrário das polonesas, finlandesas, tchecas e eslovacas, onde a relevância da refeição familiar é mínima.

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Onde se costuma comer junto, a tendência é haver muitas frutas frescas na mesa, sendo Armênia, Albânia, Portugal e Itália os campeões entre os frugívoros. Os portugueses também se destacam na regularidade do café da manhã em família.

Muita TV e internet não excluem esportes

"Os jovens fazem pouco esporte porque só ficam sentados na frente da televisão", reza um preconceito frequente. O estudo da OMS não sustenta essa crença: embora os da Itália ocupem o penúltimo lugar nas atividades esportivas, ao lado dos israelenses, eles não dedicam tanto tempo à TV.

Em contrapartida, os adolescentes da República da Moldávia são os campeões televisivos – mas também na prática de esportes. Também búlgaros, holandeses e albaneses passam muitas horas diante da telinha doméstica – ao contrário de portugueses, irlandeses, suíços, islandeses e eslovenos.

Os jovens moldávios quase não utilizam as redes sociais para se manter em contato com os amigos; os romenos e tchecos, ainda menos. Realmente obcecados pelo Facebook & cia. parecem ser os escolares da Macedônia, Bulgária, Áustria, Ucrânia e Rússia.

Consumo de álcool, crônico ou agudo

Ao todo, o HBSC 2016 demonstra um recuo no consumo de álcool e tabaco, que aparentemente perderam status cool junto aos jovens. Ainda assim, é grande o número de fumantes de 15 anos, sobretudo na Groenlândia, França, Itália, Hungria e Croácia.

Na Alemanha, 20% das moças e 15% dos rapazes fumam. No Canadá, Islândia, Noruega e Armênia, por outro lado, o consumo de tabaco nessa faixa etária é quase nulo.

Embora esse também seja o caso de Israel, o país está entre os primeiros no consumo regular de álcool entre os jovens, depois de Bulgária, Malta, Romênia e Albânia. O maior número de pessoas entre 13 e 15 anos que já se embriagaram seriamente alguma vez foi registrado na Dinamarca e na Lituânia.

Maconha e sexo

Muitos jovens de 15 anos já experimentaram um "baseado" na República Tcheca, país onde também um número relativamente grande de meninas já teve as primeiras vivências sexuais. A correlação se confirma na Armênia, República da Moldávia e Albânia, onde é reduzida tanto a experiência com canabis quanto com sexo.

Contrariando as expectativas, diante da liberalidade no país, os adolescentes holandeses que fumam maconha só ocupam a posição mediana no ranking da OMS, cabendo a liderança à França e ao Canadá. O maior número de jovens de 15 anos iniciadas sexualmente se concentra no Reino Unido, onde o uso de preservativos é abaixo da média.

Violência e contentamento

No tocante à violência, a comparação entre as duas regiões da Bélgica é interessante. Enquanto na Valônia, de idioma francês, 11% das meninas e 36% dos meninos de 11 anos estiveram envolvidos recentemente numa pancadaria, a situação é bem mais tranquila nas escolas de Flandres, de língua flamenga, onde as brigas se limitam a 2% das garotas e 15% dos garotos.

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Ao mesmo tempo, os escolares valões se dizem mais satisfeitos com a vida do que os flamengos – desmentindo a impressão que uma certa brutalidade na classe de aula possa afetar o nível de contentamento pessoal.

Por fim, o estudo da OMS parece confirmar o dito popular que dinheiro não traz felicidade: o grau mais alto de satisfação juvenil é registrado nas relativamente pobres Albânia, Armênia e República da Moldávia – embora também na abastada Holanda.