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G7 testa aliados históricos

Michael Knigge md
7 de junho de 2018

Cúpula no Quebec reúne potências num momento tido por muitos como um ponto histórico de divisão entre americanos e seus principais aliados. Clima é de desconfiança, e EUA podem sair ainda mais isolados.

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Líderes do G7 em reunião na Itália
Líderes do G7 em reunião na Itália: Trump foi classificado pela mídia dos EUA como "participante marginal" do encontroFoto: Reuters/Bundesregierung/G. Bergmann

A cúpula do G7, que começa nesta sexta-feira (08/06) no Quebec, reunirá os líderes de Canadá, EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão, num momento que muitos veem como um ponto histórico de divisão entre americanos e seus principais aliados.

O governo Donald Trump impôs tarifas rígidas sobre as importações de aço e alumínio a cinco de seus seis parceiros do G7. Também recentemente iniciou uma investigação comercial que poderá provocar tarifas adicionais sobre carros importados.

As tarifas baseiam-se no que é amplamente visto como uma justificativa espúria: que as importações representam uma ameaça à segurança nacional americana, embora todos os países presentes na reunião do G7 também sejam membros da Otan ou tenham uma parceria de segurança de longa data com os EUA, como o Japão.

Embora as tarifas – que Europa e Canadá tentaram evitar a todo custo – sejam mais recentes, elas são apenas as últimas em uma lista cada vez mais longa de divergências profundas entre EUA e seus aliados.

Não muito antes das medidas tarifárias, o governo Trump – novamente contra a oposição conjunta de seus aliados – se retirou do acordo nuclear com o Irã. E, em uma decisão anterior, que abalou as relações com seus aliados, retirou os EUA também dos acordos do clima de Paris, depois de fazer sua aparição inaugural na cúpula do G7 no ano passado na Itália.

Embora Trump já tenha sido caracterizado pela mídia dos EUA como "um participante marginal" da última reunião do G7, as divisões entre ele e os outros líderes só cresceram desde então.

O presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, recentemente não conseguiram convencer Trump a não impor tarifas aos aliados.

Em um sinal de quão profunda é a divergência, seis dos sete ministros das Finanças do G7 no último fim de semana deram o passo incomum de divulgar uma mensagem conjunta repreendendo Washington por aplicar as sobretaxas.

"É verdade que as medidas unilaterais do governo na área de comércio contra os aliados dos EUA estão corroendo os antigos laços de confiança mútua", admite Daniel Price, ex-representante pessoal do presidente americano George W. Bush nas cúpulas do G8 e G20. "E quando você considera também a retirada do acordo com o Irã e a imposição de sanções aos nossos aliados que querem preservar o acordo, os EUA estão cada vez mais isolados no G7."

Ministro das Finanças do G7 em reunião no Canadá
Ministro das Finanças do G7 em reunião no Canadá: mensagem conjunta repreendeu WashingtonFoto: picture-alliance/The Canadian Press/J. Hayward

Para Roland Paris, um ex-assessor para política externa do premiê canadense Justin Trudeau e atualmente professor da Universidade de Ottawa, a atual divisão entre os EUA e o Canadá é mais grave do que qualquer desacordo anterior entre os países.

"Eu acho que a situação agora é sem precedentes nas relações entre Canadá e EUA", frisa. "Houve momentos de tensão antes, mas nenhum governo dos EUA jamais caracterizou as importações canadenses como ameaças à segurança nacional."

Apesar do atrito entre os EUA e seus aliados, que nem Price nem Paris acreditam que será resolvido, eles acham que a reunião do G7 ainda pode ser valiosa – ao menos para mostrar as diferenças entre os dois lados.

Ainda assim, os ex-conselheiros não têm a ilusão de que grandes resultados tangíveis, por exemplo no comércio, possam ser alcançados na reunião.

"Eu consideraria um sucesso se houvesse uma troca de opiniões honesta e franca e se isso fizer com que o presidente dos Estados Unidos voltasse para casa consciente do quão divisivas e destrutivas foram suas ações de política comercial", diz Price. "Sob essas circunstâncias, eu consideraria esta cúpula um sucesso se não produzir uma ruptura aberta entre os EUA e seus aliados”, afirma, por sua vez, Paris.

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