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França impõe terceira prisão perpétua a Carlos, o Chacal

28 de março de 2017

Terrorista venezuelano é condenado por um atentado executado no centro de Paris em setembro de 1974, que deixou dois mortos e dezenas de feridos. Ele criticou o processo como "paleontologia judiciária".

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Carlos durante o outro julgamento que lhe rendeu perpétua, em 2013
Carlos durante o outro julgamento que lhe rendeu perpétua, em 2013Foto: picture-alliance/dpa

O terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez – conhecido pelo codinome "Carlos, o Chacal" – foi sentenciado nesta terça-feira (28/03) na França à prisão perpétua, a terceira pena do tipo que recebe. Desta vez, a condenação foi por um atentado executado no centro de Paris em setembro de 1974.

Carlos, de 67 anos, foi julgado pelo Tribunal Criminal de Paris. Ao todo, 27 pessoas e três associações de vítimas tomaram parte na acusação. O ataque resultou na morte de François Benzo e David Grunberg, vítimas de uma granada lançada na Publicis Drugstore, uma galeria comercial do Boulevard Saint-Germain. Outras 40 pessoas ficaram feridas.

Ao entrar no tribunal, o terrorista jogou beijos para o público. Ele denunciou o julgamento como "paleontologia judiciária" e criticou como "absurdo" o processo continuar em andamento 43 anos após o crime. Seu advogado argumentou que condená-lo apenas elevaria seu status cult.

A ação judicial chegou a ser arquivada em 1983. Tudo mudou em 1994, quando Carlos foi capturado no Sudão em uma operação do serviço secreto francês.

Carlos, o Chacal, ficou famoso internacionalmente nos anos 70 e 80 por uma série de ataques terroristas
Carlos, o Chacal, ficou famoso internacionalmente nos anos 70 e 80 por uma série de ataques terroristasFoto: Keystone/Getty Images

O caso acabou sendo reaberto em janeiro de 1995 e, em fevereiro do ano seguinte, o Chacal foi acusado pelo atentado. Desde então, sua advogada, Isabelle Coutant-Peyre, vem tentando invalidar as acusações, com pouco sucesso.

Os argumentos da defesa de que os crimes já prescreveram e de que não há provas que identifiquem seu cliente foram sucessivamente recusados até que, em 2016, a Justiça decidiu levá-lo definitivamente a julgamento.

A primeira pena de prisão perpétua para Carlos foi ditada em 1997, quando ele foi condenado pelo assassinato dois agentes secretos franceses em Paris em 27 de junho de 1975.

Em junho de 2013, a Justiça confirmou outra condenação de prisão perpétua a Carlos, por quatro atentados cometidos na França em 1982 e 1983. Os ataques resultaram na morte de 11 pessoas. Outras 200 ficaram feridas.

Carlos, o Chacal, ficou famoso internacionalmente nos anos 70 e 80 por uma série de ataques terroristas, incluindo o sequestro de representantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em Viena, em 1975. Na ocasião, três pessoas morreram.

Nascido em Caracas em 1949, Ramírez era um advogado marxista. Estudou em Moscou e se mudou para o Líbano, onde ingressou na Frente Popular para a Libertação da Palestina. Na Europa, manteve ligações com o grupo terrorista alemão Fração do Exército Vermelho (RAF, na sigla em alemão). Ganhou a alcunha de Carlos, o Chacal após uma cópia do livro O dia do chacal, de Frederick Forsyth, ser encontrada por policiais em um quarto de hotel em que ele se hospedou.