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TerrorismoFrança

França: autor de ataque em trem deve cumprir prisão perpétua

9 de dezembro de 2022

Terrorista que invadiu trem portando armas e canivete teve recurso negado pela Justiça francesa, o que confirma sentença proferida em dezembro de 2020. Durante o ataque, ele foi imobilizado e desarmado por passageiros.

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Policiais com uniformes e chapéus pretos, e com máscaras devido à pandemia de coronavírus, fazem a escolta em um tribunal de Paris. Eles estão de costas e caminham em um longo corredor.
Sentença de prisão perpétua ao réu do ataque foi proferida em dezembro de 2020, em ParisFoto: Francois Mori/AP/dpa/picture alliance

O Tribunal de Apelação de Paris rejeitou nesta quinta-feira (08/12) um recurso contra a pena de prisão perpétua imposta a um militante islamista que entrou armado em um trem que ia de Amsterdã a Paris, em 21 de agosto de 2015, e atacou e feriu passageiros.

Com isso, a Justiça francesa reiterou a sentença ao marroquino Ayoub el Khazzani, atualmente com 33 anos. Agora, ele e seus advogados têm cinco dias para decidir se entram com um recurso final na Suprema Corte.

Na ocasião, Khazzani iniciou um ataque com armas de fogo pouco depois de o trem, de alta velocidade, ter cruzado a fronteira da Bélgica com a França.

Portando uma metralhadora, uma pistola e um estilete, ele foi imobilizado e desarmado por três americanos – os militares Spencer Stone e Alex Skarlatos, além de Anthony Sadler – um britânico, Chris Norman, e um francês. O episódio inspirou o filme "The 15:17 to Paris", de Clint Eastwood.

Ninguém morreu no atentado. Uma pessoa foi atingida por uma bala. Outra vítima, um ator francês, também ficou ferido.

Em dezembro de 2020, uma corte de Paris considerou o réu culpado por tentativa de homicídio com intenção de cometer ato terrorista de forma intencional.

Nesta quinta-feira, o Tribunal de Apelação de Paris acrescentou que Khazzani passará pelo menos 22 anos preso sem direito a liberdade condicional.

"O tribunal considerou que as declarações que você fez na audiência (...) levantaram dúvidas se um processo genuíno de autoexame foi realizado", declarou um dos juízes ao ler o veredicto.

Khazzani, que é mantido em isolamento desde 2015, expressou "arrependimento" e "vergonha" antes de o veredicto ser lido no tribunal. No entanto, o presidente do júri, David Hill, disse que o réu ofereceu poucas informações que pudessem auxiliar os investigadores para tentar entender como ele preparou o ataque.

Supostos cúmplices não apelaram

O terrorista admitiu que entrou no trem armado com uma espingarda automática AK-47 e uma pistola, além de 300 cartuchos de munição, dizendo que buscava atacar soldados americanos.

Para se preparar para o atentado, ele entrou em um banheiro e, em seguida, atirou em um passageiro que tentou detê-lo, o que chamou a atenção de outras pessoas.

"Fizemos apenas o que tínhamos que fazer para sobreviver", disse Skarlatos durante o primeiro julgamento.

Khazzani, por sua vez, afirmou que agiu sob ordens do belga Abdelhamid Abaaoud, um dos líderes dos ataques terroristas de novembro de 2015 em bares e restaurantes de Paris que deixaram 130 mortos.

Três supostos cúmplices de Khazzani e Abaaoud, condenados a penas de prisão entre sete e 27 anos, não apelaram de suas condenações.

O ataque ocorreu quando a França ainda se recuperava do trauma dos atentados perpetrados por terroristas na sede da revista Charlie Hebdo, em 7 de janeiro de 2015, que deixou 12 mortos.

Esse episódio marcou o início de uma onda de ataques terroristas em solo francês, muitas vezes executados pelos chamados "lobos solitários", que agiam em favor de grupos jihadistas como o Estado Islâmico.

gb (Reuters, AFP)