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PolíticaFrança

França anuncia flexibilização gradual do lockdown

25 de novembro de 2020

Macron diz que o pior da segunda onda de covid-19 passou e espera iniciar vacinação já no fim do ano. Lojas reabrem no sábado, enquanto cidadãos poderão deixar suas casas em 15 de dezembro e passar o Natal em família.

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O presidente da França, Emmanuel Macron
"Devemos fazer de tudo para evitar uma terceira onda", disse o presidente francês em pronunciamentoFoto: Laurent Theilelt/dpa/picture alliance

A França decidiu aliviar gradualmente suas rígidas medidas de lockdown contra a pandemia de coronavírus, iniciando com a reabertura das lojas no próximo fim de semana, anunciou nesta terça-feira (24/11) o presidente francês, Emmanuel Macron.

Em discurso transmitido pela televisão, o chefe de Estado afirmou que a pior parte da segunda onda de covid-19 já passou no país, mas destacou a necessidade de que as medidas sejam relaxadas aos poucos, a fim de evitar um novo pico nos contágios.

"Devemos fazer de tudo para evitar uma terceira onda e evitar um terceiro lockdown", declarou o presidente, pedindo que os mais vulneráveis sejam protegidos e que as pessoas usem máscaras "inclusive quando estão com amigos ou familiares que não morem na mesma casa".

Tendências positivas nos números relativos à epidemia, incluindo um declínio nas hospitalizações motivadas pela covid-19, combinadas com uma pressão dos lobistas empresariais, que dizem estar enfrentando uma ruína financeira, levaram a pedidos pela flexibilização das medidas.

Lojas reabrirão no próximo sábado, mas os habitantes ainda precisarão preencher um documento e levá-lo consigo quando deixarem suas casas, justificando sua necessidade de estar nas ruas.

Por outro lado, os franceses agora terão permissão para se exercitar ao ar livre durante três horas por dia num raio de 20 quilômetros de suas casas, em vez de uma hora num raio de 1 quilômetro, como é atualmente permitido.

O governo prevê ainda suspender a quarentena nacional em 15 de dezembro, mas apenas se o número de novos casos de infecção cair para cerca de 5.000 por dia, afirmou Macron. Nesse caso, um toque de recolher deverá ser imposto entre 21h e 7h da manhã.

Isso significa que, se o lockdown realmente for levantado, os franceses estarão livres para viajar pelo país para ver suas famílias nas festas de Natal e Ano Novo – apesar do toque de recolher noturno, que valerá também durante os feriados.

Segundo Macron, reuniões públicas entre muitas pessoas não serão permitidas na noite de 24 de dezembro nem no Réveillon. "As férias de Natal não serão as mesmas de antes, isso com certeza", reconheceu o presidente.

Com o objetivo de impedir um novo avanço do vírus, ele informou que restaurantes, cafés e bares, assim como escolas de ensino médio, deverão ficar fechados até 20 de janeiro.

As 350 estações de esqui da França, que estão entre as mais populares da Europa, também só deverão reabrir em janeiro.

Após toques de recolher nas principais cidades francesas em meados de outubro não terem apresentado os resultados esperados pelo governo, Paris impôs um lockdown nacional em 30 de outubro com validade de um mês, embora menos estrito do que a quarentena implementada entre 17 de março e 11 de maio, durante a primeira onda.

Autoridades francesas afirmam que os cidadãos passaram a ignorar as regras de distanciamento social e higiene muito rapidamente após a suspensão do primeiro lockdown, levando a uma das segundas ondas mais violentas da Europa.

Críticos do governo francês alegam que Paris não conseguiu implementar um sistema eficiente de testagem e rastreamento de contato, nem estimular um senso de responsabilidade pessoal entre a sociedade.

Reconhecendo as deficiências do sistema de testes, Macron disse nesta terça-feira que os procedimentos seriam reorganizados para que os resultados dos exames estejam disponíveis em no máximo 24 horas após serem realizados.

Ele também declarou que o governo e o Parlamento francês deverão discutir maneiras de tornar obrigatório o isolamento de pessoas infectadas.

Vacinação nos próximos meses

O presidente informou ainda que a França está pronta para iniciar uma campanha de vacinação contra a covid-19 já no final de dezembro ou no início de janeiro, começando com as pessoas mais vulneráveis e mais idosas.

A imunização, que Macron chamou de "um vislumbre de esperança" em meio à pandemia, não será obrigatória no país.

O governo francês está lidando com cautela o assunto de uma futura campanha de vacinação, ciente de que os franceses, após uma série de escândalos de saúde nas últimas décadas, têm alguns dos mais baixos níveis de confiança em vacinas no mundo.

Segundo uma pesquisa do instituto Ipsos para o Fórum Econômico Mundial, apenas 59% dos franceses disseram que tomariam uma vacina contra a covid-19 se ela estivesse disponível, em comparação com 67% nos Estados Unidos e 85% no Reino Unido.

O porta-voz do governo, Gabriel Attal, disse anteriormente que a França já assinou três contratos de vacinas com empresas farmacêuticas, enquanto as negociações com outras três estavam "em um estágio muito avançado", além de outras discussões em andamento.

Nesta terça-feira, a França registrou mais de 9.000 casos de coronavírus e 458 mortes ligadas à doença em 24 horas, com o total de infectados ultrapassando 2,2 milhões e o de óbitos superando 50 mil.

EK/afp/rtr/efe