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França começa a desativar sua usina nuclear mais antiga

21 de fevereiro de 2020

Fessenheim, perto da fronteira com a Alemanha, opera há 43 anos e é avaliada como de risco por especialistas. Com outras 18 usinas ainda em operação, país não deve reduzir tão logo sua dependência da energia nuclear.

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Usina nuclear de Fessenheim, na França
Fundada em 1977, Fessenheim é a usina nuclear mais antiga ainda em operação na FrançaFoto: picture alliance/dpa/C. Karaba

A França dará início nesta sexta-feira (21/02) à tão esperada desativação de sua mais antiga usina nuclear ainda em operação, a usina de Fessenheim, perto da fronteira com a Alemanha.

A instalação existe há 43 anos e conta com dois reatores em operação. Autoridades francesas de energia começarão a desligar o primeiro reator na noite desta sexta, devendo estar completamente desativado até a manhã de sábado. O desligamento do segundo deve ocorrer em junho.

Ainda assim, a expectativa é de que leve meses até que cada reator se resfrie para que o combustível possa ser retirado do local, que fica às margens do rio Reno.

O fim das atividades da usina, que faz parte da rede energética francesa desde 1977, se tornou objetivo de ativistas antinucleares após o acidente com a usina de Fukushima, no Japão, em 2011.

Especialistas avaliam que a construção e os padrões de segurança em Fessenheim estavam abaixo dos de Fukushima, com alguns alertando que os riscos de um abalo sísmico e de enchentes na região da Alsácia estavam sendo subestimados.

Apesar das promessas feitas pelo ex-presidente François Hollande após a tragédia no Japão, a ordem para a desativação de Fessenheim veio apenas em 2018, no governo de Emmanuel Macron.

"É o primeiro passo na estratégia energética da França de gradualmente reequilibrar as fontes de energias nuclear e renováveis, enquanto reduzimos as emissões de carbono com o fechamento de usinas de carvão até 2022", disse o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, em nota na última quarta-feira.

Em 2017, pouco depois de ser eleito presidente, Macron enfureceu ambientalistas ao abandonar a meta estabelecida em 2015 de reduzir à metade a fração de energia nuclear na rede energética do país até 2025.

Ele defendeu o que chamou de energia nuclear de "carbono zero" para as próximas décadas, batendo de frente com a Alemanha, que se comprometeu a encerrar gradualmente a utilização dessa fonte de energia. Macron alegou que acelerar o fechamento das usinas nucleares levaria o país a reabrir as usinas de carvão.

Após a desativação de Fessenheim, a França ainda terá 56 reatores de água pressurizada em 18 usinas nucleares, número superado apenas pelos Estados Unidos, que possuem 98 reatores responsáveis por 70% da energia necessária no país.

O governo francês confirmou em janeiro que pretende desativar até 2035 outros 12 reatores que se aproximam ou excedem a idade limite de 40 anos. Em 15 anos, a energia nuclear deverá representar apenas 50% da rede energética da França.

Ao mesmo tempo, a gigante energética estatal EDF se apressa para colocar em operação até 2022 – com dez anos de atraso – seu primeiro reator de última geração em Flamanville, que deverá ser seguido de outros.

A França adotou a energia nuclear logo após a Segunda Guerra Mundial, quando o presidente Charles de Gaulle criou a Comissão de Energia Atômica (CEA) do país, em 1945, como parte de uma apressada campanha para restaurar a soberania nacional.

As usinas impulsionaram as economias regionais, e agora muitos temem os efeitos da perda de empregos bem remunerados nesse setor. Em Fessenheim, apenas 60 trabalhadores da EDF serão mantidos quando começarem as operações de desmantelamento em 2025 – uma pequena fração dos 650 funcionários de hoje.

O governo prometeu ajudar financeiramente a região para compensar o impacto econômico e a perda de empregos, auxiliando os funcionários na busca por novos trabalhos em uma região do país onde a indústria tradicional se enfraqueceu nas últimas décadas.

O país anunciou ainda investimentos em gás natural e na produção de energia eólica, apesar de os ativistas afirmarem que o governo deveria estabelecer metas mais ambiciosas, uma vez que, na vizinha Alemanha, as energias solar e eólica representam 40% da produção energética.

RC/afp/dpa

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