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Forças afegãs e Otan mataram mais civis do que o Talibã

26 de abril de 2019

Pela primeira vez, mortes de civis causadas por forças afegãs e internacionais superam as provocadas pelos insurgentes no primeiro trimestre de 2019.

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Soldados americanos em ação no AfeganistãoFoto: picture alliance/Zuma/A. Dinner

As forças de segurança no Afeganistão mataram mais civis no primeiro trimestre de 2019 do que o Talibã e outras organizações terroristas, segundo dados divulgados pelas Nações Unidas nesta sexta-feira (26/04).

É a primeira vez que as fatalidades causadas por soldados da Otan e pelas forças de segurança pró-governo superam as causadas pelos extremistas desde que a ONU começou a computar os casos, há dez anos.

Nos primeiros três meses de 2019, as forças pró-governo foram responsáveis pela morte de 305 civis (aumento de 39% em relação ao mesmo período em 2018), enquanto os insurgentes mataram 227 pessoas.

Os civis foram mortos sobretudo em ataques aéreos (145 mortes) e operações de busca terrestre realizadas principalmente por forças afegãs apoiadas pelos Estados Unidos (72 mortes). Mulheres e crianças representam metade das vítimas civis de operações aéreas, com as forças internacionais responsáveis pela grande maioria delas.

Na somatória, 581 civis foram mortos e 1.192 foram feridos – uma queda de 23% no total de vítimas fatais no mesmo trimestre do ano passado.

A Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama), responsável pela divulgação do relatório, instou as forças de segurança a investigarem as mortes. "A Unama pede que as forças de segurança nacional afegãs e as forças militares internacionais conduzam investigações sobre alegações de vítimas civis, divulguem os resultados de suas análises e indenizem as vítimas de forma apropriada", afirmou a missão.

Em relação às operações de busca, a Unama afirmou que algumas das forças afegãs apoiadas internacionalmente parecem agir com impunidade.

As Forças Armadas dos EUA aumentaram o ritmo de suas operações de bombardeio em 2017, depois que o presidente Donald Trump afrouxou as restrições para tornar mais fácil atacar as posições do Talibã.

As aeronaves americanas realizam a grande maioria dos ataques aéreos, embora vários países contribuam com apoio logístico e técnico e haja um número crescente de ataques executados pela própria Força Aérea do Afeganistão.

A queda geral no número de mortos em comparação com o mesmo período do ano anterior foi atribuída a uma diminuição nos atentados suicidas, que haviam aumentado no início de 2018. Em janeiro do ano passado, por exemplo, cerca de cem pessoas foram mortas num único incidente, quando uma ambulância explodiu em Cabul.

A Unama afirmou não saber se a queda no número de ataques suicidas pode ser atribuída a um inverno rigoroso ou se os talibãs estão deliberadamente evitando as mortes de civis enquanto estão sendo conduzidas negociações de paz com os Estados Unidos.

PV/dw/ots

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