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Polaróide retorna

30 de março de 2010

O austríaco Florian Kaps quer revelar um novo capítulo da história da fotografia. Com sua empresa "The Impossible Project", ele quer relançar filmes de fotografias instantâneas para máquinas polaróide.

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Fotografar com uma polaróide voltará a ser possívelFoto: The Impossible Project

Em todo o mundo, ainda existem 300 milhões de câmeras polaróide. Mas desde que a firma encerrou sua produção, há dois anos, tornaram-se escassos os suprimentos de filmes. Agora, o empresário Florian Kaps quer mudar isso. O austríaco comprou uma antiga fábrica da Polaroid, na Holanda, e investiu mais de dois milhões de euros para retomar a produção.

As primeiras fotografias e os protótipos dos novos filmes foram apresentados na semana passada em Nova York. Segundo Kaps, a escolha da metrópole norte-americana foi, sobretudo, devido à sua importância histórica para a fotografia e pelo seu caráter multicultural.

"Também foi aqui que Edwin Land apresentou a sua primeira fotografia; essa é simplesmente uma invenção americana", disse. Para ele, os Estados Unidos sempre foram tradicionalmente o maior mercado da fotografia instantânea.

Polaroid Flash
Revelando o momento: fotografia instantânea fascina fotógrafos pela sua magiaFoto: Globetoppers/flickr.com

Foi-se a época das fotos polaróide desfocadas e com má iluminação. Hoje, mesmo a câmera digital mais barata proporciona uma imagem mais nítida. Porém, existe em todo o mundo artistas e fotógrafos amadores que adoram a magia da fotografia polaróide. Para Kaps, o diferencial da imagem instantânea é o fato de ela se revelar nas mãos de quem a fez, a partir de uma relação bem particular.

Alto preço é vantagem

Segundo Kaps, o alto preço da fotografia Polaróide não deixa de ter um lado positivo. "Antigamente sempre foi uma grande desvantagem, mas hoje representa uma vantagem, pois obriga a pessoa a pensar antes de apertar o botão – algo que readquiriu valor".

O empresário austríaco conta que ficou fascinado pela polaróide na época em que procurava material analógico. "Encontrei a câmera SX70 e, quando a comprei e a desembrulhei, percebi que aquilo tinha potencial", disse.

Porém, não foi fácil para Kaps encontrar investidores para o seu projeto. "É sempre difícil explicar para eles, mas quando a pessoa faz uma fotografia instantânea e ouve aquele clique, o ruído da foto saindo e fica assistindo ao que acontece, aí consegue entender", explicou.

Reinício da tecnologia

TechBit Polaroid Film Impossible Project
Filme da 'The Impossible Project' para Polaroid SX-70Foto: AP

Na fábrica holandesa, infelizmente as máquinas não puderam continuar a produzir conforme a tradição. Junto com a Polaroid, todos os fornecedores de materiais químicos específicos para a câmera também fecharam as portas. Por isso foi necessário redesenvolver essa tecnologia.

"Nós nos encontramos e começamos a explorar as possibilidades, vislumbrando muitos desafios pela frente", confessou André Bosmann, um dos técnicos responsáveis pelo reinício da produção.

A empresa também teve problemas para conseguir produzir as baterias. "A bateria por si só é uma parte complicada do equipamento. E a máquina que produz bateria era uma máquina polaróide e estava destruída havia mais de um ano", explicou Bosmann.

Reconquistando o mercado

Simone Frignani verkauft im Sofortbild-Shop in Berlin auch alte und neue Polaroid-Kameras
Artistas e fotógrafos amadores poderão usar suas polaróidesFoto: DW / Andreas Main

Em 2010, Kaps e Bossmann querem vender um milhão de rolos de filme todo o mundo e triplicar as vendas nos próximos anos. Os filmes poderão ser comprados pela internet e nas grandes cadeias de fotografia. Cada filme com oito poses custa 18 euros; o preço por foto será, portanto, de 2,25 euros.

Apesar de os filmes não serem baratos, Kaps acredita na viabilidade do produto. "O primeiro filme para polaróide, lançado em 1948, custava 1,75 dólares (o que hoje corresponderia a 35 dólares americanos) e deu certo", conta Kaps.

"O preço não é nenhum empecilho. Acreditamos que o significado do filme é um grande aspecto", declarou Kaps.

De fato, a concorrência é praticamente inexistente. No mercado atual, a Fuji tem uma máquina instantânea de alta qualidade, que – no entanto – não agrada aos puristas. As imagens são perfeitas demais, perdendo assim o charme das fotos instantâneas.

Autor: Felix Wadewitz (dd)
Revisão: Simone Lopes