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Figurinista carioca coloca uma pitada de samba em ópera de Wagner

Adelheid Feilcke (ff)8 de agosto de 2013

Adriana Braga Peretzki fez carreira na Alemanha com figurinos para peças de teatro famosas. Agora ela dá um toque brasileiro à tetralogia wagneriana "O anel do Nibelungo", no venerável Festival de Bayreuth.

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Foto: Christiane Koch

A carioca Adriana Braga Peretzki fez carreira na Alemanha ao criar figurinos para peças de teatro aclamadas pelo público. Agora ela estará no Festival de Bayreuth para as comemorações dos 200 anos do compositor e dramaturgo alemão Richard Wagner (1813-1883).

Na equipe do polêmico diretor Frank Castorf, Adriana foi convidada a elaborar o figurino do ciclo operístico O anel do Nibelungo, composto por quatro óperas, num total de 16 horas de duração. A figurinista formada pela Escola de Artes Aplicadas de Hamburgo conta como deu um toque brasileiro à obra do multitalento alemão.

Deutsche Welle: O trabalho da equipe de produção de O anel do Nibelungo lembra uma grande família, o coração da encenação. Como é esse trabalho?

Adriana Braga Peretzki: Para mim é muito importante trabalhar com o Frank. É uma longa história, eu comecei assistindo-o no teatro Berliner Volksbühne, nos conhecemos lá e já trabalhamos juntos há dez anos. E é muito importante esse trabalho em Bayreuth, eu nunca tinha feito ópera, sempre fiz teatro.

E você não apenas começou em Bayreuth, mas justamente com O anel do Nibelungo...

Exatamente! O Anel é a peça das peças de Wagner. É muito importante para mim, como figurinista, fazer esse trabalho. Este é um momento histórico na minha carreira.

Castorf contou um pouco sobre o que se pode esperar da ópera, falou sobre a industrialização e a importância do petróleo para a sociedade, e num momento disse: "Aí ela traz um figurino de samba!" Como surgiu essa ideia?

Audioslideshow Bayreuth Festspiele 2013
Personagem Pássaro da Floresta foi para o palco com figurino de destaque de escola de sambaFoto: Bayreuther Festspiele/Jörg Schulze

Como brasileira, eu trago o meu toque brasileiro, acho que isso é importante. Foi por isso que a Eva Wagner gostou tanto do meu trabalho quando o viu em Paris. A cultura e o carnaval brasileiros fazem parte da minha vida, eu sou nascida e criada com samba. Então quando vimos o personagem do Pássaro da Floresta, que na verdade deveria cantar da orquestra, eu disse "não, ela não pode cantar da orquestra, vai cantar no palco e vai ter um figurino de samba, como um destaque de escola de samba". E foi o que aconteceu. Para mim, esse é um dos figurinos preferidos da ópera.

Além do Pássaro da Floresta, você trouxe esse ar brasileiro para enriquecer algum outro aspecto visual da ópera?

Eu acho que sim, porque procurei fazer com que as mulheres fossem sensuais. As europeias, de um modo geral, são mais discretas no modo de se vestir, e os figurinos também costumam ser bem mais discretos. Eu tentei trazer essa sensualidade da mulher brasileira para as europeias, e não teve nenhuma cantora que reclamou. Pelo contrário, elas adoraram.