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Festival de dança contemporânea de Berlim tem brasileiros entre destaques

Marco Sanchez15 de agosto de 2014

"Tanz im August" apresenta o melhor da produção mundial de dança contemporânea. Coreógrafos Marcelo Evelin e Eduardo Fukushima são alguns dos destaques desta edição.

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Paulistano Eduardo Fukushima apresenta três solos na capital alemã
Foto: Ines Correa

Um dos mais importantes festivais de dança contemporânea da Alemanha, o Tanz im August apresenta todos os anos, em Berlim, espetáculos instigantes, que questionam a arte, o espaço e o movimento.

Em sua 26º edição, o evento continua sua missão de levar a dança contemporânea para o grande público e fornecer novas inspirações à cena local, com companhias de ponta vindas de todo o mundo.

Este ano, o Tanz im August buscou dar espaço para diferentes práticas coreográficas, permitindo que a dança contemporânea seja apresentada na sua totalidade. Nesse contexto, a dança pode englobar ações políticas e apropriações históricas, sem esquecer da internet, um grande espaço de propagação para novas audiências.

Assim a seleção deste ano parte em busca de investigar o movimento, olhando para o passado, o presente e o futuro da dança contemporânea, seu papel artístico, cultural e político. O festival oferece não só um espaço para a diversão, mas também para um reflexão mais profunda sobre temas do mundo contemporâneo.

Dois artistas brasileiros estão entre os destaques do Tanz im August 2014. Em sua primeira apresentação na Alemanha, Eduardo Fukushima apresenta três de seus consagrados solos. Marcelo Evelin retorna à cidade para instigar a plateia com Suddenly Everywhere is Black with People.

Tanz Im August Marcelo Evelin / Demolition Inc. Suddenly Everywhere is Black with People
Marcelo Evelin propõe uma radical redefinição dos conceitos de artista e públicoFoto: Sergio Caddah

Movimento como possibilidade de expressão

O trabalho de Fukushima segue uma linha de investigação que começa nos gestos e no movimento. "Os três solos representam um percurso de trabalho como coreógrafo e dançarino de 2007 até 2014", comenta. "Nesse percurso é visível o ganho de complexidade na relação entre conceito, movimento e sonoridade."

O paulistano apresenta três solos no festival: Between Contentions (2008), How to Overcome the Great Tiredness? (2010) e Crooked Man (2013/14). "A estreia foi em Veneza, dentro da sala de jantar de um ex-monastério renascentista. Crooked Man nasceu nesse salão, esse trabalho não é para um palco italiano, ele acontece em uma passarela, e por esse motivo será apresentado no jardim do Schinkel Pavillon", diz o coreógrafo sobre o espetáculo, que abre o Tanz im August.

Os três solos não possuem elementos cênicos, como objetos e cenário. "Pesquiso o movimento como possibilidade de expressão e comunicação na sua crueza com o básico de iluminação." How to Overcome the Great Tiredness? e Crooked Man têm trilha original a cargo, respectivamente, dos compositores de música eletrônica Felipe Ribeiro e Tom Monteiro.

"Os três trabalhos são recortes de momentos da minha vida como artista e os mecanismos de criação são parecidos, cada um tem as suas coleções de gestos específicos que distribuo no espaço em tempo real, perante o público", explica o artista.

Para Fukushima, é uma honra muito grande se apresentar num festival da importância do Tanz im August. "Sinto-me privilegiado, pois sou novo e me considero em começo de trajetória como artista", afirma o coreógrafo, que, em outubro, leva seu trabalho para outro grande festival europeu de dança, o Dance Umbrella, em Londres.

Tanz Im August Eduardo Fukushima Crooked Man
"Crooked Man", de Eduardo Fukushima, abre o festival de dança contemporânea de BerlimFoto: Bart Michiels

Outro coreógrafo que retorna aos palcos berlinenses é o brasileiro Marcelo Evelin. Em 2009, Matadouro, espetáculo do piauiense, abriu o festival de dança brasileira Move Berlin. Cinco anos mais tarde, Evelin apresenta Sudenly Everywhere is Black with People ao lado da coletivo holandês Demolition Inc.

No espetáculo, Evelin propõe uma radical redefinição dos conceitos de artista e público. Um grupo de cinco bailarinos pintados de preto se movimenta no espaço em um ritmo imprevisível. Eles se movem agrupados como um único corpo, obrigando o espectador a adotar continuamente novas posições.

Com uma espécie de dança de guerra, uma disputa pelo espaço cênico, um questionamento do fenômeno das multidões, o espetáculo cria uma experiência íntima e pessoal que ousadamente aborda questões contemporâneas, como migração, raça e poder.

Além dos palcos

Mas o Brasil não brilha apenas nos palcos do Tanz im August. O artista brasileiro Alex Pinheiro foi responsável pelas colagens que ilustram os pôsteres, cartazes e anúncios do festival pelas ruas de Berlim, além do site e da divulgação virtual do evento.

As colagens de Pinheiro brincam com o universo da moda, a natureza, o cinema, a arte pop e as ruas. "Nosso cérebro absorve a dança em um âmbito maior que o visual. Eu procurei traduzir esse sentimento nas minhas colagens. Usando fotos de espetáculos do festival, misturadas com recortes do meu acervo, desenvolvi corpos e movimentos inesperados e impossíveis", explica o artista.

Além de espetáculos vindos da América, da Europa e da Ásia, o Tanz im August também conta com instalações – destaque para EAT, do francês Alain Buffard sobre canibalismo –, simpósios, discussões e a possibilidade do público de se aprofundar em alguns dos espetáculo, explorando os movimentos e princípios estéticos em conversas com seus respectivos coreógrafos.

O Tanz im August acontece em diversas locações de Berlim até 30 de agosto.