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Idealização da RDA

Agências (lk)28 de julho de 2008

Estudo realizado com milhares de escolares do leste e do oeste da Alemanha revela grandes lacunas nos conhecimentos sobre a ex-Alemanha comunista. Alarmados, políticos exigem mudanças nos planos de aula.

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Muitos escolares afirmam que o Muro foi construído pela Alemanha Ocidental ou pelos AliadosFoto: DHM

Dezenove anos após a queda do Muro de Berlim, os escolares alemães, tanto no leste como no oeste do país, sabem muito pouco sobre a ex-República Democrática Alemã (RDA). Numa enquete cujos resultados foram publicados no final da semana passada, o ex-chanceler federal Willy Brandt, por exemplo, foi caracterizado como famoso político da RDA. Muitos dos escolares entrevistados afirmaram que, na época em que Erich Honecker era chefe do partido único SED e do Estado, se realizavam eleições democráticas na então Alemanha comunista.

Idealização de um Estado ditatorial

O estudo realizado por uma equipe de pesquisa da Universidade Livre de Berlim revelou grandes lacunas nos conhecimentos dos mais de 5.200 escolares entrevistados na Baviera (sul da Alemanha), em Brandemburgo (nordeste), na Renânia do Norte-Vestfália (oeste) e em Berlim (capital, cidade dividida durante 40 anos).

Willy Brandt
Willy Brandt: considerado por muitos jovens como famoso político da RDAFoto: AP

A maioria dos jovens não sabiam mais dizer quem mandou construir o Muro de Berlim em 1961. Para muitos, a ordem partiu da República Federal da Alemanha ou dos Aliados. Quase a metade dos alemães do leste entrevistados e 66% dos que vivem no oeste afirmaram estar correta a constatação de que "a RDA não era uma ditadura, só que as pessoas precisavam se adaptar, como acontece em todos os lugares". Grande parte dos alunos entrevistados não sabia sequer a diferença entre democracia e ditadura.

Os pesquisadores constaram que há uma conexão entre o nível de conhecimentos e o julgamento que se faz da ex-RDA. Quem sabe pouco sobre a ex-Alemanha comunista faz uma avaliação mais positiva. Neste ponto, há diferenças entre os jovens do leste e os do oeste. Muitos escolares do leste alemão elogiaram aspectos sociais da ex-RDA, sem levar os aspectos repressivos e ditatoriais em consideração. Os jovens do oeste mostraram-se mais críticos em relação ao caráter de ditatura do regime do partido SED.

Políticos alarmados

O ministro alemão da Cultura, Bernd Neumann manifestou preocupação ao tomar conhecimento dos resultados do estudo. "As lacunas nos conhecimentos relativos à história mais recente são mesmo impressionantes", declarou o democrata-cristão ao jornal Stuttgarter Zeitung. Wolfgang Tiefensee, ministro dos Transportes e encarregado do governo federal para questões do Leste apelou no mesmo jornal aos pais para "contarem a seus filhos a verdade sobre a vida na RDA. Sobre os bons resultados, mas também sobre a vida atrás do Muro e de cercas de arame farpado".

Multiplicam-se, desde que o estudo foi divulgado, as cobranças por mudanças nos planos de aula no quesito referente à história do país. "Até agora, a história da Alemanha no pós-guerra é transmitida como se fosse uma história alemã-ocidental e – quando sobra um pouquinho de tempo nas aulas – uma história da RDA. É preciso acabar com essa dicotomia", exigiu, em declaração ao diário Westdeutsche Allgemeine Zeitung, Rainer Eppelmann, que preside uma fundação federal dedicada a trabalhar a história da ditadura do SED.