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Extrema direita ganha espaço no Parlamento da Suécia

10 de setembro de 2018

Alianças de centro-direita e centro-esquerda são mais votadas, mas não conseguem maioria. Legenda com raízes neonazistas obtém terceiro melhor resultado nas urnas.

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Schweden Tomelilla Parlamentswahl
Debates sobre imigração dominaram o pleitoFoto: picture-alliance/DPR

As eleições parlamentares da Suécia terminaram em incerteza sobre o próximo governo do país escandinavo neste domingo (09/09), quando o partido governista obteve seu pior resultado nas urnas em um século, diante do crescimento da legenda de extrema direita com raízes neonazistas.

Com isso, a Suécia, um dos países mais liberais da Europa, se junta a outras nações no continente, como Alemanha, Áustria, Hungria e Itália, onde partidos anti-imigração têm recebido apoio nas urnas.

O partido de centro-esquerda Social-Democrata, liderado pelo primeiro-ministro Stefan Löfven, teve a maior parte dos votos, de 28,4%, com 99,8% das urnas apuradas, mas viu sua parcela de assentos no Parlamento ser reduzida.

O bloco governista de centro-esquerda da Suécia – formado pelos social-democratas, pelo Partido Verde e pelo Partido de Esquerda – ficou com 40,6% dos votos, ou 144 assentos de um total de 349. Enquanto isso, a aliança de centro-direita de oposição obteve 40,3% dos votos e 143 assentos no Parlamento.

Ambos os resultados ficaram muito abaixo dos 175 assentos necessários para uma maioria, o que coloca a Suécia frente a uma difícil formação de governo. 

Já o partido de extrema direita Democratas Suecos obteve 17,6% dos votos, ou um pouco mais que um sexto do total, ante 12,9% na eleição de quatro anos atrás. O temor entre parcelas da população de que o partido anti-imigração obtivesse um de cada cinco votos não se concretizou, mas eleitores deram aos Democratas Suecos o terceiro melhor resultado do pleito, o que foi o bastante para que o líder do partido, Jimmie Akesson, clamasse vitória.

"Iremos ganhar grande influência sobre a Suécia nas próximas semanas, meses e anos", disse Akesson. Entre as propostas dos Democratas Suecos estão a interrupção dos fluxos de imigração e a saída da Suécia da União Europeia.

Akesson disse que o líder da aliança de centro-direita, Ulf Kristersson, terá que escolher entre buscar o apoio dos Democratas Suecos ou aceitar outros quatro anos de liderança de Löfven.

Por sua vez, Kristersson pediu a renúncia de Löfven, mas rejeitou a proposta de Akesson. "Temos sido completamente claros durante toda a eleição. A aliança não governará ou discutirá formar um governo com os Democratas Suecos", disse.

Löfven se recusou a renunciar e convidou a oposição a negociar, pedindo cooperação entre os partidos. O primeiro-ministro se referiu aos resultados do pleito como "a morte da política por blocos" na Suécia.

Löfven afirmou a seus apoiadores que os resultados são reflexo de "uma situação com a qual todos os partidos responsáveis precisam lidar", acrescentando que um "partido com raízes no nazismo" só pode oferecer ódio aos eleitores.

"Temos uma responsabilidade moral. Precisamos todos juntar forças pelo bem. Não iremos lamentar, iremos nos organizar", disse. 

Com um total de 10 milhões de habitantes, a Suécia concedeu asilo a cerca de 163 mil pessoas em 2015 – maior número de refugiados per capita na Europa, o que polarizou eleitores. 

Os números recordes de 2015 exacerbaram temores sobre o sistema de bem-estar social da Suécia, que, na visão de muitos eleitores, já estaria em crise, apesar da queda no número de refugiados a entrar no país desde então.

As crescentes filas para cirurgias críticas no sistema de saúde, a falta de médicos e professores, assim como o fracasso da polícia em lidar com a violência de gangues têm abalado a fé no "modelo sueco", baseado na promessa de inclusão social.

PJ/ap/rtr/afp

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