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Ex-treinador tenta melhorar imagem da Alemanha na Grécia

Panagiotis Kouparanis / Fernando Caulyt30 de março de 2013

Otto Rehhagel se tornou ídolo nacional na Grécia ao levar país a título da Eurocopa em 2004. Agora, ele entra em campo para influenciar a imagem alemã no país, abalada por medidas de austeridade impostas pela UE.

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Foto: picture-alliance/dpa

Não é das melhores a imagem da chanceler federal alemã, Angela Merkel, principalmente nos países europeus em crise, como Grécia, Espanha e Chipre. Muitas vezes ela chegou a ser representada com o bigode de Hitler. Mesmo que as medidas de austeridade econômica sejam impostas pela União Europeia e outras organizações internacionais, o governo alemão costuma ser acusado como responsável.

Assim, para tentar melhorar a imagem da Alemanha no país, o ex-treinador da seleção grega, Otto Rehhagel, aceitou o convite que Merkel fizera há cerca de um ano, e entrou em campo para pelo menos tentar diminuir a aversão dos gregos em relação aos alemães.

Rehhagel se tornou um ídolo nacional da Grécia ao surpreendentemente levar a seleção de futebol do país ao título da Eurocopa, em 2004. O treinador, de 74 anos, usa esse status especial também para mandar recados austeros para os gregos, como "devemos seguir as regras, senão nada vai dar certo" e também em defesa de Merkel.

Otto Rehhagel mit der Trophäe Eruo 2004 Griechenland Trainer
Rehhagel (esq.) com troféu de campeão da Eurocopa 2004Foto: picture-alliance/AP

Como integrante de uma delegação na Grécia, encabeçada por Hans-Joachim Fuchtel, secretário de Estado no Ministério do Trabalho, Rehhagel se encontrou com ministros e se manifestou a favor de uma estreita cooperação entre as comunidades locais dos dois países, na busca da solução para problemas como o tratamento de lixo e estabelecimento de empresas de energia elétrica.

Ídolo onipresente

Ao mesmo tempo, ele quer mostrar aos alemães que os gregos são aplicados, e que eles vão preencher todas as medidas de austeridade impostas pela troica – formada pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ele pretende também interceder na abertura de um centro de treinamento de inverno para a seleção alemã na Grécia. Tudo, para tentar melhorar o relacionamento entre os dois povos e tirar a culpa da Alemanha quanto à medidas de austeridade impostas a Atenas.

Reflexo disso é a aparição do ex-treinador em vários eventos, quer se trate de um encontro com o ministro grego do Interior ou com a ministra do Turismo, quer de um torneio de futebol entre a equipe jovem do grego Panathinaikos e um time formado por filhos de refugiados: Otto Rehhagel encara tudo com soberania.

Mesmo assim, Rehhagel se esquiva a responder aos jornalistas se existe solução para os problemas gregos – talvez por acreditar que quem deve dar essa resposta é o secretário de Estado Fuchtel.

Besuch des ehemaligen griechischen Nationaltrainers Ottos Rehhagel in Athen
Treinador participou de evento com times gregos de futebol juvenilFoto: DW/P. Kouparanis

"Sem esforço não há recompensa"

Mas claro que os jornalistas gregos pouco se interessam por essa "divisão de tarefas". Como separar, num momento em que o assunto "crise no Chipre" está dia e noite nas manchetes e uma missão da troica se encontra em Atenas para pedir novas medidas de austeridade ao governo grego?

Enfim: será que os gregos conseguem superar a crise atual? "É possível superar tudo", responde Rehhagel, "se trabalharmos em conjunto". O time dirigido por ele não mostrou isso na prática Quando ele entrou como treinador em 2001, a seleção estava dividido. Pouco depois de três anos, veio o grande sucesso, quando eles focaram o espírito coletivo, em vez do individualismo. Isso deve acontecer hoje também em relação à crise econômica.

Num programa de TV perguntaram-lhe se estaria trazendo a promessa de ajuda à Grécia em nome de Merkel. "Devemos nos manter unidos em caso de dificuldades", respondeu. "Devemos apertar o cinto, mas não tanto que não consigamos mais respirar." Frases como essas o fizeram ficar mais próximos dos gregos. Ou como também ele mesmo diz de si mesmo: na sua vida ele sempre respeitou as regras, "mas só 90% delas".

Rehhagel não tem o mesmo rigor que outros alemães em relação aos gregos, e assim estes sabem valorizá-lo. As pessoas sabem que mudanças são necessárias, mas não fazem tudo corretamente, ressalva. E também agrada ao responder sobre a culpa da premiê alemã na situação econômica da Grécia: "Merkel não inventou a crise".