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Da rua para a escola-bairro

Aline Gehm Koller2 de outubro de 2007

Crianças e jovens cariocas conquistam europeus em espetáculo de folclore brasileiro que conta as transformações em suas vidas ao serem acolhidos pela Casa do Menor.

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Jovens fizeram apresentação rica em cores e ritmosFoto: Aline Gehm Koller

Com muita dança e capoeira, o grupo Renovarte, formado por 15 crianças e jovens da Casa do Menor, do Rio de Janeiro, está apresentando na Alemanha e na Itália a realidade das crianças carentes brasileiras. Acompanhados por três educadores, pela presidente da entidade e pelo padre italiano Renato Chiera, fundador da Casa, eles visitarão o papa Bento 16 no próximo dia 17.

A viagem é uma forma de agradecer aos europeus que colaboram com a entidade através de donativos. No último final de semana, o grupo de jovens artistas passou por Colônia, no oeste alemão.

Os brasileiros apresentaram o espetáculo Apesar de tudo, a vida é bonita, que conta a história do Brasil e fala da problemática dos meninos de rua. Apesar de muito sofrimento, violência e desespero, eles mostram que o amor pode transformar tudo. Segundo o padre Chiera, é isso que a Casa do Menor ensina: "Os meninos não são problema, são solução. E não estariam na rua se tivesse alguém os esperando em casa".

Douglas Pereira era menino de rua até ser recebido pela Casa do Menor, há um ano e meio. Desde lá, descobriu seus talentos no canto e na dança e agora faz parte do grupo. Ele está achando a viagem inesquecível e comenta que são tantas as impressões colhidas que "ainda não caiu a ficha". A apresentação brasileira tem sido muito elogiada. "Eles apresentam um Brasil verdadeiro, não só o oba-oba", disse um dos espectadores.

Quando tudo começou

Casa do Menor
Padre Renato Chiera (dir.) e alguns dos jovens artistas mostram dinheiro arrecadado ao final do showFoto: Aline Gehm Koller

A Casa do Menor São Miguel Arcanjo foi fundada em 1986 pelo padre Renato Chiera, que em 1978 havia sido enviado pela sua diocese italiana para a Baixada Fluminense. Ele afirma que a rua sempre foi sua paróquia e que ele estava cansado de enterrar meninos. Em apenas um mês, haviam sido assassinados 36 menores. "Eu não queria ser apenas o padre coveiro, mas ser como Jesus, que veio para dar a vida", relembra Chiera.

Mais de 15 mil jovens já foram ajudados pela Casa do Menor, que atualmente abriga cerca de 450 crianças e adolescentes, e oferece cursos diurnos a outros 3 mil. Reconhecida como uma das maiores entidades do gênero no Brasil, ela está presente em seis locais no Rio de Janeiro e tem duas representações em Fortaleza. Também há convite para que se instale em Angola e Moçambique, na África.

O padre Chiera comenta que antes "nem o diabo queria chegar na Baixada Fluminense". Agora, a Casa do Menor até já recebeu a visita de cinco ministros interessados em implementar um programa semelhante ao sistema de bairro-escola oferecido pela Casa do menor, onde as crianças estudam e trabalham pelas melhorias da região onde moram.