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Bayern LB

8 de janeiro de 2011

Ex-funcionário de banco estatal bávaro é preso, acusado de ser pivô de escândalo da venda de direitos de marketing da Fórmula 1. Promotoria de Munique investiga origem de 50 milhões de dólares recebidos pelo alemão.

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Ex-funcionário do BayernLB, Gerhard GribkowskyFoto: picture alliance/dpa

O tempo de tranquilidade e de reflexão foi breve. O BayernLB vai começar o ano novo onde o velho acabou: nas manchetes. A promotoria pública de Munique mandou prender Gerhard Gribkowsky, ex-membro da diretoria do banco pertencente ao estado da Baviera. Ele havia tinha recebido secretamente, entre 2006 e 2007, 50 milhões de dólares vindos do Caribe e das Ilhas Maurício, e depositou a quantia na Fundação Sunshine, criada por ele na Áustria. O mandado de prisão foi emitido com base em fortes suspeitas de que Gribkowsky tenha cometido crimes como desvio de verbas, corrupção e fraude fiscal.

Com o novo inquérito, o Bayrische Landesbank (Banco do Estado da Baviera) está sendo surpreendido por um capítulo especialmente curioso de seu extenso currículo de escândalos. Porque o dinheiro da Fundação Sunshine, de Gerhart Gribkowsky, em cuja origem a promotoria de Munique está interessada, pode ser proveniente do mundo da Fórmula 1.

Em 2004, o Bayern LB veio a se ocupar por acaso da posse dos direitos de marketing das corridas. O banco estatal havia emprestado 2 bilhões de euros ao empresário de mídia alemão Leo Kirch, que pouco antes havia adquirido os direitos. Por ocasião da falência da corporação de Kirch, eles caíram nas mãos do Bayern LB – não necessariamente para deleite do então secretário das Finanças da Baviera, Kurt Faltlhauser.

"O fato de agora sermos, de certa forma, empresários do ramo do automobilismo, não me agrada muito. Mas essa é a melhor maneira de obter o máximo de dinheiro dessa situação", comentou, na época.

Banco não tinha experiência em Fórmula 1

Bernie Ecclestone Chef der Formel 1
Bernie Ecclestone, todo-poderoso da Fórmula 1Foto: AP

O banco não tinha experiência alguma no ramo de direitos esportivos. No entanto, juntamente com os coproprietários da série de corrida, os bancos de investimento Lehman Brothers e JP Morgan Chace, Gribkowsky exerceu pressão sobre o chefe da Fórmula 1, Bernie Ecclestone. Através de um processo judicial, queriam obter mais controle sobre o negócio.

Devido ao fato de várias empresas automobilísticas ameaçarem paralelamente abandonar a competição, parecia que o Ecclestone estava sendo expulso do negócio pelos poderosos. Entretanto, o então diretor executivo do Bayern LB, Werner Schmidt, havia deixado claro desde o início que o banco deveria abrir mão da participação na Fórmula 1.

"Nós somos um banco, e realmente não temos muita ideia de Fórmula 1. Ou seja, com certeza não iremos continuar a manter este negócio por muito tempo", afirmou.

No decorrer de 2005, Gribkowsky vendeu os direitos de marketing para o grupo britânico de investimento CVC. Fato que contribuiu, aliás, para manter Ecclestone no poder.

Agora, há especulações sobre se Gribkowsky recebeu os 50 milhões de dólares da CVC ou de Ecclestone, como uma espécie de agradecimento por não ter optado por um outro investidor. O dinheiro foi tributado por Gribkowsky na Áustria, e restaram 25 milhões de euros, que ele depositou em sua fundação, em benefício próprio e das pessoas que nomeie como beneficiários – como consta do estatuto oficial da fundação.

Bavciera quer auditoria interna no BayernLB

A Secretaria das Finanças da Baviera determinou que o BayernLB faça suas próprias investigações e verifique se o banco tem direito a cobrar de Gribkowsky indenizações pelo caso. Ele é um dos membros da antiga diretoria dos quais o conselho diretivo do banco está cobrando compensações, devido à equivocada aquisição banco austríaco Hypo Group Alpe Adria, que custou bilhões ao BayernLB.

O próprio banco tem se mostrado reticente em divulgar informações. Um porta-voz disse apenas ser natural que a empresa faça uma auditoria interna. Será investigado também se alguém na casa sabia da fundação de Gribkowsky.

Gerhard Gribkowsky foi, de 2002 a 2008, membro do conselho responsável pelo controle e prevenção de riscos de inadimplência e encarregado de vender a parte do BayernLB na Fórmula 1. Na opinião dos círculos jurídicos, Gribkowsky pode ser levado a julgamento durante 2011o. Ele não deve contar ser liberado da prisão cautelar antes de um processo, e poderá ser condenado a cinco a dez anos de prisão.

Autor: Charlie Grüneberg (md)
Revisão: Augusto Valente