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EUA acusam Síria de usar crematório para encobrir massacres

16 de maio de 2017

Segundo Departamento de Estado, regime de Assad queimou corpos de milhares de prisioneiros em crematório construído na prisão militar de Saydnaya. Washington pressiona Rússia a tomar atitude contra violações na Síria.

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Imagem de satélite mostra prisão militar de Saydnaya, nos arredores de Damasco
Imagem de satélite mostra prisão militar de Saydnaya, nos arredores de DamascoFoto: Google Maps/Digital Globe 2017

O governo dos Estados Unidos acusou nesta segunda-feira (15/05) o regime do presidente sírio Bashar al-Assad de ter construído um crematório numa prisão militar em seu país para queimar os corpos de milhares de prisioneiros assassinados, escondendo, assim, evidências dos massacres.

Segundo o Departamento de Estado americano, acredita-se que pelo menos 50 detentos eram enforcados todos os dias na prisão de Saydnaya, a cerca de 30 quilômetros ao norte da capital Damasco, e que alguns dos corpos eram depositados num crematório construído no local.

O governo americano divulgou imagens feitas por satélites que mostram um edifício dentro do complexo penitenciário que, segundo afirma Washington, teria sido modificado para acomodar o crematório. As fotos teriam sido registradas ao longo de vários anos, começando em 2013.

Apesar de não oferecerem provas definitivas de que a Síria utilizou, de fato, um crematório, as imagens sugerem evidências do uso de fornos no local, como neve derretendo no teto da instalação.

"Acreditamos que a construção de um crematório é um esforço para encobrir a extensão das execuções em massa realizadas na prisão de Saydnaya", afirmou Stuart Jones, sub-secretário para assuntos do Oriente Médio do Departamento de Estado, em pronunciamento à imprensa.

Jones declarou ainda que os EUA estão "chocados com as atrocidades do regime sírio", cometidas "com apoio incondicional da Rússia e do Irã". "A Rússia deve agora, com grande urgência, exercer sua influência sobre o regime sírio para garantir que essas terríveis violações cessem", acrescentou.

As primeiras acusações de violações de direitos humanos na prisão militar de Saydnaya vieram à tona em fevereiro deste ano com um relatório da ONG Anistia Internacional. O texto acusava o regime sírio de ter executado, desde 2011, 13 mil pessoas em enforcamentos coletivos dentro do presídio.

O documento afirmava que grande parte das vítimas era formada por civis acusados de se oporem ao governo, mas que havia também ex-militares suspeitos de deslealdade.

"Os horrores descritos neste relatório revelam uma campanha secreta e monstruosa, autorizada pelo mais alto nível do governo sírio, com o objetivo de esmagar qualquer forma de dissidência na população síria", afirmou, na época, Lynn Maalouf, vice-diretora de pesquisa em Beirute.

Estima-se que a guerra civil na Síria, que teve início em 2011, já custou a vida de mais de 400 mil pessoas. Os combates desencadearam a maior catástrofe de refugiados da era contemporânea: mais da metade dos 21 milhões de sírios abandonou suas casas, mais de 4 milhões deixaram o país.

EK/afp/ap/efe/dw/ots