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O país do futebol

19 de junho de 2011

Ao contrário dos homens, as jogadoras norte-americanas são muito bem-sucedidas no futebol internacional, e em nenhum outro lugar do planeta há tantas mulheres praticando o esporte como nos EUA.

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Mia Hamm é o grande nome do futebol feminino nos EUAFoto: DW

O BRYC 95 Elite Blue é uma das equipes que participam da liga de futebol feminino da região de Washington. O clube tem sede alguns quilômetros ao sul da capital e o seu cotidiano revela porque a modalidade esportiva é tão bem-sucedida no país.

Mesmo com chuva, os treinamentos não são adiados no Elite Blue. Há uma estrutura montada para as adolescentes da equipe sub-15 aperfeiçoarem a técnica num campo coberto por grama sintética. Elas treinam duas vezes por semana e, aos finais de semana, disputam partidas de competições regionais.

Clubes oferecem estrutura diferenciada às equipes femininas
Clubes oferecem estrutura diferenciada às equipes femininasFoto: DW

Uma das jogadores da equipe viveu muitos anos na Alemanha. Molly, de 14 anos, compara o comportamento das sociedades dos dois países em relação ao futebol feminino. "Na Alemanha a maioria das minhas amigas joga hóquei ou tênis. Nos Estados Unidos, ninguém se surpreende se uma menina diz que joga futebol."

Vantagens norte-americanas

Mais de 1,7 milhão de mulheres adultas e adolescentes praticam futebol em clubes. O número representa 35% dos atletas registrados em associações desportivas. "Minha coordenação visual-motora não é muito boa, e o futebol ajuda a melhorar esse problema", explica a adolescente, destacando porque joga futebol e revelando que pratica o esporte desde criança.

A mãe dela, Lori Hannan, afirma que, na prática do futebol, as meninas podem extravasar agressões, o que, de outra maneira, não teriam espaço para fazer. Ela jogou futebol durante dez anos, desde os 8 anos de idade, e está satisfeita com o fato de a filha também praticar o esporte.

"Quando eu comecei era algo novo e interessante, e na época não havia muitas modalidades esportivas para as mulheres nos Estados Unidos", conta.

O secretário-geral da Federação Norte-Americana de Futebol, Daniel Flynn, diz que o sucesso e a opção das mulheres pelo futebol não é por acaso. Ele lembra que, em 1972, a discriminação por questões de gênero em qualquer disciplina escolar ou universitária foi proibida por lei no país. "Isso despertou o interesse pelo esporte feminino", opina.

Estados Unidos são potência mundial no futebol feminino
Estados Unidos são potência mundial no futebol femininoFoto: The FA

Com o sucesso norte-americano na primeira Copa do Mundo realizada na China, em 1991, segundo Flynn, meninas mais novas perceberam que o futebol feminino ganhava reconhecimento internacional. Para ele, um outro fator ajuda no desenvolvimento da modalidade nos Estados Unidos. "Os jovens são emocionalmente muito vinculados às equipes de suas escolas e universidades", explica, lembrando que bolsas de estudos para desportistas são mais um incentivo.

Pouca mídia

A jogadora-símbolo do futebol nos Estados Unidos é Mia Hamm. Ela vestiu a camisa da seleção norte-americana pela primeira vez aos 15 anos, em 1987. A atacante foi campeã olímpica pelos Estados Unidos e diz que, quando começou a jogar, o futebol era um hobby acessível em termos de custos.

Hoje Hamm tem uma fundação que apoia meninas na prática do esporte. Para ela, apesar da previsão legal que existe já há bastante tempo, não há qualquer igualdade de tratamento entre as modalidades masculina e feminina de esportes nos Estados Unidos. O treinador de Molly, Ryan Alexander, acha que o problema está ligado à pouca exposição do esporte.

Meninas têm incentivo para jogar futebol nos EUA
Meninas têm incentivo para jogar futebol nos EUAFoto: DW

"O problema para as meninas é que elas assistem a poucos jogos de futebol", diz. Isso acontece porque, para elas, futebol é sobretudo uma oportunidade de encontrar as amigas, e também porque poucos jogos são transmitidos pela televisão. "Na Europa é diferente. Pode-se assistir a jogos em qualquer lugar. Aqui até mesmo para os meninos é difícil", acrescenta Alexander, que jogou cinco anos na Europa. "Isso torna mais difícil para nós repassar algo para as meninas, já que faltam para elas modelos em que possam se inspirar".

Autora: Christina Bergmann (mp)
Revisão: Bettina Riffel