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Estado americano legaliza compostagem humana

22 de maio de 2019

Washington é o primeiro estado dos EUA a aprovar lei que permite que cidadãos tenham a opção de serem transformados em adubo após a morte. Processo é alternativa sustentável a enterro e cremação. Igreja condena prática.

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Projeto de uma sala onde serão realizados os processos de compostagem de corpos humanos, fornecida pela empresa Recompose
Projeto do local onde será realizado o processo de compostagem humana, fornecido pela empresa RecomposeFoto: picture-alliance/AP Photo

Washington se tornou o primeiro estado dos Estados Unidos a legalizar a compostagem humana, depois de seu governador, o democrata Jay Inslee, assinar um projeto de lei na tentativa de reduzir as emissões de carbono geradas pela prática de enterrar e cremar cadáveres.

De acordo com a nova lei, que entra em vigor em maio de 2020, as pessoas que morrerem naquele estado terão a opção de ter seus corpos transformados em solo humífero adequado para a jardinagem em um processo chamado de recomposição.

"A recomposição oferece uma alternativa ao embalsamento, ao enterro e à cremação que é natural, segura, sustentável e irá resultar em economias significativas de emissões de carbono e de uso da terra", defende Katrina Spade, fundadora da Recompose, uma empresa baseada em Seattle que deve ser a primeira a oferecer o serviço nos Estados Unidos.

"A ideia de retornar à natureza de uma forma tão direta e de voltar ao ciclo da vida e da morte é realmente muito bonita", disse ela à agência de notícias AFP.

Sua técnica de recomposição – desenvolvida com apoio da Universidade Estadual de Washington, que fez testes clínicos com corpos de doadores – consiste em colocar um cadáver num recipiente de aço hexagonal contendo lascas de madeira, alfafa e palha. Esse recipiente é fechado, e o corpo é decomposto por micróbios dentro de 30 dias.

O produto final é um solo seco, macio e rico em nutrientes, semelhante àquele comprado em casas de jardinagem e indicado para hortas de vegetais.

"Tudo – incluindo ossos e dentes – é recomposto", afirma Spade. "Isso porque nosso sistema cria o ambiente perfeito para micróbios termofílicos (ou seja, que gostam do calor) e bactérias benéficas para destruir tudo bem rapidamente."

O processo utilizado pela Recompose é o mesmo usado há décadas com animais de fazenda. Testes clínicos realizados pela universidade em Washington concluíram que ele é seguro também para ser usado com corpos de seres humanos.

A nova lei vem num momento em que se busca alternativas para lidar com o pouco espaço em cemitérios urbanos, bem como com a emissão de gases de efeito estufa gerada pela cremação. Segundo a AFP, mais da metade dos americanos opta por ser cremada. No estado de Washington, essa porcentagem pula para 75% das pessoas.

As tradições relacionadas à morte estão mudando rapidamente nos Estados Unidos, e alternativas ecologicamente sustentáveis estão "crescendo em popularidade entre os consumidores", afirmou a Associação Nacional de Diretores de Funerárias dos Estados Unidos.

Segundo uma pesquisa feita em 2018 pelo órgão, quase metade dos entrevistados expressou interesse em explorar alternativas mais verdes no pós-morte. Entre as opções que ganham popularidade, estão caixões feitos de materiais orgânicos.

Mas nem todos são favoráveis à ideia de transformar o corpo humano em adubo, especialmente a Igreja Católica, que denunciou a técnica como indigna e questionou seu impacto ambiental.

"A prática de enterrar os corpos de pessoas que faleceram mostra uma maior estima pelo falecido", diz Joseph Sprague, diretor executivo da Conferência Católica do Estado de Washington, em uma carta ao comitê legislativo que analisou a lei assinada pelo governador na terça-feira (21/05).

Sprague acrescentou que usar restos mortais para fazer compostagem comum é contra a doutrina da Igreja. "A Igreja Católica acredita que eliminar restos humanos de tal maneira significa não mostrar respeito suficiente pelo corpo do falecido", afirma.

EK/afp/rtr

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