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Costa Concordia

20 de janeiro de 2012

O que acontecerá com o avariado Costa Concordia? Especialistas sugerem que o navio seja consertado. A solução é apontada como a mais elegante e mais econômica, embora extremamente complicada.

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Foto: picture-alliance/dpa

O Costa Concordia continua à deriva sobre um rochedo próximo à pequena ilha italiana de Giglio. Ainda não se sabe o que vai acontecer com a enorme embarcação danificada. É possível que ela seja consertada ou que seja cortada em partes e transportada para outro local. "Existem estas duas possibilidades", diz Stefan Krüger, professor de construção naval da Universidade Técnica de Hamburgo-Harburg.

Fazer com que o navio volte a navegar é um processo que depende de vários fatores. Primeiro, é preciso fechar o buraco de pelo menos 70 metros de comprimento no casco da embarcação. Outras incontáveis pequenas fendas teriam que ser soldadas. "Só quando navio estiver totalmente vedado é que ele poderá ser esvaziado e colocado na posição certa", avalia Krüger. Na opinião do especialista, trata-se de um enorme desafio, embora não seja de todo impossível.

Reerguer e transportar

Quando a balsa Herald of Free Enterprise em 1987 ficou presa em um banco de areia a nove metros de profundidade diante da costa belga, foi possível desencalhar a embarcação. Naquela época, foram fincados 16 pilares de concreto no fundo do mar, sobre os quais a equipe de resgate montou gruas. A carcaça da balsa foi reerguida e depois transportada.

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Gruas conseguem erguer peso de até 5 mil toneladasFoto: public domain

Algo parecido poderia acontecer com o Costa Concordia, ou seja, as empresas responsáveis pelo resgate poderiam fixar pilares no fundo do mar, junto ao casco do navio, a fim de reerguer a embarcação com a ajuda de enormes cintas. Para ajudar, seriam utilizadas gigantescas almofadas de ar.

Isso só deverá ocorrer se as avaliações levarem à conclusão de que o navio de cruzeiro, embora danificado, ainda é estável o suficiente, podendo ser puxado para o mar profundo com o uso de correntes especiais, e só depois virado. Pois o trabalho necessário para uma ação como esta é enorme: o Costa Concordia tem mais de 290 metros de comprimento e pesa mais de 114 mil toneladas. A título de comparação: o Herald of Free Enterprise tinha a metade deste comprimento e pesava 8 mil toneladas.

O procedimento iria demorar meses, estima o especialista Krüger. "Em princípio, seria possível até mesmo recolocar o navio em funcionamento", diz. Krüger duvida, contudo, que alguém no mundo vá querer fazer um cruzeiro neste navio. A maior probabilidade é, então, que o Costa Corcordia seja mesmo desmontado e transformado em sucata.

Aos pedaços

Caso o navio esteja, de fato, muito danificado e instável para ser reerguido e transportado, ele poderá ser desmantelado. A ideia é cortar a embarcação em partes, de algumas toneladas cada uma, e tirá-las do mar com o auxílio de cabos de aço com diamantes. O avariado submarino nuclear russo Kursk foi desmantelado desta forma há 12 anos.

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Foto: picture-alliance/dpa

As partes da embarcação são, por fim, resgatadas com uma grua especial e transportadas de navio para um depósito de resíduos. Uma ação desta, contudo, iria demandar entre um e três anos, ou seja, mais tempo do que o processo de vedar, transportar e reerguer o navio, avalia Eyk-Uwe Pap, especialista em resgate da empresa Baltic Taucher, de Rostock, no norte da Alemanha.

Além disso, ainda é necessário bombear todo o combustível do navio antes que ele seja desmanchado – uma tarefa que parece mais fácil do que realmente é, porque o combustível adquire uma consistência de piche em meio à temperatura da água em torno de 10ºC, registrados no momento em frente à costa italiana. Por isso, o combustível teria que ser primeiramente aquecido, para então ser retirado do navio.

No momento, a escolha do método usado para resgatar o Costa Concordia não passa de especulação. A decisão será tomada nos próximos dias. As condições meteorológicas irão desempenhar um papel importante: más condições de tempo, vento e ondas fortes poderão movimentar o navio, o que seria uma catástrofe.

Pois o mais importante, diz Pap, é estabilizar a carcaça do jeito que ela está. Caso a embarcação fique sem controle e escorregue do rochedo para o mar aberto, afundando a seguir, os trabalhos de resgate serão muito mais complicados e ainda mais caros. Numa situação como essa, é provável que o navio nem seja mais resgatado e sim simplesmente deixado lá, supõe o engenheiro Stefan Krüger.

Autora: Judith Hartl (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer