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Educação

Escola em Berlim rejeita filho de político da AfD

Alistair Walsh ip
17 de dezembro de 2018

Colégio da linha Waldorf gera alvoroço ao recusar matrícula de aluno por ele ser filho de um membro do partido populista de direita. Secretária de Educação de Berlim critica decisão e convoca administração da escola.

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Aluno levanta o dedo em sala de aula
Escolas privadas alemãs têm o direito de selecionar alunos desde que não violem a legislação antidiscriminaçãoFoto: picture-alliance/dpa/B. Wüstneck

Uma escola em Berlim foi alvo de críticas no domingo (16/12) ao rejeitar a matrícula de uma criança porque o pai é membro do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

A escola da linha Waldorf, também conhecida como escola de Steiner, teria realizado longas reuniões com o político e sua esposa, além de cerca de 20 professores, até decidir contra a aceitação do menino, apesar de ele já estar frequentando o jardim de infância da instituição. Nas reuniões, os pais teriam sido questionados sobre suas opiniões políticas.

A escola particular, que incentiva intensa participação dos pais, concluiu que havia muito potencial para conflitos constantes caso eles aceitassem a criança, informou o diretor administrativo da associação responsável pelas escolas Waldorf.

"Buscou-se uma solução consensual para o conflito, mas isso não pôde ser alcançado", disse ele. "Em vista desse conflito, a escola não vê a possibilidade de aceitar a criança com a necessária abertura e imparcialidade – ambas são pré-requisitos básicos para promover adequadamente o desenvolvimento da criança."

O partido populista de direita criticou repetidamente professores por doutrinarem alunos contra suas opiniões xenófobas e nacionalistas, criando inclusive um sistema on-line anônimo para os alunos denunciarem professores que se posicionam contra eles.

A decisão de rejeitar o filho do político foi condenada pela secretária de Educação de Berlim, Sandra Scheeres (SPD). De acordo com o jornal local Berliner Zeitung, a social-democrata disse que a administração da escola foi convocada para esclarecer o assunto.

Detlef Hardorp, porta-voz da política de educação das escolas Waldorf na área de Berlin-Brandemburgo, também foi citado pelo Berliner Zeitung como crítico da decisão. "Pessoas de todas as convicções políticas devem poder mandar seus filhos para as escolas Waldorf", disse.

No entanto, ele ressaltou que a escola tinha 140 inscrições para apenas 30 vagas e que, por isso, foi obrigada a recusar a maioria delas.

O político da AfD cujo filho foi rejeitado lamentou a decisão ao diário Berliner Kurier. "Nós gostamos muito desta escola. Como podemos agora explicar ao nosso filho que os amigos dele poderão se juntar à Waldorf no ano que vem, mas que nós não somos bem-vindos lá?", questionou. Mantido em anonimato por razões de privacidade, ele disse ainda querer manter sua vida política separada de sua vida privada.

Na Alemanha, as escolas particulares são regidas pelos mesmos regulamentos das escolas públicas, mas, por sua vez, têm o direito de selecionar alunos desde que não violem a legislação antidiscriminação.

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