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Enchentes podem impor obstáculo à retomada econômica alemã

Rolf Wenkel (mas)6 de junho de 2013

Prejuízo total causado pelas chuvas ainda não pode ser calculado, mas economistas temem que, quando a água baixar, a Alemanha, que escapou por pouco da recessão, tenha problemas para retomar crescimento de forma sólida.

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Foto: picture-alliance/dpa

Com um expansão de apenas 0,1%, a economia alemã escapou por pouco da recessão no primeiro trimestre de 2013. Nos meses seguintes, indicadores econômicos-chave apontavam para uma recuperação e um crescimento mais sólido. Economistas estão, no entanto, cada vez mais céticos e temem que as perspectivas vão por água abaixo junto com as enchentes que assolam partes do país.

"Enquanto o nível das águas aumenta, aumentam também os problemas para os negócios na Alemanha”, diz Alexander Schumann, economista-chefe da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK).

Ainda não há estimativas sobre perdas, mas, segundo ele, a indústria de construção foi especialmente afetada. O setor, explica, já enfrentava um grande acúmulo de atrasos em encomendas devido ao longo e rigoroso inverno na Alemanha. Pelo mesmo motivo, hotéis e restaurantes também já haviam sofrido perdas, que agora, com as enchentes, podem ser potencializadas. A agricultura, por sua vez, está preocupada com a colheita, especialmente de aspargos, morando e milho.

A situação é ilustrada pelos casos particulares de algumas empresas. A fabricante de maquinário para engarrafamento Krones, por exemplo, teve que interromper a produção em duas de suas fábricas na Baviera, pois os funcionários não conseguiam chegar ao trabalho. Situação semelhante aconteceu em Zwickau, na Saxônia, onde uma instalação do grupo Volkswagen teve que interromper temporariamente a produção.

Montage VW Volkswagen Zwickau Deutschland November 2012
A fábrica da Volkswagen na Saxônia foi afetada pelas inundaçõesFoto: picture-alliance/dpa

"Quando o estado de emergência foi decretado, nós imediatamente acionamos nossa equipe especializada em crises", disse Gunter Sandman, assessor de imprensa da Volkswagen. "Percebemos que infraestrutura de transporte estava seriamente afetada, consequentemente a indústria da alimentação não alcançaria nossa fábrica."

Assim, o turno da manhã de segunda-feira foi cancelado. Nesta quinta-feira, a fábrica já estava funcionando em sua capacidade total. "Saímos dessa, novamente, com um olho roxo".

Na região de Bitterfeld, no leste alemão, que concentra uma série de instalações da indústria química, a produção só não foi significativamente afetada porque as Forças Armadas entraram em ação e conseguiram proteger as instalações da força das águas.

Possível efeito positivo

Ninguém sabe ao certo qual será o tamanho dos danos econômicos quando as águas baixarem. Kathrin Jarosch, da Associação das Seguradoras Alemãs, usa os números do prejuízo causado pela enchente do rio Elba, em 2002, como referência.

"O danos assegurados das inundações do Elba, chamada de a ‘enchente do século’, foi de 1,8 bilhão de euros. Ainda é muito cedo para uma estimativa confiável da extensão dos danos. Teremos esses números só depois do fim da semana que vem", explica.

Algo que pode servir de consolo, segundo economistas, é que cada desastre costuma oferecer uma chance de fomento à economia. O que agora está submerso, lembram, terá que ser consertado ou substituído. Não apenas as seguradoras vão se beneficiar, mas também as lojas de material de construção, por exemplo, que neste início de primavera vinham se queixando das baixas vendas devido ao mau tempo.

Dauerregen und Hochwasser in Deutschland Juni 2013
Ainda não é possível calcular os prejuízosFoto: picture-alliance/dpa

Alexander Schumann diz que ainda é difícil prever se as enchentes poderão realmente ter qualquer efeito positivo sobre a economia alemã.

“No momento, há principalmente perdas”, afirma o economista-chefe da DIHK. “Não está nem mesmo claro se a indústria de construção terá capacidade para lidar com a demanda. Teoricamente, a catástrofe pode levar a um boom, mas é impossível dizer agora se isso vai realmente acontecer.”