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Em Nova York, Bolsonaro vai se reunir com Boris Johnson

20 de setembro de 2021

Presidente viaja aos EUA para Assembleia Geral da ONU. Antes de discurso, Bolsonaro terá seu primeiro encontro bilateral com o premiê britânico, além de reuniões com Guterres e com presidente ultraconservador da Polônia.

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O presidente Jair Bolsonaro
Bolsonaro antecipou que deverá defender tese do marco temporal em discurso na ONUFoto: Adriano Machado/REUTERS

O presidente Jair Bolsonaro viajou neste domingo (19/09) para Nova York, nos Estados Unidos, onde participará nesta semana da Assembleia Geral das Nações Unidas e terá seu primeiro encontro bilateral com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.

A primeira agenda de Bolsonaro será na manhã desta segunda-feira, quando está prevista a reunião com o premiê britânico. Segundo a imprensa brasileira, a expectativa é que os dois discutam meio ambiente e sustentabilidade – um tema caro ao Reino Unido, enquanto as políticas ambientais do governo Bolsonaro têm sido alvo de críticas internacionais desde o início do mandato.

Os líderes ainda devem conversar sobre questões relacionadas à vacina da farmacêutica AstraZeneca contra a covid-19, desenvolvida em parceria com a universidade britânica de Oxford e produzida também no Brasil devido a um acordo de transferência de tecnologia com a Fiocruz.

Outro tema do encontro deverá ser a expansão do comércio entre Brasil e Reino Unido, agora que o país europeu não é mais membro da União Europeia (UE).

Bolsonaro também teria interesse em discutir com Johnson um possível alívio das restrições de viagens a brasileiros que desejam entrar no país europeu, afirmou o jornal Folha de S. Paulo.

Após o encontro com o premiê britânico, ainda consta na agenda presidencial uma recepção oferecida pelo embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Costa Filho.

Na terça-feira, Bolsonaro deverá ter mais duas reuniões com líderes internacionais. Uma delas é com o presidente ultraconservador da Polônia, Andrzej Duda, cujo governo de ultradireita vem impondo medidas que ameaçam os direitos das mulheres e de cidadãos LGBTQ.

Outro encontro será com o secretário-geral da ONU, António Guterres. Após os atos de 7 de Setembro realizados por apoiadores de Bolsonaro, dos quais o próprio presidente participou com discursos em tom golpista, o português divulgou um comunicado em que disse defender o Estado democrático de direito e observar de perto a situação no Brasil.

Bolsonaro, por outro lado, não tem reunião prevista com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Mas o ministro das Relações Exteriores, embaixador Carlos Alberto Franco França, deverá se reunir com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, no encontro presencial de mais alto nível entre os dois governos até o momento.

Discurso na ONU

Após as reuniões na terça-feira, Bolsonaro então discursará na 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Tradicionalmente, cabe ao presidente do Brasil fazer o discurso de abertura da sessão de debates, seguido do presidente dos Estados Unidos.

Na última sexta-feira, o presidente prometeu a apoiadores que, em seu pronunciamento, pretende expor "verdades" e a "realidade do que é o nosso Brasil".

"Digo a vocês: na próxima terça-feira estarei na ONU participando do discurso inicial daquele evento. Lá teremos verdades, lá teremos realidade do que é o nosso Brasil e do que nós representamos verdadeiramente para o mundo", disse.

Em live na quinta-feira, Bolsonaro também já havia antecipado que, em seu discurso, deverá defender a tese do marco temporal para demarcações de terras indígenas, que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

O marco, defendido por ruralistas e pelo governo federal, estabelece que os povos indígenas só teriam direito a reivindicar as terras já ocupadas por eles em outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição. Se não estivessem na terra, precisariam estar em disputa judicial ou em conflito comprovado pela área naquela data.

Na transmissão na quinta-feira, Bolsonaro afirmou que um possível veto do STF ao marco temporal representaria "um perigo para a segurança alimentar do Brasil e do mundo".

Comitiva presidencial

O presidente viajou a Nova York acompanhado de ao menos oito ministros. Além de Carlos França, fazem parte da comitiva Paulo Guedes (Economia), Marcelo Queiroga (Saúde), Gilson Machado (Turismo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Anderson Torres (Justiça).

Também viajaram com Bolsonaro a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filhos do presidente, o secretário de Assuntos Estratégicos, Flávio Rocha, e o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães.

O advogado Rodrigo de Bittencourt Mudrovitsch, indicado pelo presidente para uma vaga na Corte Interamericana de Direitos Humanos, viajou na condição de convidado.

Bolsonaro deve retornar à Brasília na mesma terça-feira, após o discurso na ONU.

ek (ots)