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EsporteBrasil

Em meio à pandemia, Brasil pode ser sede da Copa América

31 de maio de 2021

Após desistência de Colômbia e Argentina, Conmebol agradece a Bolsonaro por "abrir as portas" ao torneio. Anúncio é recebido com críticas, e ministro da Casa Civil diz que competição ainda não foi confirmada.

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Arena Pernambuco, em Recife
Arena Pernambuco, em Recife, é um dos locais cotados para receber jogos; estado se recusaFoto: picture-alliance/AP Photo

Após a desistência dos países-sede Colômbia e Argentina, a Conmebol comunicou nesta segunda-feira (31/05) que a Copa América de futebol será realizada no Brasil, país mais assolado pela pandemia de covid-19 no continente.

Após o anúncio, porém, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirmou que a realização do torneio no Brasil ainda não estava confirmada, e que o governo havia estabelecido algumas condições: todos os integrantes das delegações devem estar vacinados, não haverá público nos jogos e serão aceitas apenas dez equipes.

"Ainda não tem nada certo, quero pontuar de forma bem clara. Estamos no meio do processo. Mas não vamos nos furtar a uma demanda, caso seja possível atender", declarou Ramos a jornalistas no Palácio do Planalto.

O comunicado da federação sul-americana, a menos de duas semanas do início do torneio, foi recebido com uma enxurrada de críticas no Brasil, que segundo especialistas e o próprio Ministério da Saúde está à beira de uma terceira onda de infecções pelo coronavírus.

As UTIs de vários estados estão cheias, e a previsão de epidemiologistas é de piora no desastre sanitário brasileiro justo no período em que se disputará a Copa América – com abertura em 13 de junho e final em 10 de julho.

"O melhor futebol do mundo trará alegria e paixão a milhões de sul-americanos. A Conmebol agradece ao presidente Jair Bolsonaro e sua equipe, bem como a Confederação Brasileira de Futebol, por abrir as portas daquele país ao que é hoje o evento esportivo mais seguro do mundo. A América do Sul vai brilhar no Brasil com todas as suas estrelas!", diz postagem no Twitter da entidade.

A desistência da Argentina, que só não se oficializou porque a Conmebol se antecipou e desligou antes o país como sede, foi devido ao recrudescimento da pandemia no país. A Colômbia, que compartilharia a organização do evento, abriu mão devido à situação política em seu território, que vive os maiores protestos de rua em décadas.

A Argentina registrou mais de 3,75 milhões de infecções e mais de 77 mil mortes relacionadas à covid-19 ao longo da pandemia. No domingo, a Argentina apresentou uma taxa de incidência média de 485 casos por 100 mil habitantes em sete dias. O Brasil, a nova sede da competição, apresentou no mesmo dia uma taxa de incidência média de 1.838 casos por 100 mil habitantes.

Líderes da oposição reagiram com indignação à realização do evento no Brasil. Ciro Gomes, do PDT, pediu à CPI da Pandemia a convocação do presidente da CBF, Rogério Caboclo, para dar explicações. O governo de Pernambuco, um dos estados cotados para receber o torneio, disse ao jornal Folha de S. Paulo que não aceitará participar do evento. O deputado federal Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais, disse ao site O Antagonista que irá ao STF contra a Copa América no Brasil.

Argentina e Colômbia

Originalmente, a 47ª edição da Copa América estava agendada para ser jogada na Colômbia (Grupo Norte) e na Argentina (Grupo Sul) em 2020, mas foi adiada para o ano seguinte devido à pandemia. Já em meados do primeiro semestre de 2021, a Colômbia decidiu abdicar de sediar o torneio devido a uma onda de protestos generalizados contra o governo e à situação sanitária do país.

A Conmebol então recebeu propostas de Equador e Venezuela para receberem as partidas originalmente marcadas para serem disputadas na Colômbia. O Chile também foi cogitado a partilhar o torneio com a Argentina, especialmente devido ao avanço da vacinação contra a covid-19 no país. Mas, devido às restrições sanitárias distintas em cada nação, a Conmebol achou melhor realizar o torneio num único país para evitar deslocamentos internacionais.

No último fim de semana, o ministro do Interior da Argentina, Wado de Pedro, sinalizou que seria muito difícil realizar o torneio em território argentino. "Conversei com o presidente [Alberto Fernández] por causa da situação sanitária. Revisamos a situação epidemiológica de Mendoza, Córdoba, Tucumán, Santa Fé... Algumas são sede da Copa. Do diagnóstico sanitário vemos que será muito difícil que se possa jogar na Argentina", disse.

Uma pesquisa de opinião pública divulgada na sexta-feira apontou que 70% dos argentinos não queriam a realização da Copa América no país. Porém, antes que Alberto Fernández anunciasse que o torneio não poderia ser jogado na Argentina, a Conmebol retirou a copa do país.

Jogos em estádios ociosos

Segundo pessoas ligadas à negociação, o Brasil deve usar estádios utilizados na Copa do Mundo de 2014 que estão ociosos, como o Mané Garrincha, em Brasília, a Arena Amazônia, em Manaus, a Arena Pernambuco, nos arredores de Recife, e a Arena das Dunas, em Natal.

A ideia é colocar um grupo de seleções para jogar em Brasília e Manaus, enquanto o outro jogaria nos estádios do Nordeste. O Campeonato Brasileiro não seria interrompido.

Havia a possibilidade de a Copa América ser cancelada ou ser realizada nos Estados Unidos. Chegou-se a cogitar até mesmo levar a competição para Israel, onde a vacinação está bastante avançada.

Será apenas a segunda vez na história que duas edições seguidas da Copa América serão disputadas num mesmo país. O Uruguai foi palco dos torneios de 1923 e 1924, ambos conquistados pela seleção celeste. A edição de 1924 foi a primeira sem participação brasileira e originalmente deveria ser jogada no Paraguai, que rejeitou a honra alegando não ter infraestrutura adequada. O Paraguai organizou aquela edição, mas em território uruguaio.

pv,rpr/ek (ots)