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Eleição presidencial antecipada pode mudar cenário político na Grécia

Yannis Papadimitriou (ca)17 de dezembro de 2014

O Parlamento grego está escolhendo o novo presidente do país. Se o candidato único, Stavros Dimas, não conseguir a maioria necessária até a terceira votação, eleições legislativas deverão ser antecipadas.

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Stavros Dimas Präsidentschaftskandidat in Griechenland ARCHIV 2012
Foto: Reuters/A. Konstantinidis

Com a antecipação das eleições presidenciais, o Parlamento grego deu início, nesta quarta-feira (17/12), ao processo de escolha do novo presidente do país. Na Grécia, o chefe de Estado grego possui somente funções representativas e não é escolhido diretamente pelos cidadãos, mas pelo Parlamento. Para tal, é preciso uma maioria de dois terços – seriam então 200 votos a favor, de um total de 300 deputados.

Se esta maioria não for alcançada na primeira nem na segunda rodada de votação, na terceira são necessários somente 180 votos. No entanto, se Stavros Dimas fracassar nas três votações, de acordo com a Constituição, eleições legislativas deverão ser antecipadas. Segundo todas as pesquisas de opinião, é nisso que aposta a aliança esquerdista de oposição Syriza.

"O fato de a oposição de esquerda não concorrer nem mesmo com um candidato próprio mostra que ela rejeita a eleição presidencial e aposta em novas eleições", explicou o editor e assessor político Lefteris Koussoulis em conversa com a DW. Ele disse considerar improvável que a coalizão de governo formada por conservadores e social-democratas, sob a liderança do chefe de governo conservador Antonis Samaras, venha a conseguir 180 votos na terceira votação. Mas isso não pode ser descartado, disse Koussoulis.

Uma tendência pode ser vislumbrada já após a primeira rodada de votação nesta quarta-feira. "Ninguém espera que Dimas seja eleito já da primeira vez com 200 votos. Mas faz uma grande diferença se ele recebe logo 170 votos ou se ele é apoiado somente pela coalizão de governo", disse o cientista político.

Samaras à caça de votos

Atualmente, a coalizão de governo composta por conservadores e socialistas detém uma maioria de 155 votos no Parlamento composto por um total de 300 assentos. Por motivos de saúde, um deputado socialista não deverá votar. No entanto, a oposição de esquerda possui somente 71 votos, e o cenário político-partidário nunca pareceu estar tão fragmentado desde que a democracia foi restaurada, em 1974.

Isso tudo faz com que seja particularmente difícil prever os resultados da votação presidencial. Certo está, todavia, que os 24 deputados independentes no Parlamento grego desempenharão um importante papel. A maioria deles não rejeitaria o candidato do governo Stavros Dimas.

O deputado conservador George Davris pontuou claramente: como a Grécia depende de estabilidade política, ele lhe dará o seu voto, explicou recentemente no Parlamento o oficial militar da reserva. Davris declarou ainda que vai se retirar da política após este período legislativo, para que não se levante a suspeita de que tenha exigido ou recebido algo em troca de seu voto.

Entre os apoiadores de Stavros Dimas, estão também dois deputados que entraram no Parlamento em junho de 2012 pelo partido neonazista Madrugada Dourada, mas que declararam a sua saída do partido e, de acordo com informações próprias, se distanciaram da ideologia de extrema direita.

Por outro lado, nove deputados sem partido levantaram dúvidas em relação a Dimas, no contexto da eleição presidencial, explicou o jornalista político Yannis Pittaras na emissora de TV Skai. E mesmo se todos os 24 deputados independentes votem a favor do ex-comissário europeu, ainda faltarão votos para que Dimas se imponha na terceira rodada de votação.

"Para Samaras, não resta alternativa senão correr atrás de votos entre os adversários políticos", elucidou Pittaras. Segundo ele, possíveis formadores de maioria seriam o partido populista de direita Gregos Independentes, que está representado no Parlamento com 12 deputados e tem chamado atenção devido a brigas internas, ou com dez assentos no Parlamento o partido Esquerda Democrática, liderado pelo ex-ministro grego da Justiça Fotis Koufelis.

Aliança entre esquerda e populistas de direita?

Considerado moderado de esquerda, Koufelis não quis fazer nenhuma recomendação eleitoral. E o que está acontecendo agora com os Gregos Independentes surpreende até os que não conhecem os meandros da política do país: o líder partidário Panos Kammenos e o chefe do esquerdista Syriza, Alexis Tsipras, cogitam fazer uma aliança política no caso de a oposição de esquerda não obter uma maioria própria no Parlamento em Atenas e depender de parceiros de coalizão.

Esta aliança não tem futuro e só vai prejudicar ambos os partidos, mas ela estará de pé. Pois, o que une o esquerdista Syriza e os populistas de direita é, em particular, a rejeição à política de austeridade econômica", afirmou o cientista político Lefteris Koussoulis. Segundo ele, os Gregos Independentes não seriam, no entanto, uma força política homogênea. Por esse motivo, não se pode descartar que determinados deputados se posicionem contra a linha partidária e acabem dando seu voto ao candidato Dimas, elucidou Koussoulis.

Isso faz com que alguns fiéis representantes partidários fiquem com os nervos à flor da pele: em entrevista à TV, no final de novembro, o deputado populista de direita Stravroula Xoulidou afirmou que alguém tentou suborná-lo através do Facebook, "para que se consiga a maioria de 180 votos no Parlamento". Àquela altura, a candidatura de Dimas ainda não era certa. Xoulidou não forneceu outras evidências para as acusações de suborno.