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Eisenach sedia o primeiro museu dedicado a Johann Sebastian Bach

2 de maio de 2012

Pequena cidade da Turíngia, no leste da Alemanha, abriga o museu Casa de Bach, que foi aberto em 1907 e até hoje atrai visitantes interessados em saber mais sobre o famoso compositor.

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Foto: DW

"Um dos primeiros itens que quero mostrar é a porta da escola Thomasschule, em Leipzig, onde Bach viveu por 27 anos como Kantor (chefe do coro)", explica o guia turístico Uwe Fischer. "Para muitos visitantes é muito importante passar por onde Bach um dia já caminhou."

Os turistas ouvem as palavras do guia com atenção. Elas levam a uma viagem pelo mundo de Bach. O famoso compositor viveu seus primeiros dez anos na cidade de Eisenach, na Turíngia. Trata-se de uma cidade importante para a Reforma, pois foi no Castelo de Wartburg, localizado em Eisenach, que Lutero traduziu o Novo Testamento do latim para o alemão.

Mas, ao contrário do que acreditam muitos visitantes, Bach não nasceu no prédio que hoje abriga o museu Casa de Bach, como diz o diretor do museu, Jörg Hansen. "Cerca de 20 anos após a inauguração foi descoberto, através de registros fiscais, que a casa em que Bach nasceu infelizmente já havia sido demolida. Ela ficava a 100 metros do museu."

Inusitados instrumentos musicais

Mesmo que Bach nunca tenha vivido na mansão do século 15, isso não reduz o valor do acervo que lá se encontra. Da coleção fazem parte objetos, manuscritos, partituras e, é claro, instrumentos musicais, desde uma tromba marina até uma harmônica de vidro. As reproduções da sala de estudos de Bach, seu quarto de dormir, sua sala de visitas e sua sala de instrumentos musicais são um mergulho na música do século 17.

Bachhaus Uwe Fischer
Uwe Fischer é responsável pelos instrumentos musicaisFoto: DW

Em um órgão, um cravo, uma espineta e um clavicórdio, o responsável pelos instrumentos musicais Uwe Fischer oferece mostras das obras de Bach. O clavicórdio era o instrumento favorito do músico, que o considerava a melhor ferramenta para o estudo e também ideal para se tocar em ambientes privados. "Não tinha um som muito alto e assim não perturbava os vizinhos." Como pesava apenas 15 quilos, era de fácil transporte, perfeito para as viagens de Bach. "Era o teclado do período barroco", resume Fischer.

Uma das últimas aquisições e motivo de orgulho da Casa de Bach é o órgão barroco da Turíngia, do ano de 1650. O diretor do museu descobriu a peça por acaso, quando navegava na internet, numa casa de leilões da Baviera. Até então, o museu não tinha nenhum órgão da Turíngia na coleção. "A grande pergunta é se Bach conhecia essa peça", declarou Hansen. "Gostamos de pensar que sim, pois é sem dúvida um órgão oriundo do círculo próximo a Johann Sebastian Bach, e é uma ótima sensação ter um órgão como esse no museu."

Reconhecimento em vida

Ainda em vida Johann Sebastian Bach gozava de excelente reputação. Ele trabalhou como organista da igreja, como músico da corte e finalmente como chefe de coro em Leipzig. O então reitor da escola de São Tomás, Johann Matthias Gesner, declarou na época: "Se você pudesse ver Bach, como ele toca o piano com ambas as mãos e usando todos os dedos, ou o instrumento dos instrumentos, cujos inúmeros tubos ganham vida por meio dos foles, como ele voa aqui com ambas as mãos e ali com os pés ágeis sobre teclas e pedais, como o ritmo ocupa todos os membros do seu corpo!".

Bachhaus Direktor Dr. Jörg Hansen
O diretor do museu, Jörg Hansen, e o órgão barroco de 1650Foto: DW

Bach deixou para a posteridade uma obra de dimensões imensas: suas peças para coral ou para órgão e especialmente A paixão segundo São Mateus desfrutam até hoje de grande popularidade em todo o mundo. O museu ganhou recentemente um anexo, para melhor apresentar a obra de Bach para os visitantes. No anexo é possível transitar pela obra de Bach. Num quarto escuro é projetado um filme numa tela de 180º, acompanhado por composições de Bach para órgão.

Renascimento de Bach no romantismo

O filme mais recente é uma versão blockbuster de A paixão segundo São Mateus, realizada pelo diretor Christoph Spering e que apresenta a famosa versão de Mendelssohn da peça. Em 1892, Felix Mendelssohn Bartholdy, então com apenas 20 anos, apresentou a peça na presença do rei prussiano e de sua corte, do filósofo Hegel, do poeta Heinrich Heine e de outros ilustres da época. Sua interpretação da obra prima de Bach deu início a um verdadeiro renascimento do mestre.

"O novo interesse pela música de Bach, e também que ele tenha sido alçado a um pedestal em nível nacional, sendo repentinamente celebrado como compositor e gênio alemão: tudo isso surge a partir desse acontecimento em Berlim", lembra Hansen.

Rekonstruktion Johann Sebastian Bach
Reconstituição em computador do rosto de Johann Sebastian BachFoto: picture-alliance/dpa

Louvor a Deus

Bach era um homem de fé, mas não era um santo, como se pode aprender ao visitar o museu. Bach chegou a brigar fisicamente com seus alunos e chegou a ser preso em Weimar por ter se comportado de maneira "insubordinada e teimosa" com um de seus patrões. Quando compunha, esquecia o mundo ao seu redor e criava suas obras em louvor a Deus.

Não é de admirar, portanto, que o músico protestante tenha deixado um monumento musical para o reformista Lutero. O próprio Lutero escreveu vários cânticos, reunidos no primeiro hinário em língua alemã. Este, por sua vez, foi musicado por Bach.

Isso e muito mais pode ser descoberto durante uma visita à Casa de Bach. "Você tem que sentar aqui, pegar os fones de ouvido e ouvir a música. Pois é essa música maravilhosa que traz as pessoas aqui", completa Hansen.

Autora: Suzanne Cords (mas)
Revisão: Francis França