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Sem causa para pânico

1 de junho de 2009

Insolvência do grupo automobilístico já era esperada. Porém efeitos sobre o mercado internacional serão controláveis. Na Alemanha, atenções se concentram na Opel. Partido A Esquerda vê o fim do crescimento globalizado.

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Passo longamente esperadoFoto: AP

A hora zero soou para a General Motors (GM) nesta segunda-feira (01/06), quando ela apresentou, às 08h00 (hora local), em Nova York, seu pedido de concordata.

O passo já era mais do que esperado: após anos de prejuízos bilionários, esta era a única possibilidade de sobrevivência para o grupo, que conta mais de 100 anos de existência. Trata-se do maior processo de proteção de credores da indústria manufatureira na história dos Estados Unidos e deverá durar entre 60 e 90 dias.

Asiáticas e VW saem ganhando

USA Wirtschaft GM General Motors Konzernchef Fritz Henderson in Washington
Decisão foi difícil para presidente da GM, Fritz HendersonFoto: AP

Entretanto, segundo especialistas alemães do setor, os efeitos da insolvência da GM para a indústria automotiva internacional não serão incontroláveis. "A GM já é tão fraca, que o fato não terá grandes consequências em face dos mercados também debilitados", afirmou Wolfgang Meinig, diretor do centro de pesquisa sobre a indústria automobilística da Universidade de Bamberg.

Analistas da agência de rating Fitch estimam que – devido a sua maior participação no mercado norte-americano – os fabricantes asiáticos lucrarão mais do que os europeus com o colapso da ex-campeã de vendas.

A Toyota, a Nissan e outras, com seus modelos pequenos e médios, competem mais com os produtores em massa dos EUA do que os veículos da classe especial das alemãs Daimler, BMW e Audi. Segundo a Fitch, só a Volkswagen pode ter esperanças de uma maior fatia do mercado, devido à sua palheta de modelos mais ampla.

Risco para pequenos fornecedores

Em contrapartida, os fornecedores de autopeças e acessórios podem ir se preparando para alguns golpes, avisou Wolfgang Meinig. O setor já se encontra, de qualquer modo, abalado pela crise e as perdas serão inevitáveis para os produtores dos EUA e do Canadá. Quanto aos da Europa, eles serão afetados, porém não precisam temer "ondas de choque", disse o pesquisador.

Stefan Bratzel, do Center of Automotive de Bergisch Gladbach, no estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, lembra que alguns dos credores colocados na lista de espera pelo pedido de concordata são fornecedores. Alguns só fornecerão a partir de agora mediante pagamento antecipado, o que aumentará ainda mais as necessidades financeiras da General Motors.

Mas o destino do grupo norte-americano afeta, sobretudo, os fornecedores menores, já que os de grande porte exportam para clientes espalhados pelo mundo todo, não dependendo em especial de um único. Por isso, a Federação da Indústria Automobilística Alemã (VDA) vem pedindo há um bom tempo apoio do governo federal.

A GM é, por exemplo, um dos grandes clientes da Continental, de Hannover, e da ZF, de Friedrichshafen, as quais, embora sendo fornecedoras de bom porte, têm acompanhado os acontecimentos nos EUA de perto e com certa preocupação.

"Fim do crescimento globalizado"

Os desdobramentos nos EUA atraem atenções especiais na Alemanha, por ser a GM matriz da montadora Opel, cujo destino entre a estatização e a incorporação por outros conglomerados está em vias de se delinear. Segundo o jornal Handelsblatt, a nova sociedade fiduciária encarregada da Opel será encabeçada pelo perito em saneamento empresarial Alfred Hagebusch.

Interview Wahl05 Bodo Ramelow
Deputado Bodo Ramelow

O vice-presidente da bancada do partido A Esquerda no parlamento alemão, Bodo Ramelow, comentou: "Agora vamos ver se a solução fiduciária para a Opel rende o que o governo alemão prometeu". O deputado afirma que, no momento, Berlim efetua sua "campanha eleitoral nas costas dos funcionários da Opel". Isso precisa acabar e o governo se concentrar no salvamento das unidades e dos postos de trabalho, criticou.

Segundo Ramelow, a concordata da GM, que custará 60 bilhões de dólares aos contribuintes estadunidenses e canadenses, deixa claro que "o tempo desses megaconglomerados passou". Empresas que agem em nível global, e movem volumes de finanças superiores a muitos orçamentos nacionais, têm "um déficit de democracia e representam enormes perigos para assalariados e para Estados inteiros". "Chegou-se ao fim desse crescimento", concluiu o político esquerdista.

Autor: AV/rtr/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer