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"Economist" afirma que é hora de Dilma ir

Roberto Crescenti23 de março de 2016

Ao nomear Lula para a Casa Civil, presidente "colocou os limitados interesses de sua tribo política acima do Estado de Direito" e "se tornou inapta" para o exercício do cargo, sustenta a publicação britânica.

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Presidente Dilma Rousseff
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa

A revista britânica The Economist publicou nesta quarta-feira (23/03) em seu portal na internet um editorial pedindo a renúncia da presidente Dilma Rousseff.

Com o título Time to go (hora de ir), o texto afirma que o Brasil atravessa sua pior recessão desde 1930, em grande parte devido a erros cometidos durante o primeiro mandato da presidente. "Suas fraquezas políticas deixaram seu governo quase sem forças frente ao desemprego em alta e à queda da qualidade de vida", escreve a publicação.

No editorial, que também será publicado na edição desta semana da revista, a Economist escreve que Dilma, até agora, podia alegar que a legitimidade de sua reeleição em 2014 estava intacta e que nenhuma das alegações contra ela justificaria um impeachment. Entretanto, diz a publicação, ela removeu esse "manto da credibilidade" ao nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil.

Para a revista, Dilma entendeu que esta seria uma nomeação inteligente, uma vez que Lula é um articulador político muito habilidoso, que poderia "ajudar a presidente a sobreviver à tentativa do Congresso de impedir seu mandato e, quem sabe, até mesmo ajudar a estabilizar a economia".

Dilma ao lado de Lula, durante a posse dele como ministro da Casa Civil
Ao nomear Lula da Silva como ministro, Dilma perdeu o "manto da credibilidade", diz revistaFoto: Reuters/R. S. Filho/Brazilian Presidency

A revista, porém, lembra que a decisão protegeria o ex-presidente, uma vez que, como ministro, ele apenas poderia ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, livrando-se assim das mãos do juiz Sérgio Moro.

No artigo, a Economist afirma que há muito defende que o destino da presidente deve ser decidido pelo Poder Judiciário ou pelos próprios eleitores, e não por "políticos que servem a seus próprios propósitos ao tentar impedi-la".

Entretanto, "a nomeação de Lula por parte de Dilma aparenta ser uma tentativa grosseira de distorcer o curso da Justiça. Ainda que essa não fosse sua intenção, seria o resultado". Segundo a revista, este foi o momento em que Dilma "colocou os limitados interesses de sua tribo política acima do Estado de Direito". Dessa forma, "ela se tornou inapta para continuar sendo presidente".

A Economist aponta três formas de remover Dilma que se sustentam "sobre fundamentos legítimos". A primeira seria comprovar que ela de fato obstruiu as investigações sobre o escândalo de corrupção na Petrobras. Para tal, as denúncias do senador Delcídio do Amaral poderiam formar a base de um pedido de impeachment, mas, até agora, não foram comprovadas.

Desemprego e frustração com crise na Petrobras

A segunda opção seria uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral de convocar novas eleições presidenciais, o que, segundo a revista, poderia ser feito caso fosse provado que a campanha da reeleição de Dilma foi financiada com propinas canalizadas por executivos da Petrobras. Essa investigação, porém, será demorada.

A terceira opção – melhor e mais rápida, segundo a revista – seria Dilma renunciar antes de ser removida do poder. A publicação concorda, porém, que isso não resolveria os inúmeros problemas do Brasil, já que o PMDB do vice-presidente Michel Temer está, assim como o PT, "profundamente enredado no escândalo da Petrobras". Assim, a renúncia de Dilma seria apenas "o primeiro passo" para o Brasil.