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Recuperação desigual

12 de abril de 2011

Consequências da crise global se dissipam de forma irregular, estima o Fundo Monetário Internacional em seu relatório sobre perspectivas econômicas. Desafios são bem diferentes para nações emergentes e industrializadas.

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Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, apresentou o relatórioFoto: picture alliance/dpa

A economia mundial segue se recuperando, afirmou Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, ao apresentar o mais recente relatório Panorama Econômico Mundial. Entretanto, essa recuperação se realizará em ritmos muito diversos. Pois consideráveis diferenças se ocultam atrás das previsões de crescimento econômico mundial, de 4,4% em 2011 e 4,5% em 2012: enquanto a taxa de crescimento nos países emergentes deverá alcançar 6,5%, a dos industrializados se limitará a 2,6%.

O relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional nesta segunda-feira (11/04) em Washington revela, portanto, uma recuperação econômica muito desequilibrada. "Na maioria dos países industriais, o desempenho econômico ainda está muito abaixo da capacidade de produção e o desemprego é alto. E a situação permanecerá assim ainda alguns anos, em face das fracas taxas de crescimento", observou Blanchard.

Velhos conselhos

Griechenland Streik
Ação do FMI na Grécia causou protestos no início de 2011Foto: dapd

Os muitos países onde a crise desencadeou uma deterioração dramática das finanças estatais estão agora obrigados a consolidar seus orçamentos. E os bancos se batem por quotas mais elevadas de capital próprio, já que são cada vez mais confrontados com a inadimplência entre seus devedores.

Segundo Blanchard, esse fenômeno se faz observar, sobretudo, nos países da periferia da Europa. "Por isso, os conselhos que damos às nações industriais são os mesmos de sempre: o sistema bancário precisa ficar mais resistente às crises e a consolidação orçamentária deve ser implementada de maneira equilibrada."

Entretanto, essa consolidação não deve se realizar com rapidez excessiva, para não comprometer o crescimento, nem de forma muito lenta, o que prejudicaria a sua credibilidade. "É preciso reforçar a regulamentação e vigilância dos bancos, em especial na Europa. E continuam sendo necessárias reformas para reforçar o potencial de crescimento", pleiteou o economista do FMI.

Inflação, superaquecimento e o Japão

No momento, o Fundo Monetário Internacional não considera muito elevado o risco de inflação. O encarecimento das matérias-primas representa, de fato, uma carga adicional, porém sem afetar de forma significativa a recuperação global.

Ao contrário dos países emergentes, ameaçados pelo superaquecimento, em boa parte das nações industrializadas o núcleo da inflação – que exclui os preços de energia e gêneros alimentícios – deverá manter-se comparativamente moderado.

"O desafio para os emergentes é completamente diferente do que enfrentam os países industrializados: eles precisam evitar o superaquecimento das economias nacionais e administrar o elevado afluxo de capital", analisa Blanchard.

China Wirtschaft Inflation Mittagspause in Peking Geldscheine
China: locomotiva da economia mundialFoto: AP

Por isso, o FMI aconselha às nações emergentes considerar controles temporários de capital e não se opor com toda força à valorização de suas moedas. Segundo Blanchard, a principal locomotiva de crescimento continua sendo a China, cuja taxa de crescimento permanece inalterada: 9,6% em 2011 e 9,5% no próximo ano.

Mesmo considerando todos os fatores de incerteza, o FMI ainda estima que as consequências da catástrofe nuclear no Japão permanecerão restritas. Por outro lado, a recente alta dos preços das matérias-primas constituiu um novo risco ao crescimento, também em face das turbulências políticas no Norte da África e no Oriente Médio.

Autoria: Rolf Wenkel (av)
Revisão: Alexandre Schossler