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Novo Duden

27 de julho de 2009

Novo dicionário tem 135 mil verbetes – 5 mil a mais que a edição anterior. Muitos estão ligados à informática e às novas tecnologias, outros refletem a nova realidade social na Alemanha. Há quem critique estrangeirismos.

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Primeira edição, de 1880, continha apenas 27 mil termosFoto: duden.de

Neste mês de julho, foi lançada a 25ª edição do dicionário da editora Duden, com 5 mil novas palavras. Várias delas provêm do inglês e estão ligadas principalmente à informática e às novas tecnologias, assim como refletem a nova realidade social na Alemanha.

Com a incorporação dos novos termos, o dicionário Duden tem agora um total de 135 mil palavras, além de meio milhão de exemplos, esclarecimentos de significados e regras de gramática e separação silábica. Sua primeira edição, publicada em 1880, tinha "apenas" 27 mil palavras.

Quem, por exemplo, busca uma forma prática de dizer que alguém publica mensagens online utilizando o site Twitter pode dizer que esta pessoa twittert, conjugando o novo verbo twittern na segunda pessoa do singular.

Outros exemplos são os termos internetfernsehen (televisão via internet) e Fernbeziehung (relacionamento à distância). Nenhuma dessas expressões foi criada pelo dicionário Duden. Na realidade, elas já estavam na boca do povo e o renomado dicionário apenas registrou sua forma escrita, como fez também com Blogosphäre (blogosfera), Nickname (apelido ou nome de usuário), Sashimi e vários outros termos.

Critérios específicos

Antigamente, o trabalho de pesquisa das editoras exigia uma extensa leitura de livros, revistas e jornais em busca das novas palavras de um idioma. Hoje em dia, a pesquisa é feita de outra forma, como conta Werner Scholze-Stubenrecht, um dos editores do Duden: "Informatizamos a produção anual de vários livros e revistas. Assim, podemos fazer uma análise estatística e observar que palavras estão sendo usadas com frequência".

O chefe da equipe editorial, Matthias Wermke, explica que novas palavras só passam a fazer parte do dicionário quando são encontradas em um grande número de publicações variadas, como jornais, revistas, livros e trabalhos científicos. "Termos e expressões efêmeros não têm chance no Duden", afirma Wermke.

Combinações criativas

A língua alemã é famosa por compor novas palavras a partir de outras já existentes. O próprio termo Wörterbuch (dicionário) é um substantivo composto por Wörter (palavras) e Buch (livro). Grande parte dos vocábulos incluídos na 25ª edição do dicionário Duden mostra que os alemães continuam seguindo essa tradição.

Um exemplo é a expressão Frauenversteher, que une as palavras Frauen (mulheres) e Versteher (entendedor, do verbo verstehen) para designar "alguém que entende de mulheres". Ou Komasaufen, da união de Koma (coma) e saufen (beber), que, no português coloquial, seria traduzido como "beber até cair".

Outras composições não têm um significado tão óbvio assim. É o caso de Kuschelkurs, formada a partir do verbo kuscheln (aconchegar-se) e do substantivo Kurs (curso). O novo termo é usado para indicar a postura de não ser duro demais com alguém. Pode-se dizer, por exemplo, que o Presidente Obama está preparando um Kuschelkurs com o Irã.

Estrangeirismos

Enquanto a composição de novos termos a partir do alemão é aceita com naturalidade, muitos não veem a incorporação de palavras estrangeiras com bons olhos. Apesar disso, o novo dicionário Duden está cheio de expressões provenientes da língua inglesa, como After-Show-Party, Bad Bank, Best-of e No-go-Area.

O editor Scholze-Stugenrecht enfatiza que o dicionário não age como uma polícia linguística. "As pessoas é que devem decidir que palavras usam ou deixam de usar", defende. No entanto, exceto sob o controle nazista, os alemães sempre incorporaram palavras estrangeiras, como Restaurant ou Computer.

Em certos casos, eles as adequam à sua pronúncia, criando termos como Frisör (do francês friseur). Em outros, misturam termos alemães a outros estrangeiros, como em urcool, que une o prefixo alemão ur- (primordial) ao adjetivo inglês cool.

Autores: Benjamin Wüst/Elton Hubner

Revisão: Rodrigo Rimon