60 anos
18 de agosto de 2009
Em 1850, Paul Julius Reuter, fundador da agência de notícias Reuters, ainda soltava pombos-correio entre Bruxelas, na Bélgica, e Aachen, Alemanha, para transportar da forma mais rápida possível as notícias e os dados do mercado financeiro. Poucos anos depois, os telégrafos e os cabos submarinos tornaram obsoletos os serviços aéreos da Reuters.
Com o uso militar da radiocomunicação durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, as agências de notícia também aderiram aos transmissores de ondas longas para a propagação de suas informações.
No entanto, ao fim da Segunda Guerra, os meios de comunicação na Alemanha estavam arrasados. As emissoras propagandísticas nazistas silenciaram, bem como as agências de notícias e a imprensa do regime. Tanto maior era a sede dos alemães por notícias confiáveis e por informações que lhes dessem uma noção do futuro rumo do país destruído.
Com a infraestrutura e a visão de mundo dos aliados
Nessa situação, os oficiais de imprensa dos aliados foram os primeiros a entrar em ação. Mas logo se encontraram editores e jornalistas alemães considerados "limpos" pelas potências de ocupação e, por fim, incumbidos com a retomada de um jornalismo não propagandista.
Em cada uma das zonas de ocupação ocidentais – a francesa, a inglesa e a norte-americana – surgiram agências de notícias regionais que futuramente se uniriam em uma única, a DPA (Deutsche Presse Agentur). Este serviço de notícias do pós-guerra nasceu da fusão de três outras agências: a Dena (Deutsche Nachrichtenagentur), a Südena (Süddeutsche Nachrichtenagentur) e o DPD (Deutscher Pressedienst).
Três meses após a promulgação da Lei Fundamental da República Federal da Alemanha e poucas semanas antes das primeiras eleições para o Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, a agência recém-fundada lutava contra a escassez material da Alemanha do pós-guerra. A sede da agência em Hamburgo começou a funcionar mesmo na falta de papel, cadeiras e técnica de comunicação.
Mas a DPA logo passou a dispor da infraestrutura das agências aliadas, das quais ela se compusera. Os britânicos transferiram de Flensburg, cidade próxima à Dinamarca, para Hamburgo o departamento de telecomunicações da Marinha alemã, com sua técnica, seus radiotelegrafistas e tradutores-intérpretes, criando assim a base para o DPD. A Südena, criada na zona de ocupação francesa, utilizava sobretudo as capacidades de propagação do correio.
Desnazificação e prioridade do factual
Dos americanos, a nova agência herdou não apenas a tecnologia de rádio, mas também um tipo totalmente diferente de jornalismo. Quase 600 redatores e repórteres, entre os quais intelectuais norte-americanos, jornalistas alemães retornados da emigração e jovens politicamente distantes da doutrina nazista, passaram a noticiar segundo o modelo americano.
Isso implicava uma rigorosa separação entre notícia e opinião, mas também uma "desnazificação" da linguagem. Conceitos nazistas ou apelativos deveriam ceder lugar a uma objetividade sóbria. Afinal, os aliados conferiram à imprensa e ao rádio um papel importante no processo de "reeducação" dos alemães no pós-guerra.
Essa "higiene linguística" ou "limpeza da língua alemã" significava excluir do vocabulário todas as palavras das quais os nazistas haviam abusado anteriormente para a propagação de sua doutrina. A palavra "Führer" (líder, guia), com a qual se denominava Adolf Hitler, não poderia ser mais empregada. A não ser como parte do termo "Lokomotivführer" (condutor de locomotivas), ao qual os mestres americanos acabaram capitulando.
A fundação oficial da DPA ocorreu no dia 18 de agosto de 1949. Hoje, ela é uma das agências de notícias mais importantes da Alemanha, com representações em 100 países e 50 escritórios na Alemanha. Diariamente, 800 funcionários da DPA e milhares de colaboradores produzem cerca de 3.500 textos e 450 fotos, além de vídeos e gráficos, em alemão, inglês, espanhol e árabe.
SL/dpa/ap
Revisão: Roselaine Wandscheer