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Documentário leva Beatlemania às telas do cinema

Jochen Kürten (pv)15 de setembro de 2016

Reunindo entrevistas atuais e material da época, "Eight Days a Week – The Touring Years" foca nos únicos quatro anos de shows dos Beatles, de 1962 a 1966. Direção é do premiado Ron Howard.

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O quarteto dos Beatles
Foto: dapd

Os Beatles são até hoje a banda mais bem sucedida e, provavelmente, mais famosa do mundo. A fama do quarteto inglês não se restringiu à época ativa da banda e foi crescendo de forma quase imensurável. A banda marcou a história da música rock e pop no século 20.

Muito se sabe sobre os quatro integrantes do grupo: Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr. Quase tudo já foi dito sobre a história do quarteto – ao menos é isso o que muita gente pensa. Mas o documentário autorizado Eight Days a Week – The Touring Years, que tem estreia mundial nesta quinta-feira (15/09), traz novos insights sobre o grupo de Liverpool. Ainda não há data para a estreia do filme nos cinemas brasileiros.

E não é que o diretor Ron Howard, vencedor do Oscar pela direção de Uma Mente Brilhante (2002), tenha reescrito a história dos Beatles ou até mesmo do rock. Provavelmente quase todos os detalhes da trajetória da banda, da forma como Howard conta no filme, já foram documentadas antes em algum lugar.

E também as fotografias e filmes antigos que foram escolhidos e compilados pelo diretor não são novos. O material é todo dos anos 70. As exceções são as entrevistas com os dois remanescentes dos Beatles, Paul MacCartney e Ringo Starr, conhecidos da época e fãs proeminentes da banda.

Efeito de longa duração

Mesmo assim, o Eight Days a Week é um filme cativante. Em parte, porque traz imagens raramente mostradas ou que nunca foram vistas – pelo menos não na telona dos cinemas ou nesse contexto. E principalmente porque ele aflora muitas lembranças.

O espectador ficará surpreendido sobre quão curta foi, de fato, a história da banda. Levados em conta os anos de apresentações públicas, foram apenas quatro. Tudo começou em meados de 1962 e terminou já em 1966 – com o lendário show em São Francisco, nos EUA. Foi a última apresentação da banda diante de um grande público.

Quatro anos de shows – um período impressionantemente curto e que contagiou tanta gente. E este é um dos milagres da banda abordados no Eight Days a Week.

Cena do documentário "Eight Days a Week - The Touring Years"
Cena de "Eight Days a Week - The Touring Years" , ainda sem data de estreia no BrasilFoto: APPLE CORPS LTD

Beatlemania: o nascimento da histeria

O documentário também mostra o entusiasmo dos fãs. A histeria do público entrou para a posterioridade com o nome de Beatlemania. Meninas gritando e desmaiando e um público adolescente completamente desinibido – tudo isso é mostrado no documentário, sugerindo que a histeria em massa não foi inventada na era digital. Pelo contrário.

Na época dos Beatles, o entusiasmo dos fãs tinha algo de imediatismo. E os empresários e descobridores da banda, Brian Epstein e George Martin, foram certamente geniais, engenhosos e inventivos para aqueles tempos. Mas ambos também não souberam bem como lidar com o repentino e enorme sucesso da banda.

Não fosse assim, os Beatles provavelmente teriam se apresentado por muito mais tempo, teriam possivelmente trabalhado juntos na década de 70 e não estariam esgotados tão cedo.

Hoje, as estrelas pop são construídas com cuidado e são acompanhadas por um exército de empresários e produtores no mundo da música. Antigamente, as coisas eram diferentes. E isso o filme mostra nitidamente: os quatro músicos estavam exauridos, a dupla de empresários estava sobrecarregada e as forças de segurança nos estádios e nas salas de concerto não conseguiam dar conta.

Os Beatles estavam à frente de seu tempo

Os Beatles estavam à frente de seu tempo – e esta é uma das afirmações de Eight Days a Week. Musicalmente e artisticamente. Mas com sua popularidade, os quatro músicos de Liverpool desmantelaram diversas estruturas da sociedade. E isso foi o que levou, no final das contas, ao fim da banda.

Nos anos de 1965 e 1966, McCartney, Lennon, Harrison e Starr estavam cada vez mais irritados com as circunstâncias em que tinham de tocar suas músicas. E, em algum ponto, eles perderam a vontade. Eles perderam a alegria no circo musical e se aposentaram dos palcos. Uma atitude – a partir da perspectiva atual de uma sociedade com tendências narcisistas – incrivelmente modesta e centrada.