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Fornecimento uniforme

15 de dezembro de 2009

Uma nova união de transportadores de gás forma rede para fornecimento do combustível ao mercado de todo o continente. Entsog promete transparência.

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Nova rede visa resolver problemas de fornecimento entre fronteirasFoto: AP

Todos os gasodutos europeus juntos seriam suficientes para circundar a Terra cinco vezes. Especialmente o transporte de gás além das fronteiras é um grande desafio técnico e nem sempre funciona perfeitamente. Uma nova união de transportadores europeus de gás promete melhor cooperação.

Fronteiras sensíveis

Elas continuam a existir, as fronteiras do centro da Europa. Pelo menos quando se trata da rede europeia de gás. Entre os Estados da União Europeia, o gás não pode fluir livremente para lá e para cá. Os problemas já começam com o cheiro.

"Como um exemplo simples, não é possível simplesmente encaminhar gás francês para a rede de gás alemã. Isso pode ser feito da Alemanha para a França, mas não no caminho contrário. Isso tem a ver com o fato de que o gás é acrescentado de odor, em um nível de alta pressão, que é ligeiramente diferente na Alemanha, onde isso é feito no nível de baixa pressão. Isso que dizer que, no momento, não poderíamos aceitar esse gás", afirma Stephan Kamphues, gerente da E.on Gastransport, que opera a maior rede de gasodutos na Alemanha.

Desde 1° de dezembro, ele é também presidente da chamada Entsog: por iniciativa da Comissão Europeia, 31 transportadores de gás de quase todos os Estados da UE se uniram numa nova rede. São eles que bombeiam o gás para a casa dos europeus, para que estes possam aquecer e cozinhar. Através da colaboração na Entsog, deve ser criado agora um conjunto uniforme e vinculativo de normas para o transporte de gás.

O objetivo é um fornecimento estável e uma concorrência mais forte. Porque, no futuro, todo cliente poderá escolher livremente, em toda Europa, um fornecedor de gás adequado. Para resolver o problema do transporte transfronteiriço de gás, os transportadores trabalham em estreita colaboração com as autoridades reguladoras competentes.

Rede uniformizadora

Os transportadores de gás ajudam, de certa forma, a estabelecer as suas próprias regras. Para Matthias Kurth, presidente da Agência Federal Alemã de Redes, no entanto, não há razão alguma para preocupação.

"Nós, como reguladores, tanto na Alemanha como na Europa, faremos um monitoramento dessas regras. Vamos determinar certas condições que achamos necessárias, principalmente em questões de concorrência e de problemas de acesso. Nesse sentido, há uma colaboração entre os operadores da rede de gás e os órgãos reguladores", afirma.

O acesso aos gasodutos é, de fato, o ponto crucial do comércio de produtos de gás. A Comissão Europeia quer um mercado interno europeu unificado. Por isso, o transporte do gás através Entsog também deve ser mais transparente e mais aberto. Já hoje em dia, os transportadores de gás europeus têm que se organizar independentemente das grandes companhias de energia.

Os transportadores têm, cada um, parcelas na vasta rede de gasodutos europeus. Sozinhos ou em grupos, estes pedaços formam, então, as chamadas a áreas de mercado. Teoricamente, cada fornecedor de gás pode fornecer ou retirar gás delas, dependendo da necessidade. Mas, acima de tudo, os pequenos fornecedores de gás se queixam de que têm dificuldade em transportar seu gás.

Dúvidas e alternativas

A Entsog deve agora fornecer um acesso livre na Europa inteira, através de comprometimentos voluntários. Mas Gero Lücking, membro do conselho diretor da pequena fornecedora de gás Lichtblick, permanece cético.

"No final das contas, a questão é apenas saber quem domina esta entidade e qual o espírito dela, por assim dizer. Precisamos de uma instituição neutra, que considere o negócio de transporte de gás natural realmente como um serviço, sem se importar com qual empresa está transportando o gás. O importante é introduzir essa neutralidade e essa mentalidade de serviço como bases tal associação", avalia.

Lichtblick tem, entre os antigos monopólios do mercado de gás, uma posição especial. Até agora a empresa de Hamburgo agia principalmente como um fornecedor de eletricidade verde. Agora, ela tenta ser a primeira empresa alemã a montar uma rede nacional de fornecimento incluindo biogás.

O biogás é considerado uma alternativa ecologicamente correta para o gás natural fóssil, por ser produzido a partir de biomassa, sendo considerado neutro quanto à emissão de dióxido de carbono. O principal problema para o fornecimento é, segundo a Lichtblick, sobretudo a falta de capacidades de transporte.

"Quando alguém faz pedido para transportar certas quantidades de norte a sul ou vice-versa, recebe muitas negativas. Eles afirmam que não há capacidade disponível, que os gasodutos estão cheios. Se é verdade ou não, ninguém controla. É uma caixa preta, onde falta transparência. E este é um dos motivos pelos quais não ocorre movimento algum no mercado e os novos fornecedores, como nós, enfrentamos dificuldades desproporcionais", reclama Lücking.

Mercado lento

"Se você perguntar aos fornecedores menores se eles já olharam para algo que nós publicamos, eles chegam à conclusão de que não tiveram pessoal para se ocupar com isso", rebate Stephan Kamphues. Ele afirma que a transparência é o lema da Entsog.

Comparando-se o mercado de gás com o mercado da eletricidade, é fácil perceber que o comércio até agora ainda é lento. Apenas cerca de 350 mil famílias na Alemanha mudaram no ano passado seu fornecedor de gás. No setor da eletricidade, foram mais de 2 milhões. Apesar disso, o presidente da Agência Federal Alemã de Redes, Matthias Kurth, está convencido de que o mercado de gás está se desenvolvendo na direção certa.

"Nós já fizemos muita coisa, a situação melhorou consideravelmente em relação ao tempo anterior à regulamentação. Há três ou quatro anos, não era possível ao usuário privado sequer trocar seu fornecedor de gás. E eu, pessoalmente, acredito que esta tendência irá continuar. Queremos reduzir ainda mais as áreas do mercado de gás, para termos um mercado de gás único. Nos últimos quatro ou cinco anos aconteceu mais no mercado de gás do que nos 20 anos anteriores."

Autor: Martin Heidelberger
Revisão: Augusto Valente