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Diretriz da UE sobre líquido para refrigeração de carros causa polêmica

19 de outubro de 2012

Para atender a uma diretriz ambiental, fabricantes de carros na União Europeia têm de substituir a substância usada nos condicionadores de ar. Mas há advertências de que o novo produto prejudica a saúde. E agora?

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Os riscos de um ar condicionado em um carro
Os riscos de um ar condicionado em um carroFoto: Fotolia/Radojko

A quinta edição do Futurando apresentou ar condicionados que causam menos impacto ao meio ambiente. A tendência de oferecer produtos ecológicos nos sistemas de refrigeração cresce também no setor automobilístico.

Em alguns países, é cada vez mais raro um carro deixar a fábrica sem ar condicionado. Mas, da mesma forma que os ar condicionados domésticos ou industriais, os de automóveis também utilizam um produto químico para refrigerar o ar. Esta substância pode prejudicar a camada de ozônio.

Até pouco tempo, na União Europeia (UE), era convencional o tetrafluoretano (R134a), não inflamável. Hoje, no entanto, a tendência é usar uma substância menos prejudicial ao meio ambiente, o tetrafluoro propanol (R1234yf). Este produto garante que os carros novos respeitam as determinações ecológicas requeridas pela UE.

A decisão foi tomada em 2011 e empresas alemãs se negam a obedecer a nova regra. A Volkswagen já não aderiu ao R1234yf na fabricação do novo Golf. Também a Daimler, fabricante do Mercedes, se recusa a usar esta substância, alegando para o perigo de que ela é inflamável.

Determinação da UE

Há dois anos, a associação da indústria automobilística da UE havia concordado com a substituição. Agora, a Daimler está sendo criticada por continuar oferecendo carros novos com líquidos refrigeradores à base de tetrafluoroetano. Jürgen Resch, da organização ecologista alemã Deutsche Umwelthilfe acusa a Daimler de negar ao consumidor o direito ao novo composto, por infringir as linhas instituídas pela União Europeia. Na opinião dele, a fabricante de veículos deveria pagar uma multa.

A Mercedes-Benz não quer usar tetrafluoro propanol porque também considera a nova substância nociva à saúde. A empresa justifica que em caso de aquecimento é liberado o ácido fluorídrico, que é tão forte a ponto de corroer um vidro. Em caso de inalação, pode levar à morte. "Isso não corresponde às nossas normas de segurança", defende um porta-voz da companhia.

Mercedes continua usando composto químico prejudicial ao meio ambiente
Mercedes continua usando composto químico prejudicial ao meio ambienteFoto: JOEL SAGET/AFP/GettyImages

A fabricante de automóveis do sul da Alemanha se baseia em estudos e testes de outras montadoras. Além disso, a empresa teria feitos seus próprios testes, confirmando valores críticos para a substância em caso de contato com calor. Mesmo assim, o novo produto já é usado em 15 modelos de carros.

Fabricante admitiu

A revista Manager Magazin publicou que o próprio fabricante norte-americano de tetrafluoro propanol, Honeywell e Dupont, alertou aos riscos à saúde ao se utilizar o novo composto químico nos ar condicionados. Na internet, o fornecedor teria divulgado uma nota a respeito. Mas, depois, a mensagem teria sido retirada do ar.

Acidentes aumentam as chances de liberação de toxinas
Acidentes aumentam as chances de liberação de toxinasFoto: Fotolia/mtsyri

Olaf Reichelt, da associação alemã de bombeiros, confirmou à revista que, em caso de incêndio em um carro que utiliza este gás, os bombeiros precisam usar roupas especiais devido à liberação de toxinas.

O mecânico de automóveis e técnico em assuntos para o clima Alex Holler desenvolveu um sistema de segurança para o caso da liberação de substâncias tóxicas. Batizado Air-Alarm, o equipamento entra em ação assim que o líquido de refrigeração atinge o motor do carro. Diante do risco da liberação de ácido fluorídrico, todas as saídas de ar do sistema de refrigeração são fechadas e o ar condicionado é desligado automaticamente. Desta forma, os ocupantes do carro não estariam expostos ao produto.

Holler não acha que, se sua invenção fosse instalada nos veículos, o preço deles aumentaria mais do que 30 euros. As montadoras não demonstram interesse na novidade. Holler acredita que se as empresas implementassem o Air-Alarm, estariam assumindo que o novo composto químico é prejudicial à saúde.

Autor: Dirk Kaufmann (br)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Futurando 5