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Direito de existência de Israel é dever alemão, diz Merkel

(ca)5 de maio de 2006

Angela Merkel encerra sua viagem de dois dias aos Estados Unidos e reitera perante o Comitê Judaico Americano que o direito de existência de Israel é uma premissa da política externa alemã.

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Merkel discursa no Comitê Judaico AmericanoFoto: AP

Ao finalizar sua viagem de dois dias aos Estados Unidos, a premiê alemã Angela Merkel afirmou em um discurso, por ocasião das celebrações do centenário do Comitê Judaico Americano na noite de quinta-feira (04/05), que o direito de existência de Israel é "uma constante indelével da política externa alemã".

Como o presidente norte-americano, George W. Bush, a chanceler federal afirmou rejeitar qualquer tipo de contato político com o governo islâmico-radical do Hamas nos territórios palestinos, enquanto o governo do Hamas, como também o do Irã, não reconheçerem o direito de existência de Israel.

O discurso de Merkel, aberto em inglês e continuado em alemão, provocou calorosos aplausos dos 1500 convidados presentes ao jantar de gala em comemoração dos 100 anos de existência do Comitê Judaico Americano, no qual estavam presentes, entre outros, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e os antigos ministros alemães do Interior e das Relações Exteriores, Otto Schily e Joschka Fischer.

Comitê defende direitos dos judeus e de cidadania

Angela Merkel foi a primeira chefe de governo da Alemanha a ser convidada para uma reunião anual do Comitê Judaico norte-americano, sendo sua participação no jantar em comemoração do centenário da instituição o principal motivo de sua viagem aos Estados Unidos.

Em seu discurso, Angela Merkel elogiou o recentemente falecido presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Paul Spiegel, afirmando que "ele advertia, enquanto muitos se calavam".

Angela Merkel comentou também a perda de identidade cultural provocado pelo Holocausto na Alemanha, "o que aumenta ainda mais a responsabilidade de engajar-se no combate a qualquer forma de anti-semitismo, racismo e xenofobia".

O comitê, uma das mais importantes organizações judaicas nos EUA, foi fundado em 1906 por dois judeus de origem alemã, em reação à perseguição dos judeus na Rússia e se engaja, desde então, pelos direitos do judeus em todo o mundo e pela defesa dos direitos de cidadania. O grêmio conta hoje com 150 mil membros e, desde 1998, possui também um escritório em Berlim.

Bush e Merkel, Merkel e Bush

Angela Merkel bei George Bush in Washington
Elogios de Bush a MerkelFoto: AP

O presidente norte-americano louvou sua relação com a premiê alemã como uma parceira muito próxima, elogiando a forma direta de ser da premiê e sua capacidade de discernimento: "Ela possui uma personalidade forte de chefia".

Quanto ao conflito iraniano, tanto Merkel quanto Bush afirmaram a necessidade de a questão ser discutida dentro de um grêmio envolvendo o maior número de países, com vistas a uma solução diplomática. Merkel reafirmou sua posição de "que deve ser evitado que o Irã possua armas nucleares".

Bush, que havia discutido com Merkel no dia anterior os procedimentos a serem tomados quanto ao programa nuclear iraniano, afirmou que a premiê alemã é uma importante parceria quando se trata de reunir a comunidade internacional de forma uníssona contra a ameaça iraniana.

Verdes criticam posição de Merkel nos Estados Unidos

Em entrevista à emissora alemã de rádio DeutschlandRadio, o responsável do governo alemão pelas relações teuto-americanas, Karsten Vogt, defendeu que os Estados Unidos deveriam negociar diretamente com o Irã, uma posição também defendida pelo ministro alemão das Relações Exteriores, Franz-Walter Steinmeier.

O presidente do Partido Verde, Reinhard Bütikofer, criticou Merkel por ter desconsiderado esta questão. Ele reclamou a falta de um tom mais crítico de Merkel em relação aos Estados Unidos, durante sua segunda visita ao país em seu governo.

Guantánamo e a política norte-americana no Iraque foram temas criticados pela premiê alemã por ocasião de sua primeira visita a Bush, em janeiro último. Desta vez, Merkel evitou críticas e deixou de fora temas delicados como a política energética e a proteção ambiental, afirmou Bütikofer nesta sexta-feira (05/05).