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Dia mundial alerta para fome no mundo

Monika Lohmüller / Heinrich Bergstresser 17 de outubro de 2002

As Nações Unidas divulgaram um relatório preocupante neste Dia Mundial da Alimentação (16), que marca os 22 anos de fundação da FAO: o número de vítimas de subnutrição e fome em todo o mundo subiu para 840 milhões.

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Foto: AP
O combate à fome estagnou no mundo inteiro. Para o vice-diretor geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Hartwig de Haen, a comunidade internacional fracassou definitivamente em sua meta de reduzir pela metade o número de vítimas de fome e subnutrição até 2015. Oitocentos e quarenta milhões de pessoas passam fome no mundo todo; entre os milhões que morrem de subnutrição a cada ano, há mais de seis milhões de crianças com menos de 5 cinco anos.

Retrocesso global

O resultado do combate à fome é diferente nos diversos países. No decorrer da década de 90, por exemplo, a China conseguiu reduzir em 74 milhões o número de subnutridos crônicos. Outros exemplos de sucesso são a Indonésia, Tailândia, Nigéria, Vietnã, Gana e Peru. Em 47 países, observou-se um retrocesso. Ao todo, há mais 46 milhões de pessoas que passam fome nos demais países em desenvolvimento.

Motivo de grande preocupação é o Sul da África, com mais de 14 milhões de pessoas necessitando urgentemente de alimento. Hartwig de Haen considera escandaloso o fato de a comunidade internacional não se esforçar o suficiente para combater a fome. Ele apelou por uma ajuda mais intensa aos governos democráticos de países em desenvolvimento, sobretudo os que estão priorizando saúde, educação e o crescimento econômico nas áreas rurais. "Setenta por cento dos pobres vivem na zona rural", afirmou De Haen, exigindo maiores investimentos no desenvolvimento sustentável da agricultura dos países afetados pela fome.

Supernutrição X fome

O relatório da FAO leva a pensar no imenso descompasso entre o Primeiro e o Terceiro Mundo: o países industrializados, onde vive apenas um quarto da população mundial, consomem a metade de toda a produção agrícola mundial. Não é de se admirar que o consumo diário de alimento nestes países chegue ao limite extremo de 3500 calorias per capita

. Graças à modernização técnica da agricultura, parte dos países em desenvolvimento está conseguindo melhorar o quadro de subprodução e subnutrição. Isso vale sobretudo para a Ásia, a América Latina e o Oriente Médio. Nestas regiões, supernutrição e subnutrição, superprodução e subprodução existem lado a lado, causando e acirrando tensões políticas e sociais.

O círculo vicioso da fome

Há quem defenda os países industrializados da crítica de exploração, alegando que eles produzem seus próprios alimentos e conseguem até mesmo exportá-los. Sendo assim, os países em desenvolvimento seriam culpados de sua própria miséria. No entanto, a realidade é bem diferente. Nos países industrializados do Ocidente, impera a perversão de usar a arrecadação pública para financiar a produção de alimentos baratos com subvenções astronômicas. Isso permite ao consumidor gastar pouco com alimentação e poder se entregar ao êxtase do consumo de produtos industrializados de maior valor.

Os países em desenvolvimento exportam matérias-primas agrícolas para as nações industrializadas, onde elas são processadas e reexportadas a altos preços. Além disso, os conglomerados internacionais estão conquistando cada vez mais âmbitos agrícolas lucrativos (como plantações de amendoim no Senegal, por exemplo), a fim de comercializá-los em todo o mundo. Os perdedores são os agricultores, obrigados a abandonar a zona rural e migrar para regiões urbanas.(sm)