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Deutsche Bahn em Catar

23 de novembro de 2009

A empresa ferroviária estatal alemã assinou um contrato para o maior projeto de sua história, no valor de 17 bilhões de euros. Países do Golfo Pérsico querem se livrar da dependência do petróleo e diversificar economia.

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Foto: AP

A Deutsche Bahn assinou neste domingo (22/11) em Catar o contrato do maior projeto de sua história: a companhia ferroviária alemã, ainda nas mãos do Estado, recebeu a incumbência de construir uma rede ferroviária destinada ao transporte de pessoas e de cargas no emirado, no valor de 17 bilhões de euros.

O contrato de fundação da Qatar Railways Development Company – na qual a Deutsche Bahn detém uma participação de 49%, estando os restantes 51% sob controle da estatal local Qatari Diar – foi firmado na presença do xeque Hamad bin Jassim al-Thani, primeiro-ministro de Catar, e do ministro alemão dos Transportes, Peter Ramsauer.

Apoio à economia ocidental

O resultado será a maior rede ferroviária do mundo árabe. Mas ela também simboliza um modelo de negócios muito discutido em decorrência da crise financeira: dinheiro proveniente dos países do Golfo Pérsico para salvar a debilitada economia ocidental.

Os xeques já detêm participação em empresas automobilísticas como a Daimler, bancos como o Credit Suisse e fabricantes de equipamentos como a MAN Ferrostaal. "Pensamos a longo prazo", explica o xeque. "Quando as ações caem, aumentamos nossa participação nas empresas. Foi assim com o Credit Suisse e também em outras sociedades."

Investimentos pesados

Atualmente, Catar investe pesado em seus portos e aeroportos. Mas faltava uma malha ferroviária para o transporte de pessoas e de carga, o que vinha criando dificuldade no país, com um grande número de automóveis e caminhões provocando trânsito e poluição.

Agora, trens deverão interligar o emirado ao vizinho Bahrein numa velocidade de até 350 quilômetros por hora. Para tanto, será construída uma ponte de 45 quilômetros de comprimento sobre o mar. Também o aeroporto da capital Doha será conectado à cidade.

A audácia com que se investe no Golfo Pérsico não é sem motivo: o petróleo se tornará mais escasso nas próximas décadas e esses países lançam desde já as bases para uma economia de futuro, expandindo sua própria indústria financeira e sua capacidade de agir como ponto de transição comercial entre a Europa e a América, de um lado, e a Ásia, de outro.

Ainda em setembro, foi inaugurado o metrô mais moderno do mundo em Dubai, sendo que o maior aeroporto do mundo está em construção no emirado. Mas não se trata de megolamania, explica o diretor do projeto, o xeque Ahmed bin Said al Maktoum.

"Estamos apenas expandindo nossa indústria de prestação de serviços, que representa uma grande parte da renda de nossa população", diz.

Por mais que a crise financeira tenha afetado também estes países e provocado grandes perdas, no Golfo se olha para frente, a fim de um dia poder se tornar independente do petróleo. E também a Deutsche Bahn só tem a lucrar com isso.

Autor: Felix de Cuveland (rr)
Revisão: Alexandre Schossler