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Prisão de Ai Weiwei

4 de abril de 2011

Organizações internacionais manifestam preocupação com a detenção de Ai Weiwei, artista chinês mais prestigiado no exterior.

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Ai Weiwei pretendia abrir ateliê em BerlimFoto: dapd

Desde sua detenção neste domingo (03/04), é desconhecido o paradeiro do renomado artista chinês Ai Weiwei, de 53 anos. Ele é um entre os muitos advogados, autores e ativistas de direitos humanos presos nas últimas semanas pelo governo em Pequim. Entidades de defesa dos direitos humanos alertam para a situação de críticos do regime chinês.

Em declaração, a ONG Repórteres sem Fronteiras se demonstrou preocupada com o destino do artista mundialmente conhecido. Segundo a ONG, o governo chinês acirrou a perseguição a dissidentes famosos que residem no país e tenta fazer calar todas as vozes críticas.

Nicholas Bequelin, da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch em Hong Kong, disse que a prisão de Ai Weiwei faz parte de uma campanha de longo prazo contra todos os opositores do governo em Pequim.

"O sinal é claro: ninguém está seguro. Esse é um recado semelhante ao da prisão do Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo. Na ocasião, também se pensou que ele estaria protegido por sua reputação internacional. À medida que as autoridades aumentam a pressão sobre Ai Weiwei, inclusive no caso da atual prisão, eles procuram também intimidar intelectuais liberais chineses menos conhecidos e fazê-los calar", disse Bequelin.

Crescentes represálias

Ai Weiwei foi detido domingo no aeroporto de Pequim. Ele queria voar para Taiwan, onde pretendia trabalhar numa exposição. Seu ateliê em Pequim foi vasculhado e muitos dos seus ajudantes foram interrogados. As razões para a prisão e para as buscas ainda não foram esclarecidas.

O músico Zuoxiao Zhuzhou, amigo bastante próximo de Weiwei, disse que o artista já teve problemas com as autoridades no passado, mas desta vez parece se tratar de uma ação em grande escala contra o artista.

O renomado artista é considerado um dos mais duros críticos às lideranças chinesas. Há poucos dias, em entrevista à emissora pública alemã ARD, Weiwei reclamou contra as crescentes represálias que vinha sofrendo. Para ele, trabalhar em Pequim estaria se tornando quase impossível.

"Em frente à entrada da minha casa, foram instaladas duas câmeras de vídeo. Mais tarde, depois desta entrevista, a polícia de segurança virá, novamente, falar comigo. Todos os meus telefones estão grampeados. Todas as minhas mensagens pelo Twitter são controladas. Minha conta de e-mail, minha conta bancária e todas as pessoas com quem eu tenho contato são vigiadas", disse Ai Weiwei à ARD.

Esclarecimento europeu

Mesmo antes de ser levado neste domingo, Ai Weiwei já se encontrava sob prisão domiciliar, mas até agora ele não havia sido preso oficialmente. Além disso, por ocasião da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz a Liu Xiaobo, ele fora proibido de sair da China.

Devido às represálias, Ai Weiwei havia declarado recentemente que pretendia abrir um segundo ateliê em Berlim. Nesta segunda-feira (04/04), o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, disse estar muito preocupado com a prisão do artista e exigiu que o regime em Pequim o liberte imediatamente.

Na última sexta-feira, Westerwelle esteve na China para a inauguração da exposição Arte do Iluminismo, onde através de 450 obras de arte, o Esclarecimento europeu é mostrado aos chineses no Museu Nacional na Praça da Paz Celestial.

Autora: Ruth Kirchner / Carlos Albuquerque
Revisão: Roselaine Wandscheer