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Destaques do 67º Festival de Cinema de Berlim

Jochen Kürten as
1 de fevereiro de 2017

Berlinale já é há anos o mais político dos grandes festivais de cinema. Mas poucas vezes a seleção de filmes retratou o momento atual de uma maneira tão precisa. Brasil está bem representado.

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Der junge Karl Marx
"O jovem Karl Marx" é um dos filmes políticos que serão exibidos em BerlimFoto: Kris Dewitte

Mais alguns dias e terá início o Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale, cuja 67ª edição ocorrerá de 9 a 19 de fevereiro. O chefe do festival, Dieter Kosslick, já adiantou o que espectadores do mundo todo verão nas telas da capital alemã nos próximos dias: o foco, garantiu, estará na Europa.

"Na história e nas guerras da Europa", explicou. "Ao direcionar o olhar para o aspecto político no Leste e no Oeste da Europa então dividida, vamos abordar também o fim das duas grandes utopias. As pessoas não confiam no capitalismo – e no comunismo elas deixaram de acreditar há muito tempo."

Outra coisa é certa: o festival também vai debater o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a sua política. Já há tempos que a Berlinale é considerada o mais político dos grandes festivais de cinema. Muitos filmes serão inevitavelmente discutidos à luz dos recentes acontecimentos nos Estados Unidos, e isso vale não só para obras claramente políticas, como O jovem Karl Marx, do diretor haitiano Raoul Peck, cuja estreia será em Berlim. 

Segundo Kosslick, poucas vezes a seleção de filmes representou a situação política do momento de uma maneira tão precisa como este ano. "Ainda assim, é uma programação com muita coragem e autoconfiança, e há muito humor nos filmes", afirmou.

Abertura com Django

Este ano, o Festival de Cinema de Berlim vai exibir 24 filmes na sua mostra principal, e 18 concorrem aos Ursos de Ouro e de Prata. Na abertura, no Potsdamer Platz, será exibida a biografia musical Django, do diretor francês Étienne Comar, que conta a história do guitarrista de jazz Django Reinhardt.

Cenas do filme "Joaquim", o representante brasileiro na Berlinale

O cinema alemão volta a estar bem representado. O diretor Volker Schlöndorff apresentará Retorno a Montauk, sua versão de um conto do escritor suíço Max Frisch. Thomas Arslan estará presente com Helle Nächte (Noites claras), e Anders Veiel participará da mostra competitiva com Beuys, uma biografia do artista alemão Joseph Beuys. Além dessas, outras cinco coproduções alemãs serão avaliadas pelo júri, que este ano é presidido pelo diretor holandês Paul Verhoeven.

O júri liderado por Verhoeven conta ainda com a atriz alemã Julia Jentsch (de Os Edukadores e Sophie Scholl – os últimos dias), o artista islandês Olafur Eliasson, a atriz americana Maggie Gyllenhaal (de Coração louco), o ator e diretor mexicano Diego Luna (Frida), a produtora tunisiano Dora Bouchoucha Fourati (Hedi) e o diretor e roteirista chinês Wang Quan'an, que venceu o Urso de Ouro em 2007 com O casamento de Tuya.

Diretores famosos, como o finlandês Aki Kaurismäki, o britânico Danny Boyle e a polonesa Agnieszka Holland também estarão concorrendo ao Urso de Ouro. Há grande expectativa em relação à estreia na direção do ator austríaco Josef Hader. O Brasil será representado na principal mostra da Berlinale por Joaquim, do diretor pernambucano Marcelo Gomes.

Brasil nas mostras paralelas

A oferta também é ampla na mostra Forum, que foca no cinema político com elementos experimentais e não convencionais. Entre os 43 filmes selecionados há um grande número de produções do continente americano. Rifle, do diretor Devi Pretto, representa o Brasil. Produções do Marrocos e da Coreia do Sul prometem uma rara oportunidade de conferir o cinema de nações de filmografia não tão conhecida. Outra atração é a obra experimental argentina ORG, de três horas de duração e focada no escritor Thomas Mann. O filme teve poucas exibições desde sua estreia, em 1978.

Django
Foto: picture alliance/dpa/R. Arpajou/

Na mostra Panorama, dedicada a produções independentes e a segunda mais importante da Berlinale, são 51 selecionados e uma forte presença do Brasil, com cinco produções. São elas Como nossos pais, de Laís Bodanzky, No intenso agora, de João Moreira Salles, e o breve filme de animação Vênus - Filó, a fadinha lésbica, de Sávio Leite. A estes três se somam Vazante, de Daniela Thomas e coproduzida com Portugal, e Pendular, de Julia Murat e coproduzida com Argentina e França.

Já a mostra Retrospektive optou este ano pela ficção científica, como promete o título Future Imperfect. Science. Fiction. Film. "A Retrospektive foca na história do gênero e mostra mundos imaginários de países como Dinamarca, Japão, Polônia e Tchecoslováquia", explica o responsável pela mostra, Rainer Rother. Já a série Classics exibirá, entre outros, a produção israelense Avanti Popolo, de 1986, do diretor Rafi Bukaee. O filme é uma tragicomédia sobre o absurdo da guerra.

Enorme procura por ingressos

Quem quiser acompanhar os filmes desta 67ª edição acabará tendo que optar entre as cerca de 400 produções que estarão sendo exibidas nos cinemas de Berlim. Além das mostras já mencionadas, há outras, como Generation, para o público jovem, Kulinarische Kino, voltada para quem gosta de cinema e comida, e NATIVe, que coloca em evidência o trabalho de povos indígenas.

Como nos anos anteriores, a procura pelos ingressos certamente será enorme e, com tantas produções sendo exibidas, também não faltarão famosos em Berlim a partir de 9 de fevereiro, entre eles a diva francesa Catherine Deneuve.