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Fuga fracassada

Luna Bolívar Manaut (lk)7 de agosto de 2007

"Os cubanos foram feitos para boxear", havia dito Ahmet Öner em sua primeira entrevista à DW-WORLD.DE. Agora, o chefe da academia Arena Box se conforma com a perda de Rigondeaux e Lara.

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Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara estão de volta a CubaFoto: AP

A imprensa alemã especulou que eles teriam se escondido na Turquia, mas Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara não chegaram a partir para a Europa. A Arena Box Promotion, academia de pugilismo de Hamburgo dirigida por Ahmet Öner, esperava transformar os dois talentos cubanos em boxeadores profissionais. Preço da transação: 500 mil euros. Duração do contrato: cinco anos. Para tanto, os cubanos precisariam ir à Alemanha, mas a Polícia Federal brasileira foi mais rápida.

Nesse meio tempo, Rigondeaux e Lara estão de volta a Cuba; foram deportados por se encontrar no Brasil sem papéis. Seus passaportes estavam com os dirigentes da delegação cubana que foi ao Rio participar dos Jogos Pan-americanos.

DW-WORLD.DE: Quando conversamos a última vez, você supunha que as autoridades cubanas estavam contando com o apoio da polícia brasileira e, de fato, agentes brasileiros impediram que os cubanos saíssem da América Latina. Você contava com que algo assim fosse acontecer?

Ahmet Öner: Fidel Castro estava com uma postura tão rígida que eu bem imaginei que ele não consentiria que Rigondeaux e Lara abandonassem Cuba. E como os dois boxeadores não recebiam seus passaportes e estavam ficando muito nervosos, muito impacientes, comecei a suspeitar de que a coisa talvez não desse certo.

Os passaportes estavam em poder da delegação cubana. Como é que Rigondeaux e Lara queriam sair do Brasil sem documentação?

Nós estávamos em contato com a embaixada alemã... existem regras para casos como esses... se alguém justifica a necessidade, podem ser expedidos passaportes provisórios....

Justificar com uma motivação política?

Sim. E da mesma maneira teríamos obtido os vistos de residência e de trabalho na Alemanha.

Você está em contato com os boxeadores?

Não. Eles foram deportados e já estão em Cuba.

Vocês já tinham dado a eles os 500 mil euros prometidos?

Não tudo. Tínhamos arcado com os custos da viagem e dado aos meninos um pouco de dinheiro, mas os 500 mil euros eles iam receber só quando chegassem à Alemanha. Nós nunca iríamos dar a eles toda a quantia antecipadamente.

Com certeza queriam se garantir...

Sim, porque a gente contava com que algo assim pudesse acontecer. Desta vez, Castro se irritou de verdade...

Você falou também em pressões do governo cubano sobre as famílias de Rigondeaux e Lara. A que tipo de pressões você se refere?

Que tipo há de ser? Por Deus... estamos falando de um país comunista! Tiram os carros deles, as casas, os amedrontam, eles recebem visitas inesperadas...

Você recebeu alguma notícia de que estão acontecendo coisas desse tipo com eles?

Sim.

Trabalham para você três outros boxeadores cubanos que, segundo declararam, estão sendo espionados na Alemanha pelos serviços secretos cubanos. Você teme que possa acontecer alguma coisa com eles, ou que decidam voltar a Cuba?

As famílias deles não estão sendo importunadas e, de qualquer forma, já têm o que queriam: Rigondeaux e Lara estão em Cuba. Acho que as coisas se acalmarão de agora em diante.

Você pretende continuar contratando boxeadores cubanos?

Havendo oportunidade, estou sempre disposto.