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Desgaste por guerra civil pode dificultar resposta militar síria

Stephanie Höppner (md)2 de setembro de 2013

Assad tem um dos exércitos mais poderosos do mundo árabe, mas alto risco regional e enfraquecimento das tropas após mais de dois anos de conflito interno tornam reação a eventual ataque ocidental improvável.

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Foto: Reuters

Uma das principais incógnitas em torno do conflito sírio é como reagiria o regime de Bashar al-Assad a um eventual ataque do Ocidente. Até agora, sabe-se que os militares deslocaram unidades para áreas residenciais de Damasco – pelo menos isso é o que relatam moradores. Soldados teriam escondido armas em casas e escolas, e uma mesquita teria virado quartel. Mas sobre a real capacidade e estado das Forças Armadas sírias, só é possível especular.

"Assad tem um grande Exército, mas a maioria de seus soldados são sunitas. Uma grande parte de sua força militar é, portanto, politicamente não confiável​​", diz o analista John Pike, do think tank GlobalSecurity.org, ressaltando que mesmo nos escalões superiores a composição difícil do Exército é perceptível e que apenas alguns poucos oficiais ativos são confiáveis. "Os oficiais alauitas, em quem Assad confia, têm que permanecer no quartel, para assegurar que não ocorra um motim."

As Forças Armadas sírias estão, pelo menos teoricamente, entre as mais fortes do mundo árabe. Mas, após a longa guerra civil, não só o ímpeto de luta está enfraquecido como a força das tropas. O efetivo de cerca de 325 mil homens teria sido reduzido pela metade, de acordo com estimativas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres (IISS, sigla em inglês), num estudo publicado em março passado.

"O Exército está bastante alquebrado, por causa dos muitos desertores e das perdas", afirma o cientista político Albert Stahel, da Universidade de Zurique, que acredita que o efetivo seja ainda menor que o estimado pelo IISS.

Defesa antimísseis

O especialista acredita, contudo, que as forças sírias ainda dispõem de munições e armas suficientes. O IISS avalia que as forças terrestres têm ainda sete divisões blindadas, três divisões de infantaria mecanizada, duas divisões de forças especiais e uma divisão da Guarda Republicana, que é responsável por Damasco.

"O Exército sírio foi abastecido com armas durante décadas pela União Soviética e, posteriormente, pela Rússia", observa Stahel.

Um oficial não identificado da Força Área da Rússia não descarta que a Síria também tenha o avançado sistema antimíssil russo S-300.

Russland S-300 Raketen
Sistema antimíssil russo S-300 em área de testes da RússiaFoto: picture-alliance/dpa

"Se a Rússia não já o forneceu, China ou Belarus já podem tê-lo feito", especula o militar, em entrevista à agência de notícias alemã DPA. A afirmação, entretanto, é controversa. Albert Stahel, por exemplo, considera pouco provável que o negócio tenha ocorrido.

Toneladas de gás tóxico

Desde a Guerra do Yom Kippur, em 1973, a Síria tem reservas de gás venenoso. O semanário francês Le Journal du Dimanche afirma que haveria mais de mil toneladas de armas químicas, referindo-se a informações da inteligência francesa, incluindo várias centenas de toneladas de gás mostarda e sarin.

Mesmo em pequenas quantidades, esses dois gases podem ferir gravemente ou matar pessoas. Os fornecedores seriam, provavelmente, Irã e Rússia. Mas Damasco também teria capacidade de produzir gás venenoso.

"O alcance das armas químicas chega a 800 quilômetros, dependendo do míssil transportador", frisa Stahel.

Diante de um eventual ataque militar ocidental, muitos temem um contra-ataque aos navios americanos, mas Stahel considera a hipótese pouco provável, assim como uma possível ação de retaliação contra Israel.

"O cenário mais plausível é que esse ataque aéreo dos EUA aconteça contra alvos pré-selecionados na Síria, e a coisa fique por isso mesmo", ressalta. "O risco de que um contra-ataque venha a piorar ainda mais a situação para Assad é simplesmente muito grande."