1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Depressão atinge com força familiares e amigos do doente

Ann-Christin Herbe ca
1 de dezembro de 2018

Quase metade das pessoas que sofrem de depressão na Alemanha deixa seu parceiro, afirma fundação alemã de auxílio a vítimas da doença, que ainda é tabu no país.

https://p.dw.com/p/398fV
Foto de uma pessoa trista atrás de uma janela molhada de carro
Depressão ainda é assunto tabu para muitas pessoasFoto: Irna

Desânimo, vazio interior e distúrbios do sono – os sintomas da depressão são variados, e falar sobre a doença ainda é tabu. A Fundação Alemã de Auxílio a Vítimas da Depressão (Stiftung Deutsche Depressionshilfe) divulgou pela segunda vez, este ano, o seu "barômetro da depressão". Ele fornece informações sobre a disseminação da doença na Alemanha.

De acordo com um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 322 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão, o que corresponde a 4,4% da população mundial. O número de casos não relatados é muito maior.

Na Alemanha, cerca de 5,3 milhões de pessoas entre os 18 e os 79 anos sofrem de depressão todos os anos, segundo um estudo de 2016. Naquele ano, mais de 263 mil foram internadas para tratamento. Para o seu barômetro, a fundação alemã entrevistou 5 mil pessoas entre os 18 e os 69 anos.

Os sinais da depressão devem persistir por pelo menos duas semanas para uma pessoa ser diagnosticada doente, ou seja, não se trata de uma mera tristeza. Pessoas com depressão são incapazes de sentir prazer, sofrem de uma fadiga permanente e têm dificuldades para dormir.

"Essas pessoas não conseguem adormecer, apesar de estarem exaustas. Falta de apetite com perda de peso, desesperança e até mesmo pensamentos sombrios de praticar algo contra si são frequentes. A condição da depressão difere significativamente de outros transtornos da mente, como o luto ou o estresse", explica Ulrich Hegerl, diretor da clínica psiquiátrica da Universidade de Leipzig.

Os efeitos são particularmente visíveis no ambiente social próximo, como parceiros, familiares e amigos. Dos entrevistados, 84% disseram que se afastaram completamente da vida social durante seu período depressivo, e 72% disseram não se sentir ligados a outras pessoas. Quase 45% daqueles que sofrem de depressão deixam o parceiro ou parceira.

A Fundação Alemã de Auxílio a Vítimas da Depressão reclama que a depressão ainda é estigmatizada e que as pessoas sabem muito pouco sobre ela. Dos entrevistados, 56% culparam escolhas erradas de estilo de vida, enquanto quase 30% disseram acreditar que a doença é fruto de fraquezas de caráter.

No trabalho e na família, com amigos e parentes – em todos os lugares existem déficits significativos quanto ao tema da depressão, mas não se fala sobre isso. Especialmente os familiares se sentem muitas vezes incapazes de lidar adequadamente com os afetados e seus problemas. De acordo com o "barômetro da depressão", mais de 73% dos parentes manifestaram sentimentos de culpa e disseram ter a impressão de serem responsáveis pela enfermidade do ente querido.

Muitas formas de depressão podem ser tratadas com antidepressivos. Mas, especialmente na Alemanha, muitos pacientes têm medo de tomá-los. "Na Alemanha é preciso pisar em ovos para convencer os pacientes a experimentar esses remédios", explica Hegerl. "E aí muitos constatam que sua depressão de meses finalmente desaparece. Muitos também receiam que os antidepressivos possam viciar."

Segundo Hegerl, se ele sofresse de uma depressão mais séria, não hesitaria em tomar antidepressivos, da mesma forma como insulina num caso grave de diabetes.

O smartphone como assistente de saúde

Ajuda e apoio não são encontrados apenas na forma de um terapeuta. O smartphone também pode se tornar um ajudante digital. O projeto Steady é um sistema baseado em sensores que auxilia a terapia e, acima de tudo, otimiza o autogerenciamento na depressão.

Usando seus smartphones e, por exemplo, uma pulseira de condicionamento físico, o Steady permite que os pacientes coletem permanentemente dados biossensoriais, como frequência cardíaca, sono, voz ou movimento, aproveitando essas informações para o autogerenciamento. A Fundação Alemã de Auxílio a Vítimas da Depressão e o Instituto de Informática Aplicada em Leipzig estão coordenando o projeto.

"Os pacientes anotam de manhã e à noite como estão seu humor e motivação", disse Hegerl. "Em seguida, por meio de algoritmos, examina-se como essas informações se relacionam com os dados biossensoriais medidos. Tudo é feito de forma a que os pacientes possam trabalhar com os dados. Assim, o Steady pode alertar de forma precoce o paciente sobre melhoras ou pioras de seu ânimo e motivação, e o afetado então pode reagir rapidamente."

"iFightDepression" – "Eu luto contra a depressão" – é um programa de autogerenciamento baseado na internet que é oferecido gratuitamente na Alemanha pela Fundação Alemã de Auxílio a Vítimas da Depressão.

O programa consiste em vários módulos informativos, planilhas e exercícios, destinados a estimular o paciente a mudar padrões negativos de comportamento, observar suas próprias atividades e também registrar diferentes estados de ânimo.

O objetivo final é manter a depressão sob controle, com a participação também do médico responsável. Ele deve acompanhar o paciente no uso das ferramentas do "iFightDepression", ou seja, perguntar se está funcionando e se tudo foi entendido. Mas o iFightDepression é apenas um suplemento e não deve ser um substituto do tratamento regular com antidepressivos ou psicoterapia.

______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube 

WhatsApp | App | Instagram | Newsletter