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Daum, do banco dos treinadores ao banco dos réus

Maike Schroff23 de outubro de 2001

Usuário de cocaína, o ex-técnico do Leverkusen perdeu, literalmente por um fio, a chance de dirigir a Seleção Alemã e, um ano depois, está diante da Justiça.

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Técnico é acusado de consumo e incentivo ao tráfico de drogasFoto: AP

Começou nesta terça-feira (23), no Tribunal de Koblenz, o julgamento de Christoph Daum, ex-treinador do Bayer Leverkusen e que hoje seria da Seleção Alemã, caso não tivesse chegado à público seu envolvimento com as drogas. O treinador é acusado de porte ilícito de três a cinco gramas de cocaína em 63 ocasiões e incentivo ao tráfico, através da encomenda de 100 gramas da droga.

O maior escândalo do futebol alemão estourou em outubro do ano passado, quando Daum, já convidado para ser o novo treinador da Seleção Alemã, parou no noticiário a partir de denúncias e boatos de ter usado cocaína em várias oportunidades.

O hoje treinador do Besiktas, da Turquia, rechaçou inicialmente as suspeitas e, sob forte pressão, deixou que fosse feita uma análise de cabelo para provar inocência. O teste, entretanto, provou a presença da droga em grande quantidade. Em conseqüência, foi demitido sumariamente pelo Bayer Leverkusen, desconvidado pela Federação Alemã de Futebol (DFB) e refugiou-se na Flórida. Em janeiro, retornou à Alemanha para confessar o consumo de cocaína, dizendo-se reabilitado.

Nesta terça-feira, antes da leitura da acusação, os três advogados de Christoph Daum revidaram os argumentos da promotoria em quase todos os pontos:

  • a análise de cabelo, feita pelo médico Herbert Käferstein, do Instituto de Medicina Legal de Colônia,seria "falsa";
  • a conclusão dos promotores que, de acordo com a análise, Daum deve ter consumido cocaína intensivamente nos últimos dois anos, seria simplesmente "imprecisa e refutável";
  • a acusação de incitar o tráfico de drogas seria "juridicamente incorreta"; Daum não poderia ter interesse por uma quantidade tão grande de cocaína (100 g), "consumindo provavelmente 0,1 ou 0,2 grama por mês";
  • o promotor Jörg Angerer deveria ser afastado do caso por parcialidade;
  • o julgamento deveria ser suspenso, pois o réu já estaria pré-condenado em decorrência do enorme interesse da mídia, o que não permitiria um julgamento imparcial;
  • além disso, o caso não seria da alçada do Tribunal de Koblenz, mas sim do Tribunal de Colônia, porque todos os "delitos" foram cometidos no Estado da Renânia do Norte-Vestfália (Koblenz fica na Renânia Palatinado).

Os juízes resolveram interromper o julgamento até quinta-feira para decidir a respeito dos últimos dois argumentos. Aproximadamente 60 testemunhas estão previstas para serem ouvidas, entre elas o diretor do Bayern de Munique, Uli Hoeness, um dos responsáveis pelas denúncias na imprensa contra o então técnico do time rival.