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Crise política leva mais de 100 mil a fugirem do Burundi

15 de maio de 2015

Após tentativa fracassada de golpe militar, ONU registra fuga em massa para Tanzânia, Ruanda e RDC. Maioria é tutsi e teme eventual represália de forças pró-governo no país, que já vivenciou dois genocídios.

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Milhares de burundineses escolharem a Tanzânia como destino, em meio à incerteza em seu paísFoto: DW/P. Kwigize

A crise política no Burundi, que gerou violentos protestos e culminou nesta semana com uma tentativa fracassada de golpe militar, já levou mais de 100 mil pessoas a fugirem para as vizinhas Tanzânia, Ruanda e República Democrática no Congo, informou nesta sexta-feira (15/05) a agência de refugiados da ONU (Acnur).

A maioria foi para a Tanzânia, que recebeu mais de 70 mil burundineses. Em Ruanda, segundo a ONU, estão cerca de 26.300, e outros 9.100 foram para a província congolesa de Kivu do Sul.

"Em particular na Tanzânia, os números subiram bastante, especialmente nas últimas semanas", disse Karin de Gruijl, porta-voz da Acnur.

A crise lançou temores de um retorno à violência no país, que ainda está se recuperando de 13 anos de uma guerra civil que terminou em 2006 e deixou pelo menos 300 mil mortos. A Constituição e o Acordo de Arusha, que encerrou a guerra entre hutus e tutsis, estipulam que o presidente não pode governar por mais de dois mandatos.

Membros da oposição e famílias tutsis começaram a deixar o país sobretudo depois das notícias sobre distribuição de armas entre as milícias de jovens pró-governo – o presidente Pierre Nkurunziza é da etnia hutu.

Após sua independência da Bélgica em 1962, o Burundi viveu dois episódios classificados como genocídio: o massacre de hutus pelo Exército dominado por tutsis em 1972, e o assassinato em massa de tutsis por hutus em 1993.

Burundi Militärputsch
País vive há três semanas protestos violentosFoto: Reuters/G. Tomasevic

Golpe fracassa

Na quarta-feira, o general Godefroid Niyombare anunciou ter derrubado o presidente Nkurunziza e instalado um governo militar interino. Ele justificou o golpe com o argumento de que, ao buscar um terceiro mandato, Nkurunziza viola a Constituição e os Acordos de Arusha.

O governo chamou o anúncio de "piada" e, pelo Twitter, o presidente disse que a tentativa dos militares fracassou. Niyombare fez sua declaração para repórteres em um quartel militar na capital, enquanto Nkurunziza estava fora do país, em uma cúpula africana sobre a crise política.

Nesta sexta-feira, os militares envolvidos na tentativa de golpe reconheceram a derrota e foram presos por tropas leais ao governo.

O anúncio do golpe militar, na quarta-feira, provocou críticas da comunidade internacional. Os Estados Unidos afirmaram que Nkurunziza continua sendo o "presidente legítimo" do país, mesmo tendo criticado firmemente a intenção dele de continuar no poder.

RPR/ap/rtr/afp