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Crise na Ucrânia chega à estação espacial ISS

14 de maio de 2014

Rússia anuncia para 2020 o fim de sua parceria no projeto espacial ISS, que conta com a participação de 15 países. Serviços de voo da Soyuz serão mantidos. Americanos esperam que Moscou mude de ideia.

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Foto: picture-alliance/dpa

Três dos seis tripulantes da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), um russo, um japonês e um americano, retornaram nesta quarta-feira (14/05) à Terra, a bordo da nave russa Soyuz, após passarem 188 dias no espaço. Mas esse retorno foi ofuscado pelo anúncio de Moscou, na véspera, de que a Rússia se retirará do projeto.

"A partir de 2020, queremos investir nossos recursos financeiros em projetos espaciais voltados para o futuro", declarou o vice primeiro-ministro da Rússia e responsável pela pasta do Espaço e Defesa, Dimitri Rogozin, a agências de notícias.

Dessa forma, Moscou rejeitou a proposta da Agência Espacial Americana (Nasa) de estender a operação da ISS até 2024, ou seja, quatro anos a mais do que o planejado inicialmente. O anúncio do governo russo veio em meio à crise na Ucrânia e poucos dias após a União Europeia ampliar as sanções contra o país. Rogozin está entre as 11 autoridades russas até agora sancionadas pelos Estados Unidos, que tiveram suas contas congeladas no país e estão submetidas a restrições de viagem.

Até então a parceria espacial, que envolve as agências espaciais americana, russa e europeia e conta com a participação de 15 países, não havia sido afetada pelo conflito. Além de anunciar a saída do país do programa, Rogozin também declarou que Moscou irá proibir a venda dos mecanismos de propulsão russos RD-180, com que os EUA colocam satélites militares no espaço.

3 ISS-Astronauten zur Erde zurückgekehrt (Wakara, Tjurin und Mastracchio)
Wakata, Tyurin e Mastracchio recebidos com alegria no CazaquistãoFoto: Reuters

Marco da parceria russo-americana

A Rússia aparentemente manterá os serviços de voo da nave espacial Soyuz, que leva e traz a tripulação da ISS. Desde 2011, quando os Estados Unidos aposentaram seus ônibus espaciais, o governo americano paga mais de 60 milhões de dólares por cada astronauta enviado ao espaço. Essa dependência deve continuar até pelo menos 2017, quando a Nasa terá novamente uma nave própria.

A Nasa reagiu com cautela ao anúncio, afirmando que não recebeu ainda nenhum comunicado oficial sobre a decisão russa. "A cooperação espacial tem sido um marco das relações russo-americanas, inclusive durante o auge da Guerra Fria, e mais notavelmente nos últimos 13 anos consecutivos da presença humana contínua na Estação Espacial Internacional", divulgou em nota a agência.

Apesar dos planos russos de se retirar da ISS, Washington espera que a parceria continue para além de 2020. "Nós temos uma longa cooperação com os russos no nosso programa espacial e esperamos que ela continue", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Jen Psaki.

Volta para casa

O russo Mikhail Tyurin, o americano Rick Mastracchio e o japonês Koichi Wakata pousaram nas estepes do Cazaquistão, após cerca de três horas de viagem desde a ISS, que orbita o planeta a 418 quilômetros de altitude. "Todos os tripulantes estão bem", afirmou um porta-voz do centro de administração de voos, que fica próximo a Moscou.

Durante a temporada na estação espacial, os três realizaram de uma série de experimentos, além de levar para o espaço uma tocha dos Jogos Olímpicos de Inverno 2014.

Para 28 de maio está programada a partida para a ISS, a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, de outros três novos tripulantes, um alemão, um americano e um russo. Segundo a Nasa, a estação espacial, que custou mais de 100 bilhões de dólares, pode ser operada até 2028.

CN/rtr/dpa/afp