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Crise energética global pode ter ponto de virada histórico

27 de outubro de 2022

Pela primeira vez a Agência Internacional de Energia prevê um pico na demanda por combustíveis fósseis. A partir de 2025, as emissões globais devem começar a diminuir, em prenúncio de um futuro mais verde.

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BdTD Deutschland | Herbstnebel in Bergheim
Turbinas eólicas na AlemanhaFoto: Henning Kaiser/dpa/picture alliance

A crise energética desencadeada pela invasão russa à Ucrânia pode transformar o cenário global de energia por décadas e acelerar a transição para energia renovável, afirmou a Agência Internacional de Energia (AIE) nesta quinta-feira (27/10).

Em seu relatório anual World Energy Outlook (perspectiva energética mundial), a organização internacional com sede em Paris enfatizou que a crise está "causando mudanças profundas e duradouras com potencial para acelerar a transição para um sistema energético mais sustentável e seguro".

Até então maior exportadora mundial de combustíveis fósseis, a Rússia não estará mais tão envolvida no fornecimento global de energia após a invasão da Ucrânia, ressalta o relatório da AIE. Sua participação no mercado global, que era de cerca de 20% em 2021, deve cair para 13% em 2030.

diretor executivo da Agência Internacional de Energia Fatih Birol
"Mundo da energia está mudando drasticamente", afirma diretor executivo da AIE, Fatih BirolFoto: Heikki Saukkomaa/Lehtikuva/dpa/picture alliance

"Os mercados e as políticas de energia mudaram em consequência da invasão russa da Ucrânia, e não apenas por ora, mas pelas próximas décadas", afirma Fatih Birol, diretor-executivo da AIE.

"O mundo da energia está mudando drasticamente diante de nossos olhos. As respostas dos governos em todo o mundo prometem fazer deste um ponto de virada histórico e definitivo em direção a um sistema de energia mais limpo, mais acessível e mais seguro."

Birol refutou as críticas de que os gastos com energia limpa contribuíram para o aumento nos preços da energia, dizendo que o argumento "escondia quem provocou a crise energética, que é a Rússia”. Segundo a AIE, uma maior participação no mercado de energia renovável estaria correlacionada a preços mais baixos de eletricidade. "Nenhum dos governos reclamou de excesso de energia limpa”, enfatizou Birol. "Eles reclamam que não têm energia limpa suficiente.”

Emissões globais atingirão pico em 2025

Em 2021, a Agência Internacional de Energia declarara não haver "um pico claro à vista” nas emissões de gases de efeito estufa, mas novos investimentos em energias renováveis estavam levando a uma diminuição na demanda por combustíveis fósseis.

De acordo com a previsão, os investimentos anuais em energia renovável devem chegar a 2 trilhões de dólares até 2030, um aumento de 50% em relação a hoje.

É primeira vez, desde o início das projeções da Agência Internacional de Energia, que a projeção de demanda por combustíveis fósseis atinge um pico, ou pelo menos um platô. De acordo com a AIE, a partir de 2025, as emissões globais de gases de efeito estufa começarão a diminuir.

O uso do carvão deve se reduzir nos próximos anos, enquanto a demanda por gás natural atingiria um platô até o fim da década, prevê o relatório. A demanda por petróleo deve se estabilizar em meados da próxima década, e depois cair, devido ao aumento das vendas de veículos elétricos.

O que isso significa para as mudanças climáticas?

A Agência Internacional de Energia prevê que as emissões de gases poluentes continuarão provocando um aumento nas temperaturas globais de cerca de 2,5°C até o fim do século. Isso provavelmente trará graves consequências, como o aumento de catástrofes climáticas, secas e inundações.

Para alcançar o zero líquido de emissões até 2050, será necessário manter o aquecimento globa na faixa de 1,5°C. De acordo com a AIE, é preciso que os investimentos em energia limpa aumentem para 4 trilhões de dólares por ano até 2030, o dobro da previsão atual.

fa/av (AFP, DPA, Reuters)